(sem título)

born to be wild

a minha casa está o próprio lar dos furões. eles dominaram a casa, os quartos, o banheiro e a minha vida. ontem, um deles dormia na minha cama enquanto eu lia, e a outra se esfregava no tapete novo (feito pelas mãos da minha mami querida). a didi corria pela casa fazendo “qui-qui-qui” tentando chamar minha atenção, mas percebendo que eu me fingia de surda, mordeu meu calcanhar. gritei algumas vezes com a sopa ainda na boca, e enquanto dava uma bronca nela com cara muito séria, recebia mordida de outro furão enlouquecido que me pegou desprevenida. não consigo mais comer nem molhar plantas, eles querem minha atenção o tempo todo. eu explico que estou atrasada e “mamãe tem que trabalhar” ou dormir, o que seja, e não adianta. eles me amam e não posso sentar nem deitar nem tomar banho e nem comer. ler, nem pensar: eles sobem na minha cabeça e querem porque querem que eu pare tudo pra brincar com eles. me perseguem e me exigem, fazem xixi na porta do quarto quando eu fecho e guardam meus sapatos nas gavetas (as de roupa, é claro). bichos de pelúcia são levados e trazidos constantemente, parece até pagamento de promessa. a chave da casa foi devidamente roubada da minha bolsa e eu não encontro nunca mais. às vezes escuto o tilintar das chaves, nas horas mais improváveis. devem estar no esconderijo secreto dos furões. todos os sacos plásticos de supermercado que eu guardei juntinhos estão espalhados pela área de serviço como se um furacão tivesse passado por ali. vejo uma didi de pé, tentando alcançar os panos de chão do varal e dou graças a deus que eles não sabem saltar. a natureza é sábia, eles não sobreviveriam uma geração se soubessem subir em lugares altos e perigosos.

parece um inferno, não? pois eu adoro. eu quero mais dois furões, aceito doações 🙂

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