é difícil perder animais de estimação. só quem teve e já perdeu sabe como é, como dói. criar furões é especialmente difícil porque eles vivem não mais que 8 anos, quando muito. ouvi dizer que há ou houve furões de 10 ou 12 anos, mas eu duvido. eles são frágeis por natureza (metabolismo muito rápido) e por algum motivo desconhecido desenvolvem doenças agressivas e com pouca chance de cura.
o pastel chegou à nossa casa já doentinho, com pneumonia, em 2000. a doença se repetiu mais duas vezes e a saúde dele era extremamente frágil, ele passava mal até com pó. morreu com menos de 2 anos, depois de 1 semana de internação cheia de procedimentos e respiração muito difícil. sofri muito com essa primeira perda, foi o primeiro animal de estimação “meu” que morreu, e foi cedo demais.
o pixel foi um caso à parte: ele morreu por incompetência do veterinário. considerando aliás que o veterinário do pastel era o mesmo, acho que ele pode ter morrido pelo mesmo motivo: ignorância. o veterinário dizia que entendia de furões, e na verdade ele entendia muito pouco. pudemos comprovar a diferença depois que levamos o pixel a uma clínica especializada. infelizmente era tarde demais pra ele. o pixel teve uma úlcera perfurada, mas só percebemos porque ele parou subitamente de comer. em 24h ele parou de comer e piorou a olhos vistos, até que foi operado pra descobrir o que era. quando vimos como ele estava do lado de dentro, decidimos pela eutanásia. ele tinha 5 anos e meio (já era idoso para um furão) e seus órgãos internos estavam totalmente comprometidos. caso fosse operado, ele teria uma recuperação difícil e dolorosa, sem muita chance de sobrevida.
não é fácil decidir terminar a vida de ninguém, ainda mais alguém que a gente ama muito. é preciso muito amor pra preferir a perda ao sofrimento do outro. não me lembro de ter sofrido tanto de saudade e culpa na vida. “e se tivéssemos percebido antes? e se…”. muitos “e se”. até hoje dói muito a saudade, mas cada vez mais acredito que tomamos a decisão correta.
com o gollum foi diferente: detectamos sem querer e rapidamente um insulinoma, doença muito comum em furões. um tumor no pâncreas causava produção excessiva de insulina, baixando violentamente a glicemia do animal. essa doença causa letargia, desmaio, convusões e danos aos órgãos vitais, caso não seja tratada. ele foi operado e metade do seu pâncreas foi retirado, juntamente com uma adrenal suspeita. a biópsia revelou que de fato ele tinha um tumor maligno. como conseqüência da cirurgia, ele desenvolveu diabetes (raríssima em furões) e teve que ser tratado com insulina injetável. mas ninguém sabia como tratar essa doença: os veterinários tiveram que mantê-lo internado por 20 dias para descobrir a dosagem ideal. voltando pra casa, nós aplicamos insulina subcutânea por 1 mês, ajustando a dose conforme o corpinho dele reagia. sempre ouvimos que o gollum sobreviveu por milagre ou por insistência nossa, ou uma combinação de ambos. ele se recuperou da retirada do pâncreas e voltou quase ao normal, pra nosso espanto.
no entanto, sabíamos que a saúde dele era frágil e qualquer tempo adicional que ele passasse conosco seria um presente. ele mudou muito depois de tudo isso que passou: tornou-se um furão mais carinhoso e próximo, ele passou a confiar totalmente em nós. ele viveu 1 ano depois da doença e foi um ano maravilhoso pra ele e pra nós. ele brincou, se divertiu, comeu pra caramba, irritou as irmãs e o irmão, roubou brinquedos e fez tudo o que quis. como os demais aqui de casa, foi o furão mais mimado, amado e livre do mundo.
ele morreu de linfoma, uma doença que poderia ser comparada à leucemia humana. ele desenvolveu os sintomas no final da semana passada e morreu no final desta semana, um dia antes de morrer ele ainda brincava e fazia gracinhas… as horas passam de forma diferente pra nós e pra eles, e não foi divertido acostumar com a idéia de perdê-lo em menos de 48h.
