diga-me pra quem torces…

eu não gosto de BBB e não assisto nem morta, especialmente porque tenho vergonha daquelas pessoas completamente sem noção — o critério de seleção deve incluir alguma coisa sobre ser sem noção, só pode ser — mas assisto outras coisas que acho que são consideradas “reality shows” também: project runaway e america’s next top model. o primeiro eu assisto porque adoro ver as idéias de roupas dos estilistas e o segundo pra ver as sessões de fotos das meninas (é muito legal ver o resultado).

mas eu queria falar sobre como é interessante observar com quem as pessoas que asssitem se identificam. lembrei do ditado “diga-me com quem andas e te direi quem és”, que aplicado a esse contexto explica muito bem onde quero chegar: todo mundo tem seus preferidos nestes “reality shows”, e estas preferências acabam revelando muito de nós mesmos. assistindo america’s next top model eu percebi claramente que jamais poderia torcer por uma das 3 últimas, a keenyah. ela é uma moça belíssima, inteligente e competitiva a ponto de passar por cima das outras pra conseguir o que quer. ela moça atropelou as demais, foi falsa, cínica e continuou lá, firme e forte (pelo jeito, caráter é uma coisa pouco importante no mundo da moda, sei lá). o que eu sei é que pessoas que torcem pela keenyah, por exemplo, acabam deixando bem claros seus valores, querendo ou não. é mais ou menos o que eu disse algumas vezes sobre plebiscito de comercialização de armas: mais do que uma escolha com alguns critérios racionais, há sim uma manifestação de valores nas escolhas que fazemos e nas pessoas com as quais nos identificamos (na TV, em personagens de livros, gibis, etc.)

é claro que quem assiste esse tipo de programa (incluindo a mim) quer sempre dar uma desculpa engraçadinha (“ha ha ha, é tãaaao divertido!”) ou racional (leia a minha ali em cima no início) para se vidrar tanto no zoo televisivo. certo ou errado, gosto de pensar sempre nos meus motivos, no que está por trás de tudo (toc- toc! :)), e concluí que o que me faz gostar deles é um desejo enorme de me identificar. a adolescência e suas crises ficaram pra trás, mas o desejo de ser aceita ou de “encontrar minha turma”, não.

enfim, fiquei feliz porque foi a naima que venceu (sempre foi minha favorita): ela é linda, diferente, doce e guerreira ao mesmo tempo. sem comparações quanto à beleza (motivos óbvios), me identifiquei com a dificuldade dela em lidar com a própria raiva, se expor à aprovação ou reprovação alheia e principalmente balancear a doçura e a firmeza.

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e fãs do BBB, desculpem, mas… aquilo é um lixo se comparado a project runaway ou america’s next top model! o programa é baixo nível (nas piadas, nas roupas, na apelação) e, pra mim, sem a menor graça. eu diria que é um resumão do que há de pior no brasil, do sul ao norte: pagode, funk, bundas, analfabetismo, machismo enrustido (de homens e mulheres), lei de gérson, etc. mas enfim, vai ver a analogia que eu fiz com o zoo ali em cima seja mais verdade do que eu imaginava quando escrevi: quando a gente vai visitar o zoológico tem sempre os que gostam de ver chimpanzé jogando cocô nas pessoas, tem os que vão ver as ariranhas nadar e arreganhar os dentes, tem os que vão ver os pássaros escondidos nas folhagens, entre muitas outras opções.

fico me perguntando, às vezes, se o problema é o zoo existir ou o fato de nos divertirmos tanto com ele. ou nenhuma das duas coisas, como diria caê 😀