a lei mais básica da natureza

eu poderia dizer que sou atéia, mas não é bem verdade. é que não acredito naquela figura divina humanizada e também não acredito numa figura divina não humanizada. mas acredito, sim, em algo que de tão simples parece bobo (e não é): só colhemos o que foi plantado, regado e muito bem adubado.

é verdade que nem sempre fomos nós que colocamos lá a sementinha, mas pode ter certeza que regamos e adubamos. não existe nada que nos caia no colo sem o devido investimento, assim como na natureza não existe nada que não tenha sido, de alguma forma, cultivado. às vezes estamos no lugar certo na hora certa e aproveitamos o plantio de outro; e às vezes estamos no lugar errado na hora errada e ficamos de mãos vazias. mas é bem de vez em quando – a maior parte do que recebemos na vida é fruto do nosso investimento. não adianta colocar a culpa na chuva, não.

fico observando meu passado e é impressionante como tudo o que “colhi” (dinheiros, pessoas, histórias, dramas, etc,) é conseqüência do como e quanto investi. eu poderia colocar a culpa na terra, nas minhocas que apareceram pelo caminho e inclusive na semente, mas já não consigo mais mentir muito pra mim mesma faz tempo, infelizmente, e vejo que eu é que fui uma jardineira muito incompetente boa parte do tempo.

mas não fui só incompetente, claro, fui também dedicada e amorosa, e frutos bons apareceram. e consegui aprender com meus erros, o que me tornou melhor nessa história de plantar. por isso não me culpo por receber tantas coisas boas da vida – eu sei que mereço, que não é sorte e nem acaso, não senhores. eu me responsabilizo pelas bobagens que fiz e faço, e recebo com felicidade e orgulho as coisas boas. é tudo meu, feito por mim.

e por que acredito nisso com fé, não tenho pena de ninguém.

quando alguém me parece equivocado (pra não dizer um imbecil completo) e tenho desejo de dar uns chacoalhões na criatura pra ver se ela cai em si, paro um pouco e observo bem quem é a pessoa e o que ela colhe na própria vida. bastam alguns poucos minutos de observação e já me sinto melhor – não é preciso chacoalhão ou castigo, a tal lei da natureza se encarrega de tentar balancear o mundo.

mas não me iludo mais: o chacoalhão da minha lei preferida da natureza nem sempre funciona. repare como há montes de pessoas ao seu redor que só levam rasteira na vida e continuam no mesmo lugar, reclamando das mesmas coisas e cometendo os mesmos erros!

loucos, segundo a definição de einstein: loucura é agir sempre do mesmo modo e esperar obter resultados diferentes.

pois para usufruir o máximo desta lei de colher-o-que-se-planta, tenho me empenhado na seguinte estratégia, muito simples:

1) ser uma pessoa legal de se conviver: procurar ser ética, honesta, sincera e bem-humorada

2) não agredir as pessoas – prestar atenção às palavras que uso, ao tom escolhido, às expressões não verbais

3) ouvir a opinião dos outros, mesmo que eu discorde

4) perceber o mundo: respirar, observar, enxergar ao meu redor, sentir

5) ser feliz, em cada momento, agradecendo pelas pequenas coisas boas

é difícil pra caramba fazer essas coisas aparentemente tão simples. mas quanto mais invisto nelas, melhores são os frutos que colho. vale a pena.

talvez pra você a estratégia seja outra, não importa. o que importa é saber que sua atitude, no seu micro-universo, faz diferença.

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agradecimentos especiais

esse post foi escrito depois de ler um blog de alguém que só se fode na vida e, ainda assim, se acha a bolachinha mais gostosa do pacote. megalomania no último estágio, disfarçada de “mera opinião”, sempre modulada no modo passivo-agressivo.

senti uma raiva danada quando li. e sentir raiva sempre me faz refletir sobre minhas motivações, meus incômodos e minha vida. só que nesta ocasião, especificamente, refletir sobre minha vida me fez perceber que tenho sido muito abençoada. e isso merece uma auto-condecoração, já que acredito que tudo o que conquisto é graças a mim mesma.

obrigada, ser-das-trevas, você demonstrou na prática que mesmo as coisas aparentemente asquerosas (tipo cocô) acabam sendo úteis pra hortinha de alguém.

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  1. O que adianta religião ou crença em seres superiores se as pessoas não fazem absolutamente nada pra mudar o que deu errado? Elas não aprendem com o erro e isso pra mim é uma burrice sem tamanho. Podemos e devemos errar, faz parte do aprendizado, mas insistir no erro é algo que não consigo tolerar. E o pior… insistir no erro e ficar reclamando.

    Vigio meus pensamentos, minhas palavras, minhas ações. Não que eu tenha deixado de ser expontânea, mas raramente falo algo que eu venha me arrepender posteriormente. Procuro plantar minhas sementinhas diariamente. Como vc mesma disse, não é NADA fácil, mas vale muito a pena!

    Viver seria bem mais fácil se todos fizessem isto ;D

    Beijo grande!

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