… mesmo, de coração. porque essa coisa bizarra, que só podia ser invenção de americano, só existe graças à falta de compaixão do ser humano. esse pequeno artigo explica o conceito, e eu gostei especialmente desse resumo: ter compaixão é não ter indiferença frente ao sofrimento do outro.
é da nossa natureza criticar e julgar e, freqüentemente, verbalizar nossa opinião a respeito das diferenças e dificuldades dos outros. quando ligamos o botão do “foda-se” para o que os outros vão sentir quando dizemos nossas próprias verdades a respeito deles, esquecemos completamente a compaixão. deixamos de nos colocar no lugar do outro.
esse comportamento é comum nas crianças, e com razão: elas ainda não aprenderam a se colocar no lugar do outro, a ter compaixão. elas dizem o que lhes vem à cabeça, e nem sempre é algo legal de ouvir. esse sentimento ou atitude se aprende, não nasce conosco. e há muitos (mesmo!) adultos que ou não aprenderam direito ou ignoram os sentimentos alheios.
por isso digo que o politicamente correto é uma aberração – é um remendo para a falta de educação emocional da humanidade (ou um instrumento para processar os sem-noção, pode ser…).
escrevo sobre isso porque deu pra perceber neste post que várias pessoas já se sentiram vítima de alguém que não sabe o que é compaixão. me parece óbvio que o real sentido da compaixão é mais fácil de entender quando você é vítima do que quando é algoz, e nós trocamos de papel o tempo todo sem perceber. não me iludo – é inevitável errar quando o algoz é você, pois é difícil observar diferenças e fragilidades. ok, não é exatamente difícil, mas demanda sensibilidade e atenção, produtos em falta na vida de quem vive a milhão. a pressa e a ansiedade têm conseqüências, e a perda de capacidade de se sensibilizar pelo que nos cerca é uma delas. (depois perguntam porque eu quero diminuir o ritmo…)
há uma infinidade de pessoas que confundem humor com crueldade e falta de compaixão. fazer graça com a dificuldade de fala de um amigo gago, por exemplo, não é exatamente legal. pode até ser engraçado – pra todo mundo menos pra ele, é claro – mas não demonstra nem um pouco de compaixão.
tenho pena de quem precisa agredir ou ridicularizar os outros pra se destacar. não há nada errado em fazer piadas ou ter opinião negativa sobre qualquer assunto, mas nunca é demais se colocar no lugar do outro e pensar duas vezes antes de falar/escrever.
acredito que choque e dor são inevitáveis e fazem parte do processo de mudança e crescimento de todos nós. “levar porrada” não é necessariamente ruim, muitas vezes ajuda de verdade. mas se você é o emissor da “porrada”, pense bem se é esse mesmo o sentimento que você deseja provocar. e pense se não está simplesmente usando a fragilidade de alguém pra se sentir melhor. ter compaixão não é a mesma coisa que mentir o tempo todo, é aprender a ter consciência de que tudo o que você diz pra alguém tem conseqüências – você é agente ativo no processo de convivência, não se exima disso!
penso muito nisso, pois sou impulsiva e cheia de gracinhas. e já me peguei muitas vezes com vergonha de mim mesma, o que é sinal que sou humana e erro, mas que fui bem criada e sou uma pessoa legal. i care.
Experiência própria, eu já machuquei muitas pessoas com minha acidez, e percebi que em muitas vezes eu falei criticando a mim mesma, mas acabou respingando em quem estava por perto.
Mas é como você mesma disse, no fundo eu sou boa pessoa mas tenho que controlar o humor negro.
Zel, adorei o seu texto e acho que você vai gostar um bocado desse texto aqui do Rubem Alves: http://olhoscaramelos.wordpress.com/2008/03/04/etica-de-principios/
Um grande beijo e uma doce semana,
Cássia