não sei se é o efeito cíclico de sempre ou só as constatações periódicas, mas eu ando meio revoltadinha esses dias. sabe quando você olha ao redor e percebe que a taxa de imbecilidade dos seus “pares” é altíssima, mesmo para uma pessoa como eu, que faz parte da categoria chamada de “elite” desse país?
eu fico, na minha cabeça, lembrando das pessoas ao redor, principalmente do ambiente de trabalho e da pós-graduação, e, gente, é foda. dá desgosto. eu vejo o pessoal de 20 anos completamente retardado, mal sabem ler e escrever, só pensam na “balada” e em axé (pode substituir por pagode, forró, rodeio), não conseguem estabelecer uma conversação em nível minimamente aceitável. lembro quando eu tinha 20 anos — eu já era inteligente, pelo amor de deus! e conhecia gente que era inteligente, culta (pra essa idade da vida), legal. cadê os jovens legais? eles existem ou foram extintos?
e o mesmo se aplica ao pessoal de 20 e poucos (ou muitos): tá lotado de gente de 20 a 28 anos que se comporta como se ainda tivesse 16. tenho a impressão que o complexo de peter pan é um vírus e que tá todo mundo contaminado — bando de marmanjo e marmanja se vestindo e falando e se comportando como adolescentes, com tudo que essa fase tem de pior. já repararam no monte de gente de mais de 20 anos morando com os pais e achando isso bonito? são “adultos”, super-independentes (hum-hum) mas que moram na casa de mamãe e papai. vocês aí que são assim que me perdoem, mas quem ainda não saiu da casa da mamãe é adolescente, sim. ninguém é adulto sem ter sua própria casa, pagar suas contas e cuidar da vida. e os comportamentos de 16 anos, tipo sair pra “balada” pra “beijar MOITO”? peralá, gente, isso é coisa de quem ainda tá percebendo sua sexualidade. já não tá na hora do povo dessa faixa etária ser um tiquinho mais seletivo?
well, talvez seja eu é que esteja me descobrindo conservadora com a idade, mas acho que não é questão de ser conservador ou liberal, é só um incômodo com a ausência do amadurecimento. o que a gente chama de maturidade, será que não chega mais pra ninguém? vamos viver num mundo de adolescentes de todas as idades? me tira o tubo, por favor!
e nós que estamos na faixa dos 30? não estamos fora desse esquema, não, pois eu tenho visto basicamente 2 extremos: os que continuam adolescentes também e os que entregaram pra deus e se comportam como se tivessem 50. parece que não há vida entre os 30 e os 50, é maluco! conversando com o fer sobre isso é que surgiu a história dos estatisticamente deslocados. eu me sinto deslocada: não tenho mais saco pra esses papinhos de 16 anos de “vou beijar MOITO e vou pra balada” e nem tou na fase do “cuidar dos filhos e comprar casa na praia”. eu sou adulta, caramba, tenho responsabilidades, contas pra pagar, minha carreira pra construir e manter, etc. ao mesmo tempo, quero viajar, me divertir, conhecer pessoas novas que estejam mais ou menos na mesma sintonia que eu. ei, cadê essas pessoas?!
às vezes me reconheço no extremo-adolescente (e odeio): compro bolsa da hello kit, jesus, tem cabimento? tem gente que acha isso moderno, já eu acho é que isso é puro trauma de infância, de querer tanto essas coisas e não ter tido grana pra comprar. muito bem, eu agora tenho grana e compro, fico feliz, mas já me toquei: não dá pra ir trabalhar com a bolsa da hello kit, né? quer dizer: dá, mas é assinar o atestado de sem-noção. é que nem a suzana vieira, sexagenária, achando que é adolescente. alguém conta pra ela que essa época já passou, e na época atual ela tá perdendo tempo emulando um tempo que já não volta? eu li na caras, hoje, ela falando sobre aparência e vaidade: ela se cuida porque sabe que mulher tem que se cuidar, senão o homem larga; o homem não, pode relaxar, porque homem gordo e barrigudo não tem problema. mulher tem que ter sempre corpinho de adolescente (mesmo que as pelancas do braço abundem). ou seja: cabecinha de sexagenária conservadora e atitude de adolescente retardada. não, não e não!
vaidade: sim; alegria: sim; extravagância? sim — mas sem confundir com falta de noção. eu NÃO quero ser adolescente pra sempre, essa época já passou e foi bem legal, tenho ótimas lembranças, mas acabou. eu quero viver exatamente esta minha idade, superando meus traumas (que isso é necessário) sem me tornar uma louca-da-hello-kit.
sou uma estatisticamente deslocada, muito prazer, e sem o menor saco para a horda de peter pans criando pé de galinha e perdendo cabelo.
clap!
e quando você reencontra amigos de faculdade, 3 anos depois da formatura, e eles ainda falam como se sexta-feira fosse dia de cervejada?
e olha que eu tenho 25!
hehehe Excelente 🙂 De modo geral, gente imbecil tá sobrando mesmo.
Eu me sinto totalmente deslocado estatisticamente quando digo que tô doido pra casar, enquanto a rapaziada vai enrolando as namoradas, morando junto e tudo, mas só aguardando aparecer uma melhor pra fazer o “upgrade”.
Por que a gente não funda o DEA [Deslocados Estatisticamente Anônimos], heim? Pense!
bia, eu tenho 29 e o pessoal da minha turma além de achar que sexta é dia da cervejada, ainda marca naquele botecão sujo onde ratos passeiam entre os clientes, só porque a cerveja lá é mais barata…
Hm. :-\
Quem joga Playstation2 tem síndrome de Peter Pan? :/
rodrigo, eu acho que PS2 ou jogos de forma geral não têm a ver com o que eu tou falando, até porque a maioria dos jogos de PS2 são pra adultos mesmo 🙂
Apesar do nick, eu tenho vinte anos e graças à mim, não sou assim não. 🙂
Eu sei ler (tanto que leio você!), e da fase da pegação já passei e vi que não é pra mim.
Tenho imaturidades próprias (que tenciono resolver), mas sei que meus interesses não são venais nem rastaqüeras.
E quer saber? Sinto EXATAMENTE o mesmo que você. Aparentemente, nenhum dos meus colegas de trabalho/estudo/vida se preocupa com coisas simples como valores, futuro, bem-estar. (E nenhum deles gosta de Bethânia, vida má.)
Pode me acrescentar ao Estattiscamente Deslocados.
Excelente, eu pensava que eu era a única inconformada com a Suzana Vieira, e não com ela especificamente, mas com a postura ridícula de dezoito aninhos,que boa parte da população quer adotar e manter pra sempre.
Não, eu estou nos meus 22 aninhos, mas estou fora dessa onda, realmente não dá!
ah, gente, eu me sinto muito menos sozinha agora 🙂 por mais que eu saiba que neste caso o problema não sou eu, ficava sempre com a sensação de que eu sou uma chata e não que as pessoas perderam a noção.
thanks 🙂
Também faço parte dos estatisticamente deslocados!
O que mais me incomoda mesmo é o nível intelectual das pessoas, nem tanto o visual, sabe? Como é difícil encontrar pessoas que consigam articular frases com sentido por mais de 20 segundos! E essa maioria esmagadora dos homens que só quer mulher burra pra se auto-afirmar? Gente culta e bem articulada é um artigo em extinção. E parece que no Rio de Janeiro a situação é mais crítica ainda.
Uma lástima.
p.s.: parabéns pelo aniversário com 8 dias de atraso. Veio tarde, mas é de coração.
beijo,
Renata.