o final feliz

nesses 5 anos de rotina de blog (sim, senhores, já-lá-se-vão cinco anos desde o primeiro post da minha vida!) já falei de tudo, acho. esgotei todos os assuntos, dei opinião sobre absolutamente qualquer coisa, preferencialmente aquelas das quais nada entendo. se vocês não acostumaram ainda, acostumem-se: eu sou assim! ter opinião (ou formá-la ali, naquele instante) faz parte do meu serzinho.

imagino que tenha falado em algum momento sobre o dilema ser solteira x ser casada, ter filhos x não tê-los, mas hoje deu vontade de falar de novo, porque casar ou não casar é o tema da TPM do mês. não a minha TPM (que anda de férias), a revista (que eu acabo comprando na padaria, quando vou almoçar).

li várias moças discorrendo sobre o assunto, uma das matérias até mete o pau no fim de sex and the city (o que é aquele mr big? eu nem via o seriado, mas ele é MUITO cafona!) e eu fiquei com vontade de dar meu pitaco aqui em casa.

eu não sei namorar e nem ficar, minha gente, eu sou uma mulher que CASA. é verdade que meu último casamento (não esse aqui) durou 3 meses, mas casei, sim. aliás, este casamento-relâmpago me fez perceber que casar não é só juntar ou assinar papel ou coisa parecida, tem que haver um acordo de companheirismo, seja ele qual for. companheirismo não significa necessariamente casalsinho-padrão, fidelidade, macarrão no domingo e acompanhar pro shopping ou pro futebol. companheirismo é estar com o outro mesmo quando não se está, se é que me entendem.

mas eu desviei do assunto: a questão na TPM é “por que precisamos desesperadamente casar?” e eu tenho uma resposta bem simples — porque casar é LEGAL! casar (naquele sentido que eu expliquei ali em cima) é divertido, quentinho, gostoso, engraçado e dá uma sensação enorme de proteção e segurança. estar solteiro também é legal, mas vamos ser sinceros: não dá essa sensação de segurança, de ser acolhido. e talvez seja um fato: nós, mulheres, somos geneticamente programadas para procurar PROTEÇÃO e somos mais felizes quando nos sentimos protegidas.

quanto mais penso mais acho que o casamento simplesmente saiu de moda, temos preconceito contra ele (eu mesma tinha aversão a ele). parece que se criou o mito de que só pode existir um modelo de casamento, como se fosse uma instituição rígida e não um acordo entre partes. será que não estamos criticando a coisa errada? o problema não é casar ou querer casar, o problema é o quanto deixamos de lado os nossos desejos reais, nossas vontades, para que o casamento-instituição-padrão aconteça, quando abrimos mão dos valores ou desejos que nos são mais caros para atingir o casamento como fim.

casamento não devia ser contrato, devia ser simplesmente uma promessa de ser feliz em conjunto, sejam quais forem as regras ou a falta delas. casamento devia ser tão diverso quanto as partes que estão se juntando, devia ser único, íntimo, sem formato pré-definido.

a matéria da TPM relaciona bastante o casamento à procriação — e há uma relação muito forte entre as duas coisas, eu corcordo — mas faltou levantar outra lebre: procriação sem casamento.

não sou adepta da “produção independente” no sentido de ter o pai da cria como doador de esperma e só. eu realmente acredito no papel da mãe e do pai como essenciais para criar filhos, com ou sem casamento no modelão tradicional. não vejo problema em ter um acordo com o pai da criança para que ele seja somente pai e não marido. mas ele precisa SIM ser companheiro nessa jornada pro resto da vida que é ter um filho. privar deliberadamente uma criança do seu pai (ou mãe), sua outra metade, é no mínimo egoísta. claro que não é impossível criar um filho sem pai ou mesmo sem mãe, mas convenhamos: isso devia ser exceção, não regra.

ninguém tocou nesse assunto ainda, mas se o casamento era antes o grande final feliz para muitas mulheres, hoje essa saída cor-de-rosa é a maternidade. não consigo achar sentido para minha vida? não achei meu príncipe encantado e vou ficar pra titia? fácil: vou virar MAMÃE e *plim* cria-se um novo final feliz pra esse conto de fadas frustrado. o lugar do príncipe é substituído lindamente pelo bebê e por todo o fetiche em torno de ser mãe.

acredito firmemente — cada vez mais — que não é possível ser feliz através de outros (filho, marido, amigo), temos que ser felizes por nós mesmos. os outros todos são complementos — bem-vindos, mas ainda assim, complementos.

tenho pena de quem procura no outro um motivo pra ser feliz. pra esses, o final não vai ser feliz nunca, simplesmente porque em todos os fins da nossa vida só existe uma pessoa nos esperando: nós mesmos.

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  1. Entrei em seu blog por acaso, dei uma busca por comprar casa, porque estou tendo esta idéia e achei tão sensível e verdadeiro o que vc escreveu sobre casar, filhos, sou casada a 2 anose pouco e tenho um filhinho de 11 meses, um gde abraço!

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