embaralhando tudo

eu tenho umas mil coisas diferentes pra escrever e simplesmente não dá tempo. poderia passar horas aqui falando das coisas que passam pela minha cabeça, mas… o trabalho, o leitinho dos furões no fim do mês. sigo com comentários pontuais, só pra provocar o pensamento e lembrar do que queria dizer.

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contrariando todo o bom senso, assisti ao filme quatro amigas e um jeans viajante e gostei. entre muitas coisas legais do filme gostei especialmente do relacionamento da adolescente revoltada (se todas as adolescentes revoltadas fossem tão fofas, educadas e se expressassem tão bem…) e da menina de 12 anos. aquilo falou especialmente ao meu coração porque tem relação com a percepção do mundo, mas eu falo disso daqui a pouco. filme que vale uma sessão da tarde com pipoca, sim, sem a menor mágoa.

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assistimos wolf creek (viagem ao inferno) e o filme nos causou sentimentos controversos. em primeiro lugar, ele não é para quem tem coração fraco, então pense bem antes de assistir. não é exatamente um filme violento ou asqueroso (daqueles cheios de sangue) mas deixa a gente pronto pra morrer do coração. o filme é bem feito, bem filmado e bonito (dentro da sua proposta, vejam bem), mas o roteiro irritou profundamente. tem algumas coisas ali que simplesmente não me convenceram. vou dar um exemplo: você está numa situação extrema, sendo ameaçado de morte e coisas até piores; você tem a oportunidade de matar seu potencial agressor e você não o faz? sinceramente, eu não consigo acreditar que alguém não lute por sua vida até as últimas conseqüências! resultado: o filme terminou e eu estava quase rouca de gritar com a TV: “mata ele, sua IDIOTA!!!” ou “ELE TÁ VINDO, BURRA!” eram as frases mais gritadas da sessão. definitivamente eu podia passar sem essa.

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aeon flux: bonito e medianamente divertido. não me empolgou. mas a charlize theron é um absurdo de bonita, parece até de mentira…

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hoje são 10 dias do gollum sendo cuidado pelos veterinários. ainda não temos sua situação estabilizada e estamos ainda investigando formas de medir sua glicemia sem tornar a vida dele um inferno. se alguém souber qualquer coisa sobre diabetes em animais, por favor me avise, ok?

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há anos eu penso muito sobre o que vou chamar de seletividade sensorial (não existe nada sobre isso no google! não é possível…). é mais ou menos o seguinte: pense em todos os nossos sentidos (5, 7, quantos você preferir) e no quanto desenvolvemos formas de selecionar os estímulos que recebemos através deles. você não ouve tudo o que se passa ao seu redor o tempo todo, já percebeu? aprendemos a filtrar os sons que nos rodeiam, selecionando caso a caso o que mais nos interessa em determinado momento. o mesmo vale para todos os sentidos (essa é minha teoria), inclusive a percepção de idéias — sei lá se isso é um sentido, mas continuem seguindo meu raciocínio: em algum momento desenvolvemos um mecanismo de percepção que nos torna “imunes” (ou quase) a alguns estímulos sensoriais. por exemplo: eu morei ao lado de uma igreja aqui do paraíso (a ortodoxa) cujo relógio marca com uma badalada cada meia hora e a cada hora cheia badala o número de horas. após alguns meses eu já não ouvia mais o relógio badalando. poderia dar inúmeros outros exemplos, mas por hora deixo só a minha idéia fixa: com o que mais será que me acostumei e já não sei mais?

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eu prometi falar mal do chico e vou falar resumidamente (quem sabe desenvolvo mais depois): o que é esse CD novo? sinceramente eu acho que o chico buarque devia ter vergonha de ficar tanto tempo sem gravar e me sair com um CD curtíssimo, caro (apesar de ser de gravadora “independente”) e sem o menor brilho. sempre fui fã do chico compositor (o escritor eu só conheço em budapeste e achei mediano; o cantor é sofrível) mas esse CD é uma decepção completa. tenho quase todos os discos do chico e fiquei pensando em todos eles, comparando com o atual: não dá. todos os outros discos dele têm seu brilho, alguma boa novidade, algumas coisas realmente geniais. esse CD não tem nada disso, e, pra mim, é só uma forma de fazer caixa (e deve fazer, como sempre). aqui entre nós, o que é a música renata maria?! o chico definitivamente virou um velhote babão e perdeu a noção estética.

