das vantagens e desvantagens

uma das coisas boas de escrever “colunas” num blog — mais dando opiniões que contando fatos — é que as pessoas comentam e dizem um pouco do que sentem a respeito do mesmo assunto. nem sempre as opiniões são iguais às minhas (nem precisam ser), mas os questionamentos são equivalentes, e isso é muito prazeroso. não importa se você concorda ou discorda ou concorda mais ou menos: gostoso é ver que há quem se preocupe ou se incomode com as mesmas coisas. egoistamente falando, dá uma sensação boa de não estar só.

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as desvantagens da mesma coisa são os malucos que, por não concordarem com sua opinião, te xingam. graças a deus há tempos não aparecem por aqui, mas já fui vítima de muitos. sabe aquele tipo de pessoa que, sem condições mentais de dar opinião, diz que você é gorda, chata, ou que tá na TPM e por isso tá “louca”? respostas patéticas mas que tem gente que não tem vergonha de dar, por incrível que pareça.

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teve uma época que eu escrevia as coisas mais absurdas nesse espaço, contando detalhes da minha vida que ninguém precisava ler (nem eu mesma, pensando bem), e essa foi a época de maior assédio dos malucos. hoje me parece natural que quanto mais eu dava a cara pra bater mais as pessoas batiam, mas ainda assim há que se esperar um grau mínimo de sanidade mesmo desse tipo de gente, e, nossa, é assustador: eu recebia ameaças contra minha integridade física, falavam coisas horríveis sobre a morte do pastel, na época (de uma crueldade que até hoje não entendi). como podem simples palavras num blog causar tamanho surto — não em uma mas em várias pessoas? é assustador.

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guardadas as devidas proporções, os comentários ou livros de visita são mais ou menos como a seção de cartas das revistas e jornais: aparecem pessoas querendo se expressar sobre os assuntos tratados (o que me parece normal, uma busca pelo diálogo), pessoas que vivem em constante monólogo (não importa o que as demais falam — ela só sabe falar dela mesma) e as pessoas com problema de auto-imagem, que se sentem pessoalmente agredidas por opiniões alheias (mesmo que seja num jornal como a folha de SP) e procuram desqualificar o emissor de opinião pra ver se ameniza um pouco o incômodo que a opinião causou. essa última categoria de pessoas parece ser só um pé no saco, mas é um perigo: são aqueles que causam discórdias inúteis, alimentam fofocas e boatos, só querem destruir, não contribuem com nada. com esses, só a indiferença funciona. por mais que a gente sinta a tentação de discutir, o melhor a fazer é rasgar as cartas, apagar os comentários, não ler o blog, etc. isso eu também aprendi com o tempo e com o custo dos meus pobres neurônios.

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aliás, esses dias eu pensava na fofoca. o que é fofoca? (vou pegar o houaiss, esperem)

fofoca s.f.

1. ato ou efeito de fofocar

2. dito maldoso; mexerico; disse-me-disse

3. afirmação não baseada em fatos concretos; especulação

4. aquilo que é comentado em segredo sobre outrem

já fiz, faço e continuarei fazendo fofoca, não adianta fingir que não. mas tem um aspecto da fofoca que eu acho pernicioso e que me faz, imediatamente, desgostar de quem pratica: fofocar sobre pessoas que não são comuns a ambas as partes e fazer fofoca com quem mal conhece. eu dou exemplo: se você não me conhece bem e vem fazer fofoca pra mim sobre qualquer pessoa que seja, já foi pra lista negra. se você vem fazer fofoca pra mim de gente que eu não conheço, também vai pra lista negra. afinal, sigam meu raciocínio: se veio falar pra mim de alguém que eu não conheço direito, já vai potencialmente influenciar minha opinião sobre essa pessoa (o que é provavelmente a intenção de quem fofoca). se vem falar mal dos outros pra mim, que mal conhece, é ÓBVIO que fala mal de mim pros outros também, caramba! deus me livre, gente assim eu quero distância.

por outro lado, não me importo com fofoca “em casa”, entre pessoas que se conhecem e que saberão obviamente filtrar as pequenas maldades de ambas as partes. podendo evitar fofoca é sempre melhor, eu acho, mas somos afinal humanos e, exatamente por isso, maldosos por natureza 🙂 ao invés de brigar contra a natureza, prefiro reduzir o risco de mal-entendido só fofocando com quem confio.

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enfim, tudo isso pra dizer: pessoas do bem, continuem comentando, pensando junto, me ajudando a pensar mais. fico feliz em perceber que escrever aqui deixou de ser uma egotrip pura. o que vocês dizem FAZ diferença 🙂

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  1. pois é, os loucos…

    primeiro acho que blog é sim uma egotrip, o que cada um faz com a sua egotrip é que faz diferença, não é?

    agora que eu queria esse conselho sobre ignorar os loucos bem no comecinho eu queria. Antes dos loucos conseguirem me tirar do sério. E incrível como depois que eu resolvi ignorar solenemente (rasgar as cartas, deletar os comentários) parece que eles foram murchando. hoje eu nem noto mais. Que danada vc, menina

  2. Zel, te leio há anos e o que tu escreves está cada vez mais gostoso de ler. Teu texto é inteligente, é sincero [tô errado?], tem humor e não dá voltas [não muitas].

    No meu caso gosto especialmente das reflexões a respeito de coisas que te aconteceram quando vc tinha a minha idade. Adoro! Essa coisa de auto-exposição e suas consequências principalmente. Lendo tuas reflexões observo meu comportamento, melhoro, evoluo, amadureço um pouco mais cedo [ou tento, pelo menos]. Além disso, acho interessantíssimo essa sua mania de se classificar [os testes que tu vives postando] e também de categorizar as coisas: tipos de pessoas, tipos de problemas, tipos de leitores, tipos de comentadores, tipos de patrão, tipos de mulheres, tipos de homens, tipos de VCA, tipos de cocô do cavalo do bandido, e outros; tudo sempre devidamente explicado e justificado.

    Por isso tudo, saiba que não tem nada de egoísta a sensação boa de não estar só, porque ela é recíproca. Muito.

  3. guga, você me sacou! eu sou A MULHER DAS CATEGORIAS! amo separar as coisas e pessoas por tipos, justificar, pensar sobre isso, mudar de idéia depois, reclassificar tudo… *hehehehe* fico contente que tenha mais gente que se divirta com isso 😀

  4. rosa, funciona, né? a cora (ronai) vivia me dizendo mas eu não ouvia: não amplifique a voz dos imbecis. é isso: deixe os imbecis morrerem à mingua. sem atenção eles são só isso: imbecis. quando a gente dá bola, automaticamente valoriza o que não tem valor, entendeu?

    eu demorei, mas entendi 😀

  5. Ai que inveja branca, ainda tô na fase da egotrip, mas dar opinião é comigo mesmo!

    Sei lá, pelo fato de ler a Paula (Epiniem) e de ter vindo parar aqui porque ela te lê, sei que (ou imagino muito) você é legal.

    Tenho essa tendência em achar que o mundo é legal, até levar umas porradas pra acordar direito.

    Beijos.

  6. Zel,

    Vc anda inspiradíssima em seus posts recentes.

    Tem sido um prazer vir aqui.

    No meu blog, eu sempre fui mais da reflexão e da opinião, mas acho que há blogs-relatos-confessionários interessantes e/ou divertidos. Tudo depende de vários fatores. Sabe como ´´e, tudo é tudo e nada é nada…

    ;-D

    beijo,

    Renata.

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