um momento de revolta

eu adoro TV e não gosto de zapear. aí, quando pego um programa começando, fico lá, até o fim. nem tentem entender: é mania, eu odeio programa começado. não sei se já disse isso aqui, mas acho sex and the city uma bosta. mas ó: MESMO. acho odioso, idiota, sem-graça, patético. acho as quatro amigas completas imbecis, cada uma com sua estupidez específica.

nesta minha mania de trocar de canal e parar quando o programa começa, adivinha? parei no sex and the city, episódio “a fé”. assisti to-di-nho, passando raiva por vários minutos incontáveis. vou tentar resumir o enredo:

1) a ruiva com cara de peixe morto trepa com um católico (ó a do título!) fervoroso que grita quando goza e corre pro banho pra se purificar

2) a mulher jamanta ninfomaníaca acredita (, ahn? sacou?) que está apaixonada finalmente pelo bofe que é maravilhoso e resolve não dar pra ele justamente por isso (ahn?). mas então: se o bofe é legal, tem que ter defeito, né? pobrezinho, tem pau pequeno. oh!

3) morena retardada procura vidente (a é eclética, meus amigos) para saber quando vai casar

4) a loura com roupas de sem-terra de grife vai pesquisar sobre comportamento de bofes religiosos e dá de cara com mr big levando mamãe pra missa de domingo (de novo, a tal ). e ela quer porque quer que ele a apresente pra futura sogra e fica arrasada porque ele se recusa (go figure…)

o seriado é uma beleza: as quatro são bonitas, gostosas, bem sucedidas em suas carreiras, independentes. só que são todas igualmente carentes, inseguras, lá no fundo só pensam em casar e viver felizes para sempre e procuram incessantemente o príncipe encantado. mas qual é mesmo o “tempero” do seriado? é que elas falam de sexo, como se realmente fosse isso que elas estivessem procurando.

juro que fico inconformada com todo aquele papinho besta das 4, que orbita basicamente ao redor do pau, sendo que está claro como água que o que elas precisam (e querem) mesmo é um cafuné e umas pantufas. dá vontade de gritar ACORDA, BICHA!

mas é, é sim, eu é que sou chata, eu sei: essa série faz (muito) sucesso justamente porque há milhares de mulheres que se identificam com essas quatro coitadas que vão passar o resto da vida trepando com — e levando fora dos — caras mais idiotas do universo. elas merecem todos os foras, com louvor. alguém tem que dar pros boçais, afinal, não é? que façam bom proveito 🙂

mas voltando: o pior engano dessa série é a “aura” ao redor da vida sexual das protagonistas e suas elucubrações a respeito… ai, que sono! é tudo superficial, comum e completamente sem graça. o que só prova que a arte imita mesmo a vida: cada vez que me vejo no meio de mulheres que começam a falar de homem, finjo que fui fazer xixi e saio de fininho. ninguém merece o rosário de reclamações, bravatas sexuais falsas, raposas desdenhando as uvas e detalhes absolutamente dispensáveis sobre a (entediante) vida sexual alheia. igualzinho à série em questão!

na próxima vez que cair nessa série vou pular direto pra discovery: a vida sexual de qualquer animal é mais interessante que a do quarteto-chuchu de NY.

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aviso à patrulha

ah, vá, me poupem do discursinho “mas quem é você pra meter o pau nisso tudo? e tudo o que está no arquivo do seu blog? e o delícias cremosas?!”. em primeiro lugar, já avisei que a coerência foi pra disney e em segundo lugar, acredite em mim: ninguém que me conhece ou me lê vai conseguir ser mais crítico comigo mesma do que eu, que me releio com freqüência justamente pra sacar os deslizes. por essas e outras registrar as experiências em blog é bom: a gente pode reler as besteiras que escreveu, perceber como se equivoca na vida e evitar aqueles mesmos velhos erros.

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  1. Fazer sexo por puro tesão, não tem problema, se o que busca é só prazer, o que não é o caso dessas ‘descoladas’ personagens. Oh dó… E pensar que o mundo tá infestado delas… Pobre de mim, pobre de nós! Ra!

  2. Quanto à coerência: Zel, minha mãe há muitos anos me ensinou uma coisa que é um “mantra feminino” para nós:

    “É prerrogativa feminina mudar de idéia.”

