três marias

eu nunca deixo de me espantar com a maravilha que é a internet, todos os dias. quando eu penso que já me deslumbrei com tudo na vida, aparece uma coisa como o youtube e eu fico besta de novo. não é maravilhoso poder assistir vídeos aos quais eu dificilmente teria acesso? estou aqui vendo o andre geraissati tocar três marias pela décima vez, com lágrimas nos olhos de pura felicidade.

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eu tenho três marias — e ela fica de presente pra sheilinha — mas ver o cara tocando é outra coisa, né?

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eu gostei muito desse blog: escorrega da curva de gauss

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eu falava essa semana de correr riscos pra ajudar os outros, lembram? eu soube na quarta de manhã que meu irmão quase morreu (literalmente, não é forma de expressão) porque impediu um assalto. ele realmente evitou o assalto e evitou também que seu amigo fosse esfaqueado — mas ele mesmo não escapou do ataque: 21 pontos na garganta, uma cirurgia de 5 horas e muitos litros de sangue depois ele viveu pra contar a história e está em recuperação. tudo isso numa madrugada tranquila lá do primeiro mundo, no metrô de madri, pelas mãos de um equatoriano. a gente pensa que só tem bandido e assassino no terceiro mundo, né? não, o terceiro mundo terceiriza a violência e por lá também se cometem crimes, mas ao contrário do que potencialmente aconteceria aqui, os três bandidos que meu irmão e seu amigo abordaram foram presos e serão julgados no próximo mês. não sei se valeu a pena, sinceramente fiquei apavorada com a história toda e só de falar disso me dá um nó na garganta, mas olha: eu senti orgulho do meu irmão.

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eu desprezo quem foge, quem se esconde por trás do anonimato, do disfarce, do silêncio e da covardia travestida de indiferença.

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o que eu não gosto é do bom gosto

eu não gosto do bom senso

eu não gosto de bons modos

não gosto

eu gosto dos que têm fome

dos que morrem de vontade

dos que secam de desejo

dos que ardem.

(senhas, adriana calcanhoto)