todo mundo tem coisas pra reclamar todo ano, vá. eu não sou diferente, mas pensando muito muito, a única coisa que foi ruim este ano foi a morte do pixel. ainda assim, tenho absoluta certeza que a vidinha dele (e também a morte) cumpriram seu papel maior. eu não sei qual é esse papel, e não me importa saber; sei que me tornei alguém muito melhor graças a ele, e sua morte despertou em mim algo que eu procurava — em vão, pois sempre procurei com a cabeça e não com o coração — e não encontrei senão na noite em que ele se foi: a fé.
este ano eu saí de um emprego ótimo numa gigantesca multinacional, ocupando um cargo de gerência e ganhando relativamente bem. saí sem saber o que fazer direito — eu só sabia que ali não era o meu lugar. eu sentia um grande incômodo com o papel que este tipo de empresa faz no grande esquema das coisas — poluição, capitalismo mais que selvagem, competição agressiva. tudo aquilo que eu um dia na vida achei normal e que, de repente, se tornou inaceitável. quanto mais a mulher dentro de mim vem à tona, mais eu me incomodo com o mundo tão masculinizado das grandes corporações e das políticas empresariais. disse um “não, muito obrigada” à oferta do mercado e fui procurar minha turma.
achei. não digo que é um mar de rosas, pois nunca é, mas posso afirmar que nunca estive tão feliz com um trabalho em toda minha vida. eu posso estudar, ler, usar meu tempo como eu achar melhor, tenho desafios e problemas pra resolver. é tudo o que eu sempre desejei e não sabia.
novas criaturinhas furões apareceram na minha vida e eles são sempre milagrinhos. não canso de observá-los e amá-los em (quase) silêncio.
minha família está mais próxima que nunca, somos mais família hoje do que quando morávamos todos na mesma casa. a maturidade nos fez bem a todos, acho que aprendemos a conviver e a amar melhor.
meu casamento se consolidou, depois de 2 anos e meio (o recorde de casamentos formais e informais de ambas as partes:)) e parece que nos apaixonamos ontem. o convívio é cada vez melhor, as brigas cada vez mais curtas e esparsas. novamente, acho que aprendemos mais um pouco sobre respeito, compaixão, amor e rotina. ela, a rotina, nos mostra claramente o que em nós é pior e melhor, mas cabe a nós tomar a iniciativa de mudar, querer ser alguém cada vez melhor. temos nos empenhado e, não tenho dúvidas, somos melhores que há 1 ano.
ganhamos muito dinheiro e gastamos absolutamente tudo. me arrependo de alguns descontroles, mas sei que mais dinheiro virá, como sempre vem. essa é a vantagem de não viver pra ganhar dinheiro: não nos tornamos tão dependentes dele. ganhar dinheiro (eu acredito nisso com muita fé) é conseqüência de realizações. não importa se é muito ou pouco, a gente se vira sempre com o que tem. dinheiro foi e sempre será pra mim um meio e não um fim.
mas esse é um ano especialmente memorável porque foi ao finalzinho dele, quando já achávamos que não ia acontecer mais, que finalmente conseguimos comprar nosso primeiro (e único) apartamento. compramos exatamente o que queríamos, escolhemos e batalhamos. foram 6 meses de espera, negociação, preocupação, mas hoje estamos no meio de uma reforma infernal que vai nos levar, no início de 2006, a morar na nossa casa, com a nossa cara. é muito dinheiro investido, é muito suor, preocupação e trabalho, mas olha: vale a pena.
sei que há muitos que não se importam em ter sua própria casa (e eu achava que era assim também), mas para pessoas como nós, que só se sentem realmente completos e felizes quando estão na sua casa, comprar uma casa é um sentimento muito reconfortante. não estou falando de possuir um imóvel e não morar de aluguel — isso é racionalização pura. falo de ter sua toca, seu lugar onde se esconder, onde lamber suas feridas e dormir sua noite de sono em segurança. venho me tornando, nos últimos anos, uma criatura de toca. gosto de sair para a rua, viajar, mas voltar é, sem dúvida, a melhor parte da viagem.
em resumo: 2005 vai embora, e é sempre bom que as coisas acabem. adoro inícios, talvez por isso goste também tanto de finais, sejam felizes ou não.
e pra quem é de mensagens de fim de ano, aqui vai a minha, ou melhor a dele:
Act as if what you do makes a difference. It does.
william james (1842-1910)
Que 2006 seja um ano cheio de boas histórias pra contar.
São os desejos de uma amiga blogueira.
BEIJOS…
Zel, eu tô sempre aqui, no seu cantinho… Mas sempre quietinha. Uma das minhas resoluções de ano novo é comentar mais e, se possível, conhecer pessoalmente pessoas especiais como vc.
A segunda data que mais amo é o ano novo (depois do meu aniversário, lógico). Amo esse “cheirinho de coisa nova”, esse recomeço, essa renovação de ânimo e expectativas… Meu 2005 não foi muito bom, mas estou com uma fé enorme de que tudo vai mudar COMPLETAMENTE (e pra melhor, lógico!!!!)
Desejo tudo de bom pra ti neste novo ano… Que sua casinha fique linda (quero ver as fotos!!!) e seus dias sejam eternas primaveras…
Gosto demais de ti!
beijo grande!
Su
Feliz 2006, Zel. 🙂
Zel, que coisa mais linda, fiquei emocionada nessa segunda chuvosa ressaca. 🙂
Zel,
Sempre venho por aqui por lhe achar bonita e inteligente. Em geral não sou de comentar. Sou de rir e de gostar de pessoas felizes. E sua retrospectiva/depoimento me tocou pela sinceridade e beleza. Um toque só: seja mais disciplinada com despesas. Como economista ( e bem mais velho) sei o que é sofrer com desequílibrio e, principalmente quando, como agora, está raelizando um sonho se fica meio displicente e se gasta o que faz falta depois. Vício de profissão. Um ano maravilhoso para você e os seus. Que a nova casa só faça melhorar seu astral e viva a vida! Silvio
Zel, sempre venho aqui. Linkei vc no meu site, estou passando por uma fase de demissões na empresa que trabalho, não sei o meu destino. Mas se for o da estrada eu espero me encontrar como vc.Hoje vão divulgar os demitidos… Depois te falo!
Zel, que bom ler este (e outros) relatos felizes de 2005! Eu tive um ano péssimo, e estou adorando encontrar outras possibilidades por aí. Que 2006 seja bacana pra todos nós. Bjs