    E pronto.

    Sem explicação, sem justificativa, sem pedir desculpas. Mudei de idéia!:)

  3. Oi Zel,

    Concordo com os seus pontos, mas ainda assim gosto da série. Ela não faz sucesso só “porque há milhares de mulheres que se identificam com essas quatro coitadas”. O fato de alguém gostar de algo que detestamos, não faz dela uma imbecil automaticamente.

    Voltando aos pontos que concordo com você, está sem dúvida o fato dessas mulheres não perceberem o quanto elas são carentes e NÃO conhecem os homens (ou mesmo a si próprias). Talvez vc não saiba como a série termina, então vou te dizer: a Carrie (a loura) fica com o Mr. Big, sendo que ele foi “resgatá-la” em Paris e ele se muda da Califórnia para NY só para ficar com ela.

    Esse final é totalmente irreal porque o cara nunca esteve nem aí para ela. Ou está a fim um cara que não quer apresentar a mulher para a mãe (nem agora nem nunca), ouve “eu te amo” e fica quieto, não quer namorar e, a melhor de todas: casa com outra!

    Isso é realmente patético, mas acho que tem coisas legais: há momentos engraçados e tem NY, que amo de paixão!

  4. Oi Zel,

    Concordo com os seus pontos, mas ainda assim gosto da série. Ela não faz sucesso só “porque há milhares de mulheres que se identificam com essas quatro coitadas”. O fato de alguém gostar de algo que detestamos, não faz dela uma imbecil automaticamente.

    Voltando aos pontos que concordo com você, está sem dúvida o fato dessas mulheres não perceberem o quanto elas são carentes e NÃO conhecem os homens (ou mesmo a si próprias). Talvez vc não saiba como a série termina, então vou te dizer: a Carrie (a loura) fica com o Mr. Big, sendo que ele foi “resgatá-la” em Paris e ele se muda da Califórnia para NY só para ficar com ela.

    Esse final é totalmente irreal porque o cara nunca esteve nem aí para ela. Ou está a fim um cara que não quer apresentar a mulher para a mãe (nem agora nem nunca), ouve “eu te amo” e fica quieto, não quer namorar e, a melhor de todas: casa com outra!

    Isso é patético, mas tem umas coisas legais na série: há momentos divertidos e tem NY, que eu adoro!

  5. krys: ó… eu não disse que quem gosta da série é imbecil, até porque tenho amigas ótimas que gostam e elas não são imbecis (bom… eu não acho, pelo menos). eu disse que as que milhares por aí que adoram a série SE IDENTIFICAM com as 4 de alguma forma.

    e, sinceramente, acho difícil alguém acompanhar toda uma série se não rola uma empatia, me desculpe. eu também amo NY, mas se for por isso ainda prefiro ver os filmes do woody allen… mas essa sou eu, né? se eu não gosto do negócio eu não assisto ou assisto e falo mal 😀

    e, sim, eu soube do fim patético da série, que só confirma o que eu acho dela…

  6. Zel,

    Postei duas vezes por engano. Sorry!

    Eu acho que eu me identifico com algumas coisas da série, mas será que é assim com todo mundo? Por exemplo, com o que se identifica uma pessoa que gosta de Smallville (aquela do Super-Homem)?

  7. krys, eu teria que assistir smallville pra te dizer, mas que eu saiba smallville é pura ficção, não é bem um sitcom como friends ou seinfield ou sex and the city.

    é a mesma coisa que você me perguntar como é que me identifico com “surface” (que eu adoro e assisti até o fim), uma série sobre monstros marinhos…

    sitcoms são idolatradas justamente porque as pessoas se identificam com os personagens e a “realidade” das séries, elas são concebidas exatamente pra isso. os montes de mulheres que adoram sex and the city se identificam com as 4 e isso faz todo o sentido: a maioria das mulheres é sim tão equivocada quanto elas, basta ir pra qualquer bar e conversar com a mulherada. o que me incomoda na série é a apologia do equívoco, que transforma idéias e comportamentos estúpidos em padrão pra que todo mundo se sinta normal em ser daquele jeito.

    não entra na minha cabeça: como é que qualquer mulher no século XXI pode não se indignar com o final de sex and the city?! eu tenho vergonha daquela carrie, deus me livre.

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