estamos com 2 furões aqui em casa com mais de 7 anos de idade, a didi e o groo. ambos já passaram por cirurgia para retirada de adrenal e apresentaram tumor maligno. eles tomam remédio a cada 12h, todos os dias, para mantê-los bem. cuidar de animais doentes não é barato e principalmente não é fácil: muitas vezes temos que voltar pra casa rápido só para dar os remédios; quando viajamos, precisamos de alguém cuidando deles 2 vezes por dia no mínimo.
além dos problemas práticos, há uma constante tensão emocional e afetiva: até quando eles vão resistir? até pouco tempo essa era a situação também com o gollum, até que ele se foi na madrugada de sexta, de forma tranquila e sem dor. e eu não me canso de agradecer, desejo que todos possam ter a sorte de morrer sem sofrimento e dor.
quando será o próximo? não sei, mas sei que aproveitarei cada dia e cada hora que eles estiverem aqui. vou brincar muito com eles e garantir que eles sejam felizes e muito amados. jamais me arrependi de adotar nenhum deles, e faria tudo de novo. e farei novamente, quando houver oportunidade: se encontrarmos outros furões que precisam de um lar, adotaremos e cuidaremos deles até que seja hora de ir embora.
é claro que vamos sofrer, estou triste como o diabo com a perda do meu querido vampirão tosco tarado por coca-cola. ele carregava brinquedos de sininho pela casa porque gostava do barulho. não vamos mais ouvir o tilintar dos brinquedos pela casa, e só de pensar nisso eu começo a chorar.
mas novamente: não me arrependo. sou grata por tudo o que eles me oferecem e ofereceram e vou tentar lembrar deles, contar suas histórias e deixar a dor melhorar. já a saudade, pra essa não tem remédio. mas como diz aquela música cafona que eu amo:
saudade até que é bom / melhor que caminhar vazio.
(ouça aqui)
Zel, sinto muito pelo Gollum! Sinto mesmo. To chorando aqui…
Confesso que não tive muita experiencia em perder bichinhos que eram “meus” (acho engraçado a gente se achar dono de um ser vivo, considero mais como filho e amigo do que como posse). Mas por coincidencia, passei por uma experiencia que me doeu muito na ultima sexta-feira.
Ha tempos estou envolvida com adocao de animais
(e nisso ja presenciais muitas perdas), mas “meus” mesmo, eram so dois, um agapornis (que tambem adora sininhos) que vive solto e um poodle (que quando encontrado na rua parecia tudo, menos um poodle). Nao planejava adotar outro ate minha vida se estabilizar um pouco, mas na semana passada surtei quando soube de uma poodle idosa que havia sido deixada no CCZ da cidade pelos donos para morrer simplesmente por ser idosa e estar doente. Aparentemente nunca tinha ficado longe de pessoas, pois gritava desesperada se via uma porta se fechando…
Enfim, peguei e levei pra casa. Ela era realmente muito, muito velhinha e é mais facil perguntar que tipo de doença ela nao tinha do que perguntar o que ela tinha. Se tivesse sido bem tratada nao estaria assim – ja vi poodle com 17 anos inteirão. Pra resumir, o principal era insuficiencia e infeccao renal sinistrar, alem de ter mais tartaro que dentes. Tambem era ceguinha de um olho e tinha artrosia. Por causa da crise renal, tinha o pior cheiro que ja vi. E dava pra colocar as maos debaixo das costelas dela. Era necessario tratamento intensivo, pois o rim nao filtrava nada.
