pois compramos outro dia a revista “vida simples”, cuja matéria de capa era ser ou não ser vegetariano.
pontos positivos: a revista é bem feitinha, corretamente escrita e tem imagens muito boas. tem também uma das melhores dicas dos últimos tempos, a origem (loja de jogos), que é genial. e acaba por aqui.
esta revista é mais ou menos como os amantes da vila madalena: ricos que acham bonito ser pobre. se vestem com roupas de grife que imitam a poveza — batinhas (de linho), calças de algodão (egípcio), sapatos de couro (italiano) e sempre vão com seus carros, é claro, afinal o sistema de transporte público é um hor-ror.
eu acho todos eles patéticos, comendo suas comidas orgânicas ou “tradicionais” (porque agora tem isso, também: é moda comer comida de pobre, tipo croquete, torresmo e mandioca frita) pagando preço de ouro e ouvindo um sambinha antigo ou pagode “social”, porque esse pode. se for o caetano cantando, então, pode qualquer coisa.
voltando à revista: ela é caríssima e não tem basicamente nada que dê dicas de vida simples. o que se encontra lá é a disseminação de ideologias budistas, zen ou qualquer dessas coisas tão em moda ultimamente (ou será que só essas linhas religiosas proporcionam vida simples?). um exemplo: na matéria sobre gravidez, o autor do artigo recomenda para os futuros papais que leiam o dalai lama quando estiverem sentindo que as coisas estão difíceis, que a futura mamãe está estressada ou whatever. hein?!
pensei que encontraria matérias sobre como ter uma vida simples no dia a dia, como cozinhar coisas baratas e ecologicamente viáveis, matérias sobre reciclagem, barganhas, comunidades, sei lá. qualquer coisa que não esta apologia descarada a uma filosofia de vida ou ideologia de quinta. é mais ou menos como comprar uma revista sobre relacionamento e encontrar conselhos de padres, rabinos, pastores. se eu quisesse saber o que uma determinada religião prega eu procurava a religião, caramba.
a matéria sobre vegetarianismo é ridícula — só falta mencionar karma (embora tenha mencionado de forma indireta). o capítulo de “deve ter sido alguma coisa que eu comi” foi muito mais esclarecedor e, confesso, mais divertido. essa desculpa besta de que animais têm alma e blá blá blá pra não comer carne é um absurdo. daqui a pouco vão querer converter leões pra que não comam mais as zebras, pra ajudar o karma do animal.
bem, as demais matérias são pra ler em consultório, ou seja, nada que você pense “oba, vou comprar a próxima edição!”.
em uma palavra, decepcionante.