stardust we are / nothing more, nothing less

na quarta-feira fiquei com a tarde livre e fui ao cinema às 2 da tarde, na paulista. difícil decisão: resident evil 3 ou stardust (traduzido ridiculamente como “o mistério da estrela”)?

optei pelo segundo, com certo medo. pelo que o pôster antecipava, me preparei para o pior: sou fã de neil gaiman e imaginei que poderiam estragar sua história…

felizmente eu estava errada. o filme é legal e tem algumas coisas de fato ótimas: michelle pfeiffer perfeita como uma bruxa muito má e robert de niro muito engraçado interpretando um pirata pouco ortodoxo, digamos. foi um ingresso bem pago: 2 horas de pura diversão e um final feliz pra completar. quem pode desejar mais numa quarta-feira à tarde? 🙂

porém… é, teve um porém. foi a primeira vez que vi (em contraposição a ler) alguma história do neil gaiman e, sem querer ser a chata de “livro é melhor que filme”, não é a mesma coisa. tenho uma paixão toda especial por quadrinhos e ouso dizer que gosto mais de quadrinhos que de livros. principalmente quadrinhos do quilate de tudo que já foi publicado por neil gaiman, alan moore e tantos outros gênios de contar histórias.

não é só a riqueza das ilustrações que torna a experiência de ler estes quadrinhos incrível, é também o espaço de imaginação que é concedido ao leitor. são histórias longas, com referências interessantes, faz pensar e sonhar. filmes são tão rápidos, tão… “mastigados”, que nos resta pouco a fazer senão engolir rapidamente. descobri que gosto muito de mastigar! ver filmes é como comer comida rápido demais, sei lá.

alguém mais sente isso às vezes?

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mas assistir filmes não é sempre assim, felizmente. semana passada assisti sunshine — do mesmo diretor de extermínio (28 days later), que eu adoro — e deixou aquela sensação boa de “preciso pensar sobre isso”.

não é à toa que escrevo sobre os 2 filmes ao mesmo tempo: o “pó de estrela” do primeiro filme é tema recorrente no segundo, embora de forma menos literal. o pó de estrelas de sunshine é uma referência à nossa insignificância e pequeneza, é o grande drama dos físicos.

a história é o seguinte: o sol está morrendo e a humanidade faz sua última tentativa desesperada de reavivá-lo. uma nave espacial, levando uma bomba poderosíssima com o poder de fazer renascer uma estrela, deve chegar ao sol e fazê-lo brilhar novamente. das janelas da nave vemos a terra, coberta de neve (quando vista do espaço não é mais azul, é branca), que não pode suportar mais a era glacial e vai morrer congelada em breve.

não conto como termina a missão, mas não importa se o final é triste ou feliz, o que sempre importou o tempo todo é que somos pó de estrelas, e só. e como somos frágeis e pequenos!

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mas assistam (ou leiam) a fábula de gaiman, porque é bom e sincero acreditar que ainda que sejamos nada mais que pó, podemos ser felizes e brilhar, sim senhores.

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  1. Hum, adorei Stardust, tanto o livro quanto o filme. Pena que não fez lá muito sucesso, né? Acho que o problema dos filmes é que nós não controlamos o tempo… Lendo um livro ou quadrinho temos um maior controle… Eu perco uma hora fácil relendo algumas histórias de Sandman.

    Sobre Sunshine é difícil comentar sem discutir a história. Como fã inveterada de sci-fi gostei muito do filme, até a parte em que eles, bem, começam a desvendar o mistério da nave perdida… Os conflitos psicológicos que surgiam dentro da nave no início do filme me interessaram mais, e penso que poderiam ser melhor explorados. Mas é um excelente filme, sem dúvida.

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