sobre a assertividade e outras coisinhas

pois eu descobri essa palavrinha há poucos anos, sequer sabia que era isso aí, “assertiva”. descobri que sou, sim, mas não em todos os casos. basta ter emoção ou afeto envolvidos que toda a minha assertividade e objetividade se vão pela janela.

aprendi que ser assertivo não é ser agressivo ou não compreender os outros; se você simplesmente ignora os sentimentos alheios e diz o que pensa sem medir conseqüências, você não é assertivo, é insensível 🙂 e o inverso também não funciona: não dizer o que pensa porque, ó, os outros vão se magoar. não é fácil encontrar esse balanço, mas acho possível. aqui vai minha historinha pra ilustrar:

no ambiente de trabalho, sempre me atenho aos FATOS. não faço juízo de valor e nem dou opinião sobre as ações alheias (embora eu as tenha…), simplesmente porque isso não faz parte da minha atribuição profissional — eu não sou psicóloga e nem avaliadora de pessoas. eu falo, objetivamente, sobre fatos, acontecimentos, objetivos a atingir e ações (ou a falta delas). dizer a alguém que uma atividade planejada não foi executada ou não está adequada não envolve (ou não devia envolver) um julgamento dos valores ou da personalidade do outro. e se o outro não consegue separar o que é profissional do que é pessoal, pobre dele — melhor aprender.

percebam a diferença: há profissionais que criticam a personalidade ou valores e crenças dos seus pares no trabalho. isso É pessoal, por mais que se fale com objetividade. afinal, quem pediu sua opinião pessoal, mesmo? dentro do ambiente de trabalho, procuro criticar/elogiar/comentar/cobrar o que diz respeito àquele ambiente, e ponto. se a fulana precisa estar aqui no trabalho às 9 e chega às 10, isso deve ser lembrado a ela, de forma direta, sem insinuações ou fofocas: “eu preciso de você aqui às 9, conforme combinado. por favor, procure não se atrasar”. ponto.

já na vida pessoal, a história é outra, porque as emoções estão misturadas aos fatos. aliás, com emoção no meio, os fatos ficam nebulosos, é difícil colocar as coisas preto-no-branco. especificamente pra mim, o problema é o medo da rejeição: sempre evitei bater de frente por medo de ser abandonada, por medo das pessoas não gostarem mais de mim caso soubessem o que eu REALMENTE penso a respeito delas e de suas ações 🙂

por exemplo: eu não gosto que mexam nas minhas coisas sem minha presença ou autorização. adoro emprestar, mostrar, mas quando EU tomo a iniciativa. fico incomodada com as pequenas invasões, mas nunca tenho coragem de dizer simplesmente “olha, eu não gosto que mexam nas minhas coisas, ok?”, porque sempre tem aquele idiota que vai te chamar de chata, ao invés de perceber que ELE está invadindo o espaço alheio. eu tinha medo de ser a “chata”, eu queria ser a “legal”, sempre.

hoje, sei que posso levar um pouco da minha emoção pro lado profissional, percebendo que por mais que estejamos no ambiente de trabalho, também somos pessoas que têm problemas e sentem. aprendi também que se aquela minha “amiga” me acha chata porque eu não quero aturá-la bêbada, o problema é dela. eu tenho obrigação para comigo mesma de cuidar dos MEUS quereres. se eu não o fizer, quem fará?

e foi assim que minha vida mudou: tenho procurado me tornar uma profissional mais humana e me livrado, aos poucos, dos amigos ou companhias que só são amigos quando a gente diz SIM o tempo todo.

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  1. Eu recentemente tive problemas dessa ordem devido a “excesso de sinceridade”, em outro blog. E, quanto a sua visão do ambiente de trabalho, eu apenas gostaria que meu chefe fosse profissional assim. Acho que ele nem sabe o significado dessa palavra.

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