o espaço do debate x o impulso da procriação

pois que em algum momento da trajetória do delícias cremosas resolvemos abrir uma lista de discussão pra que quem quisesse bater papo, debater alguma coisa que tivéssemos escrito ou coisa parecida pudesse se manifestar.

a lista precisava de inscrição e aprovação mas não era moderada, cada um escrevia o que queria, sem censura. bem no início achei que ia ser divertido e até que foi, mas o que devia ter sido um espaço de conversa e reflexão (pobre de mim, a ingênua) se transformou em campo de caça. mais um pouco: virou palco de strip-tease virtual, com a mulherada contando detalhes íntimos de suas preferências e comportamentos sexuais e os homens incentivando e dizendo o quanto aqueles comportamentos eram o máximo, uau!

eu não vou contar detalhes porque fico constrangida. o troço virou um classificados de encontros sexuais, só que mais trash e totalmente não-assumido — as pessoas jamais assumiriam que estavam ali tentando ser comidas ou comer outras. de novo, me irritei com a falta de auto-percepção das pessoas e bye bye.

e vejam bem: não é que eu esteja dizendo que eu não fazia as mesmas coisas que critico os outros de fazer, não. a questão é que eu SE TOCO, entendem? e fico constrangida quando percebo que tou eu ali falando sozinha… saio fora e pronto, não discuto mais.

mas voltando: não teve jeito, o pessoal não queria muito pensar em sexo, eles queriam praticar 🙂 tá certo, eu entendo e compartilho do impulso da procriação, mas dava pra separar um tico as 2 coisas, só pra estimular nossa cabeça JUNTO com nosso corpinho? não, não dava.

e se eu reclamava era porque tava com ciúme da atenção que as moças mais afoitas recebiam ou porque tava despeitada que algum dos caras não me dava bola. a possibilidade daquilo tudo não ter muito sentido não existia e eu finalmente percebi que o problema era comigo: eu estava no lugar errado na hora errada…

e assim foi minha experiência com o debate a respeito de sexualidade: uma incursão no mundo dos hormônios pululantes. é: a melhor coisa do passado é que ele já passou.