a constante procura (e alguns encontros)

vocês já se depararam com pessoas que quanto mais você conhece pior lhe parecem? é estar apaixonado ao contrário: cada nova mania, gesto, gosto e opinião vão deixando a gente mais e mais desinteressado.

(há que ter cuidado pra não virar ódio, sentimento chato pra diabo de conviver)

tive um namorado na última era geológica que me veio com a seguinte teoria: você conhece alguém e a pessoa o interessa, inicia-se um relacionamento (de qualquer natureza); o reconhecimento mútuo de interesse (eu me interesso por você e você por mim) é o ponto alto do relacionamento e daí pra adiante é só ladeira abaixo, o relacionamento só piora. conclusão (dele): devemos cuidar para evitar os pequenos desmoronamentos, devemos estar sempre atentos.

sempre achei essa teoria horrorosa, mas tenho que conceder que há nela alguma coisa aproveitável. talvez esse seja mesmo o caminho inevitável de relacionamentos que começam forçados. por exemplo: mulher desesperada para encontrar uma paixão encontra homem louco para encontrar uma paixão. há boas chances dos dois em questão forçarem a barra pra que, de alguma forma, seus desejos sejam realizados. hoje é ela que ignora o fato dele usar sapato caramelo (cafonice máxima); amanhã ele finge que não viu que ela pinta as unhas do pé de vermelho (coisa que ele considera vulgar). e eles vão seguindo, engolindo os sapos e cedendo cada dia um pouco pra realizar aquele desejo inicial que eles inclusive já esqueceram qual era.

eu vivo passando por essas crises de “relacionamentos forçados” porque tenho mania de achar que “se meu amigo gosta de fulano eu também vou gostar”. muito e sempre me engano, porque mesmo as pessoas mais queridas e boas gostam de e, pior dos azares, até se apaixonam por criaturas desprezíveis ou insuportáveis. minha extensa experiência tentando conviver com esse naipe de pessoas ensinou que é melhor perder o amigo que perder a paciência.

mas mundo é grande e cheio de gente (tinha que ter vantagem a superpopulação), e não raro encontro o melhor tipo de pessoa, aquele tipo que quanto mais a gente conhece mais se apaixona. mesmo os defeitos ou as pequenas coisas incômodas parecem mais engraçadas que chatas, e a gente gosta mais um tiquinho a cada dia. é um tipo de relacionamento atemporal, que podia ter começado ontem ou há 25 anos, não importa. é sempre um prazer ouvir uma história ou saber das novidades, compartilhar as dificuldades que todo mundo tem e quase todo mundo supera.

eu tenho sorte demais – casei com alguém que a cada dia e a cada novo ano me dá mais prazer de conviver. são bobagens, pequenas coisas que fazem do convívio, amizade e amor experiências únicas. também as coisas grandes como caráter, posicionamento diante da vida e dos outros seres humanos e atitudes fazem valer a pena dedicar amor e tempo a algumas pessoas.

talvez a coisa mais importante que aprendi nos últimos anos é que nosso tempo e amor são preciosíssimos e que devemos oferecê-los com todo cuidado do mundo. não é qualquer um que merece nosso amor e atenção. verdade seja dita, quem me ensinou essa lição foram os relacionamentos do primeiro tipo. depois de desperdiçar um tanto de mim mesma com eles, decidi ser mais seletiva e principalmente valorizar muito mais os que valem a pena.

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  1. Zel, faz tempo que eu desisti de “gostar pq o meu amigo gosta”, pq já é tão difícil conviver com os amigos que fazemos, não é?

    Eu sou bem “seca”, “má”, “grossa” e etc:só entra mesmo no meu círculo de amizades quando eu gostar, incondicionalmente (coisas de quem tem lua em sagitário). No mais, eu até convivo com as pessoas numa boa, sou sociável e bem-humorada. Mas não me peça pra ser “friends4ever” pq eu não tenho mais saco.

  2. Zel, entendo e concordo muito com vc…

    Eu tenho contato quase diário com uma pessoa por quem me desapaixono a cada dia que passa. Minha professora de alemao, de quem levei o último coice há poucos dias. Fiz uma cópia de um filme bacana pra ela, que olhou o dvd e notou apenas um erro de ortografia no título (que eu escrevi a mao, com letra caprichada) e sequer agradeceu. Ainda bem que falta pouco pra eu parar de ter contato com ela, haja coracao pra aguentar tanta “despaixao”!

  3. Zel,

    pior é quando o objeto do nosso não-amor/desamor não se toca, e insiste num contato forçado. Uma antiga amiga, da qual me distanciei e muito com o passar dos anos, continua a me mandar e-mail, torpedo/msm, a ligar… E não se toca que sempre não tem resposta! O pouco respeito que eu ainda tenho pela figura começa a virar asco e desgosto.

    Antes eu achava que esse meu comportamento de “limar” pessoas era ranzinice e anti-sociabilidade. Agora vejo que é apenas questão de bom senso.

  4. Ai Zel, às vezes eu tomo um susto quando leio alguns textos do teu blog. Tenho a impressão que você sou eu. hohohohohoho

    Esse sentimento da “paixão ao contrário” eu conheço tão bem… já me orgulhei de me aproximar das pessoas e dar a elas 100% de confiança logo de cara… pra quebrar essa mesma cara 2 dias depois!

    A duras pancadas da vida, aprendi que a gente deve dar apenas 1%, e vai aumentando esse índice conforme vão merecendo, conforme vamos as conhecendo…

    Não sei se me tornei melhor ou pior, mas sei que gosto muito mais de mim, assim.

    Beijocas

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