Tratamos dela por exatamente uma semana e no final era outra cachorrinha, alegre, roliça, FOFA DEMAIS, dava vontade de apertar. Ai na sexta, no ultimo dia do tratamento com soro, ela comecou a se sentir mal. O coracao nao suportou o tratamento, o que causou dificuldades respiratorias. Teve uma parada cardiaca, voltou, mas nao tinha mais jeito… Morreu no fim do dia em que estava mais animada, mais tudo…
E no outro dia chegaram os resultados dos novos exames que tinhamos feitos, que estavam praticamente normais – rins e infeccao.
Nunca achei que em só uma semana fosse me apegar tanto, e que ela iria me fazer tanta falta… Mas nao me arrependo, ao menos ela passou seus ultimos dias confortavel e feliz.
Ih, nem sei porque estou contando tudo isso. Mas nao pude deixar de lembrar. Dói demais. E, novamente, sinto muito pelo Gollum. Sei que é sofrido, mas eles nos dao alegria demais, so quem convive sabe, e compensa de looooooooooooooooooooooooooonge o sofrimento da perda.
Que voces todos ai fiquem bem. Com certeza ele esta feliz e é grato a voces por tudo!
Acho que sou uma péssima pessoa com bichinhos!
Tendo exemplo em casa do que é amar bichos (muito mais do que gente) e, talvez, por me apegar tanto a tudo e a todos eu não “tenho coragem” de me dedicar aos bichinhos como deveria e gostaria.
Tenho minha vaca em casa, com aquela sutileza de elefante que só a Lana pode ter. Carinhosa e carente demais praquele tamanhão todo (quase o Hagrid do Harry Potter).
Eu tenho um peso na consciência danado por não deixá-la dormir com a gente, por não deixá-la dentro de casa…ao mesmo tempo é complicado essa “liberdade” quando eu sou uma estragada de bronquite e a Julia pesando metade da “caca”.
Tento pensar que os poucos momentos dela com a gente são verdadeiros e compensadores para o tempo sozinha que ela passa…
Procuro melhorar minha atenção com ela e não consigo imaginar o dia que ela for embora, a falta que vai fazer aquela cara de coitadinha…não sei se tenho coragem de ter outro bichinho. É muito dura essa perda.
Beijo
desde que eu li o seu post, tenho chorado e pensado no que dizer…
as poucas coisas que posso dizer é obrigada. e força. é triste demais, né?
amanhã faz 2 anos que o rafa morreu. espero que eles se reencontrem, gollum sempre foi o preferido dele.
🙁
Que pena Zel! Fico triste por vcs e por saber que não vou mais pegar aquela coisinha fofa e linda.
Desculpe por ontem, por não ter falado muito com vc ao telefone. Eu estava meio tonta (cansada) e andando pela praça da Sé com medo de uns loucos lá.
Fique bem tá?
Beijocas
zel, querida, sinto muito por seu pequenininho, mesmo.
eles viram filhos, né?
beijos,
tati
Zel, só quem ama bichinhos sabe o quanto se sofre quando eles estão dodói, ou quando se vão…
Sinto muito querida. Eu passei uma semana dura demais com minha bebéia canina… Agora tudo entrando nos eixos…
Beijos
É uma pena que eles vivam tão pouco, acho que gatos e ferrets tinham que viver pelo menos 60 anos, que nem papagaios.
É foda. Força que tem duas fofuras que precisam do seu colo e sua atenção agora. No futuro, vão ser outros. E todos eles fazem a gente ter a certeza de que, mesmo com toda a dor e a saudade, isso tudo vale a pena.
Força, Zel.
Eu sei o que é perder bichos e sofrer como se fosse um parente. Às vezes, dependendo do parente, até mais…Não adianta, quem ama os bichos sempre terá diversos desses momentos na vida. Mas vale a pena, mesmo com tanta dor, não?
No Espiritismo, minha religião, acredita-se que os animais reencarnem quase que automaticamente. Se for assim, alegre-se. Nesse momento o Gollum já pode ter nascido novamente e estar prometido pra outra mamãe muito carinhosa. E, quem sabe, não é vc mesma? : )
Sei que vc não curte muito religião, mas é interessante, não?
Bjos e carinho.