ultimamente ando mais inclinada a contar histórias sobre comida do que a dar receitas. sempre achei um pouco estranho o formato de receita, pois fui catequisada de uma forma diferente: uma pitada disso, um pouco daquilo; o que sobrou do dia anterior mais aquela verdura que tiver na geladeira.
— qualquer uma mãe?!
— é, qualquer uma, sim. chuchu, cenoura, abobrinha, pimentão, sei lá. o que você tiver!
quando der o ponto…
— mãe… que ponto?
— você vai perceber, filhota. a massa desgruda da mão, não se preocupe, você vai saber.
é, eu sei, mami, eu sei 🙂
fazer comida é quase magia. será por isso que tem aquela coisa da bruxa com o caldeirão? essa imagem da mulher e da comida é tão rica. somos provedoras, desde o leite do nosso peito até a elaboração da comida do dia-a-dia. e ao mesmo tempo somos uma ameaça, afinal, quem pode saber os feitiços, venenos e sortilégios que colocamos na comida? 🙂
(publicado originalmente no panela em 17/agosto/2001)