ontem eu pensava comigo: uma revista dessas de povão, tipo a veja, devia publicar as minhas regras de bem viver. tipo aquela lista de regras de uso do celular: é pura utilidade pública! as pessoas todas precisam se tocar, e se elas não conseguem sozinhas a gente precisa dar uma mãozinha (ou um pezinho).
ontem — eu o dia inteiro trabalhando num cliente — meu celular no modo vibracall (hmmmmmmmmm) e uma figura me ligando insistentemente. caía na caixa postal e a pessoa insistia. depois da terceira vez tocando sem parar (antes que a bateria acabasse) eu atendi (já sabia quem era):
eu – alô?
a fulana – alô? oi, tudo bem???? (é dessas que usa muitas interrogações, a gente ouve) sabe o que é…
eu – fulaninha, olha só: eu vi que você ligou e eu não atendi justamente porque estou numa reunião, durante o dia todo. você se importa de ligar em outra hora?
a fulana – ahn, entendi! então tá bom, eu ligo sim, e…
eu – ok, obrigada, viu? até mais!
(CLICK)
agora eu pergunto: precisava? a imbecil não podia simplesmente ter deixado um recado e eu retornava? mas nãaaaaao. puta que pariu, veja, publica as 10 regras!
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ontem eu pensava em mais regras (ou melhor, conselhos), no táxi, voltando pra casa. já falei disso aqui, mas esse é um assunto que eu não canso de pensar: os VCA – vestidores de carapuça anônimos. o mundo dos blogs criou uma nova paranóia na lista das manias da humanidade: ESSE POST É PRA MIM! confesse: você é vítima dessa mania vez ou outra. como toda mania, é normal, o problema é quando a coisa fica crônica, tipo: todo post é pra pessoa. pessoas que ela mal conhece escrevem pra ela, os amigos todos escrevem pra ela e os inimigos, principalmente, escrevem pra ela. os VCA têm vários perfis, veja onde você se encaixa:
– o coitado: ele é super legal e não fala mal de ninguém, ele só escreve “pra ele mesmo” mas ainda assim as pessoas insistem em escrever posts o agredindo
– o controverso: ele fala tudo o pensa, tá nem aí pro que os outros acham, e por isso mesmo todo mundo tem raiva dele e fica escrevendo posts pra atacá-lo
– a bolachinha mais gostosa do pacote: ele é popular, legal, gostoso e todos morrem de inveja dele. exatamente por isso insistem em escrever posts o atacando — pura inveja
– o superior: ele tem certeza que o post é pra ele, mas, magnanimamente, finge que não percebeu. ele está acima disso tudo.
– o otimista: todos os posts legais, felizes, elogiosos, são pra ele, ele tem certeza. é que não pegaria bem o dono do blog colocar link, ele sabe. mas fica feliz assim mesmo.
o texto está no masculino, porque falamos português, é a forma correta de generalizar. mas aqui vale uma ressalva para os VCA: não vale só para homens, tá? seguindo:
essa neo-mania acaba virando um problema pra quem escreve, porque é um inferno ficar o tempo todo tentando driblar os VCA. tudo o que você colocar vai, potencialmente, servir para essas pessoas — seja bom ou seja ruim. quando é bom é ótimo, a pessoa se sente feliz em ler você. o problema é quando é ruim: o VCA não tem como ser convencido que não é pra ele, aquele post. mas, como disse a sheilinha ali no comment do último post, esse não é um problema, é um fato, então, o que fazer?
eu resolvi fazer esse post de esclarecimento, novamente como contribuição a uma vida melhor para todos. caros, caríssimos VCA: eu não posso falar pelos demais donos de blog, mas falarei pela minha pessoa com toda franqueza — a probabilidade de eu ter escrito um post especificamente pra você é NULA. eu sei que é difícil pra você admitir que eu não penso em você 24h/dia, mas pense comigo: eu sou uma pessoa ocupada, que conhece muita gente, lê muita gente por aí, fala com montes de gentes o dia todo, é difícil pensar numa pessoa só por muito tempo, sabe? além do mais, as pessoas são parecidas, não sei se você reparou — é fácil perceber coisas em comum (boas e ruins), sabia?
