5 sentidos

eu vi um comentário a um post meu que fez cair uma fichinha: as pessoas não sentem (percepção sensorial) como eu! parece óbvio, mas não é — fiz uma regressão sobre minha experiência com drogas pra tentar entender melhor essas diferenças.

usei minha primeira droga com 30 anos: foi ácido, na minha festa de aniversário. digamos que foi esclarecedor, mas nem um pouco divertido e não pretendo repetir. as alucinações são bem reais — um pouco demais até — e não têm botão de “off”. fisicamente eu senti muita vontade de fazer xixi, e só. o resto foi puramente mental e me cansou, depois de 3 ou 4 horas.

pouco tempo depois, experimentei ecstasy e a única coisa que senti foi falta de sono: fiquei mais ligada do que o normal (talvez o que outras pessoas sentem quando tomam café ou guaraná, sei lá). experimentei mais umas 2 vezes pra ver se mudava, mas era isso mesmo, eu só ficava mais acordada.

nunca tinha experimentado maconha, simplesmente porque abomino cigarros e fumaças de forma geral. fui apresentada então à versão brigadeiro da maconha e achei o efeito um horror: parecia disco em rotação triplicada, eu não conseguia decodificar tanta coisa! não conseguia curtir o excesso de informação, parecia uma montanha-russa de pensamentos, nem percebi sensações diferentes de tão incomodada que fiquei.

dessas minhas parcas experiências, concluí o seguinte:

1) não gosto de perder o controle, principalmente das minhas capacidades intelectuais. se o negócio mexe com meu raciocínio ou percepção da realidade eu resisto e luto contra.

2) sou diferente da maioria das pessoas que conheço, no que diz respeito a alguns sentidos, especialmente tato, paladar e audição (incluindo as misturas entre as três). sou normalmente sensível a qualquer estímulo e literalmente viajo nas sensações, sabores, sons. isso é meu dia-a-dia, e quando ouço descrições sobre os efeitos de ecstasy e maconha nas pessoas eu penso “pô, mas isso eu sinto todo dia…” e é isso mesmo. então, pra quê usar a droga? um desperdício de neurônio e dinheiro.

e tem o álcool. quando bebo, eu fico morta de sono e passo mal, fico com enjôo, muito antes de chegar ao estado de bebedeira. ficar bêbado é uma coisa tão incômoda que eu não consigo entender como tem gente que topa isso com freqüência. pra mim, não tem benefício nenhum, então eu bebo somente pelo sabor da bebida. são poucas bebidas alcoólicas que me encantam, e basta uma pequena quantidade para satisfazer meu desejo pelo sabor.

provavelmente eu estou para os usuários de drogas (lícitas e ilícitas) como os vegetarianos estão para os onívoros. paciência, amigos, “eu nasci assim, eu cresci assim…” e etc. como não acredito em drogas como “caminho para iluminação”, que isso é muito cafona, gasto minha cota com chocolate, que me dá um efeito legalzão 🙂

0 comments to “5 sentidos”
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  1. Acho que sei mais ou menos o que tu tá falando, amore — não sei se esse lance sensorial tá ligado com tua Vênus em Touro (é isso, né?), mas enfim. E eu compartilho da tua aversão dita lá em 1). Talvez por isso eu nunca tenha experimentado nada mais punk do que álcool, e mesmo assim, porres homéricos não me seduzem, embora já tenham ocorrido: gosto de gostar do que estou bebendo.

    Mas você é muuuuuito mais sensível a substâncias em geral do que eu. Não conheço outra pessoa que tenha barato comendo chocolate (“chocolaaaaaate…”). 😉

  2. É essa sensibilidade tua que eu invéééjo com todas as minhas forças! Eu sou ariana(já entrando em discução pela Vênus em Touro!), sou bruta por natureza, totalmente masculina em todos os sentidos.

    Você sofre mais em alguns momentos, mas goza mais 😛 Goza de todos os pedacinhos da vida, não deixa passar, isso é bom!

  3. Oi,

    Me identifico totalmente com o que você falou. Não consigo beber até ficar de porre, não vejo graça em cheirar, fumar… E também tenho lances sensoriais (embora seja de Virgem), memórias olfativas de tempos que nem sempro consigo me lembrar direito.

    Desculpe ir entrando assim. Conheci o seu site através da Pipa e pela-mor-de-deus não sou nenhuma “alpinista bloguética” (foi nesse texto que eu caí), aliás, não fazia idéia que isso existia!! O único blog que eu leio com alguma frequência é o da Pipa, que eu achei porque estava procurando sites sobre o Changing Rooms e às vezes clico nos links dela.

    Até mais,

    Krys.

  4. liu, eu acho mesmo que estou entre as mais sensíveis criaturas desta terra, mas nunca tinha pensado como isso podia influenciar o gozar (de todo tipo). deve ter influência sim, e como você disse, tem também seus pontos fracos… mas tudo bem, né? vou tentando maximizar a parte boa *hehehehehehe*

  5. Engraçado eu tb tive sensações semelhantes: a maconha me deixou muito “devagar’ e eu sou uma pessoa ligada no 220… Ficar ligada é o meu natural, e justamente o fato de ficar muito relaxadinha é que me irritava… Eu costumo dizer que viajo bem melhor caretona, aliás este é um ponto forte na minha personalidade( todos me consideram uma viajandona), prá sair do chão basta só um piscar de olhos! Sou super sensivel ao mundo que me rodeia, sinto aromas, sons , vibrações e cores que outras pessoas não percebem… Então prá que me drogar??? Sou muito melhor como eu mesma: maluca naturalmente! Já o alcool,só se for destilado que não me faz mal… eu gosto de tomar socialmente pq relaxo sem perder o controle, a consciência, entende?

  6. “sou diferente da maioria das pessoas que conheço, no que diz respeito a alguns sentidos, especialmente tato, paladar e audição (incluindo as misturas entre as três). sou normalmente sensível a qualquer estímulo e literalmente viajo nas sensações, sabores, sons. isso é meu dia-a-dia, e quando ouço descrições sobre os efeitos de ecstasy e maconha nas pessoas eu penso “pô, mas isso eu sinto todo dia…” e é isso mesmo. então, pra quê usar a droga? um desperdício de neurônio e dinheiro.”

    caramba, Zel!

    você descreveu exatamente o que eu penso e digo toda vez que alguém me fala sobre os efeitos do ecstasy… :^)

    beijo e abraço apertado em você e no Fer,

    Lu

    p.s.: quanto aos sentidos, no meu caso seriam: tato, olfato e paladar.

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