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o jornalismo brasileiro é mesmo uma merda: até uma revista relativamente legal como a TRIP (comprei pra ler a entrevista do chico, que achei mais ou menos boa), com a oportunidade de entrevistar uma figura tão rica quanto alan moore, faz cagada. o jornalista claramente não sabia o que perguntar, mostrou que não entende nada de quadrinhos (nem do alan moore nem de ninguém) e fez uma entrevista medíocre com um cara que é um gênio do gênero e dá poucas entrevistas. juro que dá vontade de escrever pro editor e reclamar, mas… adianta? duvido. na próxima eu não compro e pronto.

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eu adoro mesa redonda de futebol. vou dizer que gosto mais até que o próprio jogo: é muito divertido ver as análises táticas, rever os lances importantes e as elucubrações. adoro. é a primeira copa que assisto com o marido e ele tá morrendo de rir todo dia porque eu quero ver todas as mesas redondas e ficar discutindo, por exemplo, se tá certo ou errado jogar com 2 centro-avantes que são praticamente cones de trânsito ou se o parreira na verdade está é seguindo ordens da nike. ontem um dos caras do programa disse que o émerson é praticamente um urso panda e eu passei a noite rindo feito uma retardada imaginando um panda no meio do campo. eu não sei se a seleção brasileira ganha essa copa ou não, mas nossos atacantes já fizeram história na copa como os maiores vexames do mundo. a inglaterra chamou nossa seleção de “irmã feia da argentina”. não dá pra não concordar…

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recomendação gastronômica da semana: a tal da pizza, na granja viana. pizza deliciosa, lugar romântico (pelo menos quando está vazio, como estava ontem), passeio interessante.

0 comments to “embaralhando tudo”
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  1. Zel

    Sobre a coisa dos sentidos, procura o conceito de figura e fundo da Gestalt. Porque você deixa de perceber o estímulo (figura) se ele se mantêm (passando a ser fundo), porém se por acaso ele cessa, vc sente falta (ele volta a ocupar o lugar de figura) e acaba ficando perturbada com esse “algo” que falta até conseguir saber o que é(e então ele pode voltar a ser fundo)…

    Fundo no sentido de não possuir o foco da nossa atenção e figura no sentido de estar no centro desta.

    Beijo!

  2. Procura “percepção seletiva” ao invés de “seletividade sensorial”, q existe bastante coisa no google. Existe uma corrente científica, a Gestalt, q estuda fenômenos da percepção, e fala bastante desta seletividade.

    Bjo!

  3. felipe (bravo), é verdade: acho que pra quem não é de violência o “correr” é mais óbvio que “lutar”. mas, putz: os caras tão no meio do NADA, fugir pra onde?! eu fiquei muito nervosa, jesus… 😀

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    meninas-gestalt: oba, vou procurar 🙂 thanks!

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    bia: *HAHAHHAH* inspetor meio careca meio bêbado? confere 😀

  4. Zel,

    Tudo bem?

    Leio seu blog há anos. Gosto muito do que vc escreve. Vou tentar te ajudar na questão da percepção. Acabo de fazer a cadeira de Psicologia da Percepção no curso de Psicologia. O que aconteceu com vc, ao se acostumar, com o badalar dos sinos da igreja se chama: adaptação sensorial. É o que usualmente acontece com as pessoas que trabalham no lixão, nas indústrias com máquinas pesadas e barulhentas. Acabamos nos “acostumando” com cheiro, barulhos, etc., para que nossa atenção possa ser utilizada em outras coisas. Sensação e Percepção são coisas diferentes. A sensação é elaborada pelos sentidos. A Percepção é a interpretação desses sentindos. Ou seja, o uso da mente na elaboração do que entra pelos sentidos (visão, audição, tato, olfato, etc). A Percepção é sempre individual. pq cada um de nós vai aplicar aos sentidos suas memorias, aprendizados, motivação, etc. Sendo a motivação, a grande chave para mantermos a atenção no que nos interessa. Podemos ouvir o mundo ao redor, mas o que nos motiva é o que vai nos chamar a atenção. Até mesmo a Teoria da Gestalt com sua idéia de figura e fundo e os agrupamentos por semelhança, fechamento, continuidade, etc, partiu dessa concepção. Deixo meu email pra te esclarecer qualquer coisa. Existe bom material sobre isso. E tenho uns exercícios práticos super interessantes, caso vc queira. bjos!

    Prazer enorme em te escrever.

  5. felipe-bravo, eu tenho boa memória e gosto dos primeiros nomes 🙂 cara, o chico bento do inferno me deixou apavorada. eu acho que eu teria matado ele, sim, mesmo que fosse cortando o pescocinho com uma faca cega. e depois catava um carro daqueles, sei lá. predador semi-morto? nananinanão. acho que fiquei condicionada depois dos RPGs do PS2! 😀

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