vamos lá: mesmo que você se encaixe em alguma opinião minha escrita aqui, pode ter certeza absoluta que não é pra você. primeiro porque mesmo que exista uma inspiração inicial pra algum post meu, ele normalmente é pensado e repensado por dias antes de vir pra cá (eu preciso amadurecer idéias, elas demoram pra virar coisas concretas, sabe?), eu estabeleço relações, vejo mais exemplos, tiro conclusões, etc. eu sou assim – eu gosto de pensar, é divertido. eventualmente as coisas vêem pra cá, depois de um tempo, então quando elas chegam a inspiração inicial já foi até esquecida. honestly.
segundo, eu detesto mandar recado via blog. quando for recado de verdade vai ser tipo esse: com destinatário. e entenda: eu destesto recados via blog porque eu aprendi (do pior jeito) que recado via blog, email, MSN, telefone, qualquer coisa que não seja cara a cara é uma merda. até bilhete pra empregada é ruim — as pessoas sempre entendem errado, principalmente porque não é fácil colocar idéias em palavras, que dirá em letras. o dia que eu precisar dizer alguma coisa específica pra você, VCA, eu direi. ou não direi — só tem essas opções, entendeu? ou eu deixo pra lá ou eu vou falar com você diretamente.
de resto, o que tem aqui é opinião, elucubração, piada, reflexões, registros. acredite em mim: eu não uso mais esse espaço como catarse, eu percebi que além de não adiantar nada eu ficava me expondo pra muita gente que não quer o meu bem e só vai tripudiar. o espaço e a ferramenta se prestam perfeitamente ao fim atual: me comunicar, trocar idéias, me divertir, registrar acontecimentos, buscar algumas respostas às questões universais da vida. por exemplo: quem assistiu NOSTRADAMUS, aquele filme ruim do inferno?
portanto, VCA, por mais doa em vocês, lamento dizer que eu não escrevo pra vocês. eu sei que é um duro golpe, mas entendam: meu tempo é limitado e eu preciso dar atenção a 5 furões, 1 marido, 1 casa e 1 família de malucos, além dos amigos de vez em quando. espero que vocês possam viver com isso em paz, tá?
um beijo no coração e uma lambida no fígado 😀
É… hoje em dia “etiqueta para celular” e “etiqueta para internet” deveriam constar no currículo escolar.
Quer ver coisa que me irrita? Estar no MSN como “ocupado” e as pessoas ignorarem isso. E eu não responder e ficar aquelas chamadas de atenção ou ois insistentes. Pô, se eu tô ocupada, porém no MSN das duas uma: ou eu preciso/quero falar só com uma(s) pessoas enquanto isso e não te respondo porque tu não é a pessoa, ou não tô ocupada coisa nenhuma e não quero falar com alguém específico – nesse caso, se eu não te respondo tu deve ser esse alguém.
Deveria existir um status “super-ocupado”, no qual a conversa só pudesse ser iniciada pela pessoa super-ocupada em questão.
Ui.
* escrevi um monte, foi um desabafo.
** o pronome na segunda pessoa não se refere a tua pessoa, obviamente. É um tu hipotético 🙂
cecília *hahahahaha* não se preocupe, que na classificação dos VCA eu me encaixo só na “superior” e bem de leve 🙂
*hahahaha* cê tava demorando.
Tudo bem, eu sei que foi pra mim…*hahahahahaha*
AHAHHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHA
Amei! Tou me matando de rir aqui! Escuta, mas eu te liguei ontem?? 😛
Beijos, lindim!
hahaha, eu estou entre o tipo superior e o tipo otimista, não é ótimo? Minha auto estima exagerada ainda vai me matar de vergonha…
E olha meninas, tem dias que eu queria colocar meu celular no freezer (literalmente). Agora eu atendo as ligações do celular uma sim uma não, a não ser que seja o meu amor que eu sempre atendo. E o msn eu tô de greve. Mesmo. Não entro mais. Cansei.
eu tenho certeza que esse post foi prá mim.
ai, nem precisa botar link, mas eu sei que aquele ser superior lá em cima sou eu, né? hahahha.
e AINDA BEM que eu não te liguei ontem. (anyway, se eu ligasse, ia ser só uma vez, mesmo, nem tem graça)
🙂