vejam little miss sunshine. que filme massa! assisti ontem e ainda estou sob o efeito gostoso dele.
primeiro porque é engraçado, ri muito; segundo porque é uma espetada daquelas bem desagradáveis em várias manias do nosso mundo atual que eu coincidentemente abomino: auto-ajuda em tópicos como modo de vida, adoção da estética de concurso de miss como algo aceitável e principalmente a adultização das crianças.
eu que vivo comentando e me rebelando contra esse pavoroso padrão estético auto-imposto pelas mulheres burras e carentes (sim senhores, alguém tem dúvida que é tudo pra agradar?), vibrei com o filme e me identifiquei com a protagonistinha. uma menina normal que quer brilhar sendo quem é no meio de um mar de strass, maquiagem e dietas.
caso você não tenha visto o filme não leia o restante, eu vou estragar o final dele 🙂
ela não consegue competir com as robozinhas maquiadas, arrumadas e dietéticas, é claro. é claramente uma “estranha” naquele meio e é tratada como tal. que bom. graças a deus ainda tem quem passe a mensagem de que nem todo mundo, mesmo uma criança influenciável, precisa se submeter a esse universo paralelo sustentado pela doença mental coletiva de perfeição.
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o que mais amei no filme todo foi a participação da protagonista no concurso de mini-misses. aquelas meninas mais pareciam anãs, cheias de maquiagem e com roupas provocantes. idiotamente simulando as misses adultas, um bando de monstrinhos.
e o patinho feio, olive, é a única menina de verdade, com barriguinha e corpinho de criança, toda roliça, com cabelos soltos e dentinhos de quem ainda está crescendo. chocante.
na platéia, um pedófilo já velho de guerra assistindo as menininhas desfilando suas bundinhas de biquíni. sem o menor pudor, é claro, e por que deveria? as mães, pais, TV, todo mundo incentivando as meninas a serem sexy, misses.
até que olive, na maior inocência, chuta o pau da barraca e faz seu show de dança imitando uma stripper. a reação das pessoas é bizarra, afinal tudo o mais ali é super sexualizado, qual é a diferença? o pedófilo não viu diferença nenhuma, e aplaudiu de pé.
o adolescente diz o que eu queria dizer para aquela mãe: você é mãe dela, você tem obrigação de protegê-la desse horror. e a mãe responde de um jeito que me deixou balançada: deixe ela ser quem ela é, é isso que ela deseja. nós estaremos lá pra dar apoio quando tudo o mais falhar.
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o pai é odioso com seu repertório de frases feitas de auto-ajuda, ensinando seus filhos que perder é o fim do mundo; que as meninas não devem tomar sorvete para não engordar (misses não são gordas, hein?). nojento e, adivinhem? perdedor. dos grandes.
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eu passaria horas falando dos personagens, pois cada um deles é delicioso: o adolescente mudo por opção, o avô viciado e o tio gay abandonado. vejam o filme, por favor. todos os pais e mães do mundo deviam ver esse filme e aprender o que não fazer.
também vi o filme dia desses, super atrasada e amei! claro que ele é cheio de bons tapas na cara, mas o que valeu foi a diversão, sem dúvida: fazia tempo, tempo mesmo, que eu não saía tão sorridente de um filme. 🙂
Nossa eu concordo com vc, aquela cena do concurso é demais… Eu via aquelas meninas maquiadas, penteadas e caía na gargalhada…eram ridículas. E a Pequena Miss Sunshine, totalmente fora dos padrões, como seu maiô vermelho, sua pose desajeitada, era a única criança de verdade ali, a mais normal, a mais bonitinha. Outro personagem que me divertia muito era o avô viciado. De longe o personagem mais bem resolvido daquela famíla!
Yes!!! Este filme é um dos meus preferidos… Na cena da apresentação da Olive, eu e marido tivemos uma crise de riso, exatamente por causa do absurdo de tudo e do choque dos organizadores do concurso… E não dá vontade de sair dançando com aquela música?
Já viu Obrigado por Fumar? Outro filme altamente recomendável…
A menina é incrível né?! Assista “sem reservas” porque ela está lá e dá um baita show de interpretação.
Eu vi o filme e gostei muito, porém o que eu não gostei [eu tinha de não gostar de algo] é que ele é um filme sobre ‘perdedores’ feito justamente para que os [muitos] perdedores americanos não se identificassem e saíssem mal do cinema. Ele critica a sociedade americana, porém suaviza a crítica ao elevá-la à extrema caricatura, para não ferir os egos frágeis dos americanos que não pagaram as hipotecas subprime e estavam [estão?] derrubando as bolsas do mundo todo.