muita calma pra pensar

dezembro é mais devagar, e exatamente por isso estou com mais tempo de ler, escrever e pensar. muitos posts pela frente, aguardem 🙂

procurando por infantilização achei coisas interessantíssimas em várias esferas: marketing, política, educação, psicologia e literatura.

não era sobre isso que eu procurava, mas é um bom assunto também. leiam vocês:

O que quero dizer é que um dos motivos mais terrivelmente evidentes para o desconhecimento dos clássicos da literatura portuguesa é a impenetrabilidade linguística que eles crescentemente apresentam ao leitor comum. Mesmo que existisse apetência pela sua leitura (essa é uma outra discussão), a Língua em que estão escritos representa um sério obstáculo. Garrett começou a modelar a face moderna da língua portuguesa, que Eça estilizaria e fixaria. Entretanto, Garrett tornou-se quase incompreensível. Camilo tornou-se quase inacessível. Eça tornou-se praticamente insuportável.

(jorge colaço)

o blog infelizmente acabou, mas o que foi escrito continua por lá e dá pra perder um tempinho com prazer. como é bonito o português de portugal, não? mesmo os blogs mais simples e informais são lindamente escritos.

li várias opiniões sobre infantilização, mas nada do que procurava de verdade. o que eu queria é alguém avaliando esse fenômeno de forma mais ampla, gostaria de entender o que está levando o mundo nesta direção.

por que não nos permitimos mais crescer? por que não arcamos com nossas responsabilidades voluntariamente? por que marmanjos e marmanjas continuam achando que suas incompetências são sempre culpa de outros?

continuarei na busca. e apesar de não ter nada a ver com o assunto, achei no meio dessa procura um texto interessantíssimo sobre sedução que vale ser compartilhado:

O sedutor precisa dominar, por saber-se frágil demais para compartilhar, enquanto o seduzido recusa o princípio de realidade, em favor de uma aposta no devaneio.

(brasil cultura, ivo lucchesi)

e aliás, há criaturas mais sedutoras que as crianças? esse texto de psicologia vale uma passada de olhos. até porque mistura infantilização e sedução.

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  1. Muito interessante esse texto sobre a literatura portuguesa. Em minha opinião, alguém dizer que um texto escrito em portugal no começo do século 20 é incompreensível é simplesmente um atestado de nossa indigência cultural. Não se lê clássicos da literatura portuguesa simplesmente porque no Brasil não se lê nada. É um país em que é “legal” ser ignorante, onde as pessoas quase que se orgulham de não saber. E se você sabe imediatamente vira “pedante” e “arrogante”. Tristes trópicos.

  2. rodrigo, não sei não… veja: ele não se refere ao brasil, concorda? ele fala de portugal, que é um país (se é que se pode fazer essa comparação) mais culto que o nosso.

    lendo o post dele, tenho a impressão que ele questiona a evolução do idioma e a distância que separa o português de hoje do português de poucas dezenas de anos.

    é um fato, e não sei se a questão é indigência cultural ou “obsoletização” muito rápida do idioma.

  3. interessantes estes temas que andas buscando, zel. gostei. com o que trabalhas? eu trabalho dando aulas na universidade, e sou diretora da escola de musica. percebo, nao so aí, mas de modo geral, algo no mesmo caminho do que comentas. acho uma falta de comprometimento geral, mas nunca tinha pensado nisto como infantilização. e me parece que isto seria até ofensivo para as crianças, tão desbravadoras elas! mas vou pensar no que dizes. talvez tuas respostas tenham a ver com o post esotérico aí de baixo, com o budismo ou coisas assim. sem querer simplificar. beijos!

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