não trabalhamos com explicações

está difícil organizar idéias. pode ser a dor de cabeça constante que me acompanha há algumas semanas. ultimamente não me sinto muito eu mesma, uma sensação pouco confortável. principalmente pra quem, como eu, sempre soube bastante bem que era. deve ser essa maldita dor de cabeça.

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há algumas coisas que eu definitivamente não consigo adotar: fones de ouvido, por exemplo. não concebo essa situação de ficar alheia a todos os outros sons exceto o dos fones. eu me sinto desprotegida, vulnerável. deve ser sinal que sobrou em mim alguma coisa primitiva, que não me deixa baixar a guarda. ops, acho que disse alguma coisa importante… 🙂

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e vocês vão rir, mas sabe uma coisa que me deixa muito incomodada? aquela maldita função random ou shuffle dos aparelhos de som. não gosto de escutar músicas em ordem aleatória! gosto de ouvir as músicas nos cds na ordem que elas foram gravadas. há alguma coisa por trás dessa ordem e é estranho não respeitá-la. seria como ler um livro alternando os capítulos, entendem?

quase ninguém entende, tudo bem.

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e como tem gente que consegue ouvir pedaços de óperas ou pedaços de obras completas? tipo ouvir só o dies irae do requiem de mozart? não entendo, não adianta.

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nossa pequena didi está com problemas na adrenal e perdeu todo o pêlo. continua uma peste, está bem alimentada e feliz, mas é triste ver os bichinhos envelhecerem. groo, o monstro, fez 7 anos na segunda-feira e está gordo e feliz. velhinho e muito mais lento, mas comendo bem e passeando sem pressa pela casa. é mais difícil lidar com a passagem do tempo quando temos animais com vida tão efêmera ao nosso redor. ao mesmo tempo nos faz lembrar que aqui e agora são mais importantes que a próxima semana.

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dizem que o pior tipo de crítica é a que dirigimos a nós mesmos e blá blá blá. eu não acho, não. sou uma carrasca de mim mesma, mas isso eu administro: ou canto pra subir e dou um jeito ou finjo que não é comigo. já quando se trata dos outros, ave maria, juro que a raiva chega a níveis quase insuportáveis e desejo chacoalhar a cachola de um monte de gente, pra ver se pega no tranco. pqp.

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por um tempão achei que não conseguia perdoar os outros, até sofri pensando que era má ou coisa parecida. afinal, que tipo de pessoa não perdoa, mesmo quando o perdão é pedido oh so nicely? mas caiu a ficha outro dia: eu não consigo é perdoar a mim mesma por ter permitido que outros me violentassem. nessas horas é fácil entender porque a absolvição pós confissão funciona tão bem.

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casar é legal demais. não só por todos os motivos românticos que os filmes e propagandas de margarina alardeiam, mas principalmente porque a gente cresce, aprende e evolui. (os que são de evoluir, claro, porque há os que não evoluem nem que a vaca tussa). passar tanto tempo com alguém é como ter um espelho constantemente à nossa frente, fica difícil ignorar o que não gostamos em nós mesmos. é comum ter raiva do espelho quando estamos insatisfeitos, como se ele fosse culpado do que tão-somente reflete.

o amor de verdade nos faz querer ser melhores, lembro de ver ou ler isso em algum lugar e, ah, como é verdade. obrigada por estar sempre aqui, principalmente nos bad hair days.

0 comments to “não trabalhamos com explicações”
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  1. A Fal tem TODA razão, seu site é ótemo! Adorei isso de arroz de festa ou ilustre desconhecido : ) Meu blog acaba de completar 2 dias! Não é o máximo?! Enfim, dores de cabeça me afligem tb! E tenho muita dificuldade em perdoar gente sacana, viu? Haja!

    Até mais,

    Isabella

  2. oie! eu tb detesto a função shuffle… penso exatamente igual a vc nesse ponto!

    E essa coisa de o amor fazer a gente querer ser melhor, eu acho que no filme Melhor Impossível o Jack Nicholson fala isso e é lindo!

  3. Jack Nicholson para Helen Hunt, em Melhor É Impossível. Quando ele fala uma merda qualquer, ela diz que ele só se redimirá com um elogio. Daí, ele diz que ela o faz desejar ser uma pessoa melhor. Não foi lá que você viu isso, não?

    Beijocas

    P.S. (que tanto pode significar post scriptum quanto pato saltitante, à sua escolha): já entrei várias vezes aqui, by Fal, mas nunca comentei. Então… gosto bastante de você e desse seu espaço.

    mais beijocas

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