o lugar onde moramos tem bichos de montão. passarinhos de todo tipo (com os cantos mais estranhos – às vezes acordo assustada de manhã!), lagartos, patos, gambás e sabe lá o que mais. e tem os macaquinhos, que são as coisas mais fofas do universo.
descobri que eles são chamados mico-estrela e que não são nativos da nossa região, são na verdade vítimas de tráfico de animais silvestres (do centro-oeste e nordeste do brasil) e de pessoas irresponsáveis que soltam os bichinhos da mata quando cansam deles.
pode parecer que soltá-los “de volta pra mata” é uma boa idéia, mas não é: eles podem consumir os ovos das aves da região e causar desequilíbrio ecológico.
os pequenos são íntimos da nossa casa, pois o morador anterior dava comida pra eles com freqüência. além disso, tem uma palmeira / coqueiro (não sei!) que tem aqueles cachos de coquinhos amarelos, e eles adoram. basta fazer um barulho de assovio e eles aparecem, procurando comida.
conversamos com nossa veterinária e perguntamos se podíamos / devíamos ou não alimentá-los. ela nos explicou que o grande problema de começar a alimentá-los é que eles perdem o medo de humanos e são vítimas de pessoas más, que capturam e judiam deles. quanto à comida fazer mal a eles, ela nos garantiu que oferecer frutas não é um problema. ela só não recomendou dar banana (pasmem), pois não é uma fruta que faz parte da alimentação deles.
depois de 2 meses observando os bichinhos e vendo que eles já estão completamente “estragados” (ou seja, se aproximam de humanos sem medo nenhum), resolvemos oferecer manga (que nos pareceu uma fruta mais próxima do que eles achariam pelos quintais). provavelmente não é uma boa idéia, mas ficamos com pena dos bichinhos pedindo comida e acabamos cedendo.
eles vêm em bandos, e chegam só até a cerca, ao lado dos coqueiros. ficam ali espiando, esperando, e quando chegamos com pedacinhos de fruta, pegam da nossa mão com aquelas mãozinhas minúsculas, comem e pedem mais. eles se revezam carregando os filhotinhos, e quem estiver com o filhote fica longe de nós (felizmente), esperando os outros comerem. é impressionante como um animal tão pequeno (30cm) pode ser tão inteligente.
com um misto de prazer e culpa, demos manga pros bichinhos duas vezes. depois de ler este artigo sobre a proliferação deste tipo de macaco aqui na região, vou pensar melhor antes de alimentá-los. mas é difícil resistir, os danadinhos são lindos demais! vejam uma foto que o fer tirou há pouco tempo:
criaturinhas charmosas do inferno 🙂
(aqui tem mais uma foto, depois eu subo muitas mais)
Ai, Zel, que judiação o que fazem com os pobrezinhos… que ÓÓÓÓÓÓDEOOOOO!!! Como pode?
Apesar do que dizia o artigo, eu nao teria coragem de deixar de alimentá-los. Será possivel vc arranjar um cafofinho pra eles ai? Será q eles ficariam mais seguros?
beijo.
Não, Barbara, não é o caso.
Eles estão à vontade na mata. Mesmo a comida que demos, eles certamente não precisam dela.
Na verdade nós acabamos nos aproveitando do fato deles já estarem “estragados” pelos outros para satisfazer nossa vontade de vê-los comendo da nossa mão.
Diminui um pouquinho a culpa, mas não toda. O certo seria não oferecer nada mesmo.
Abraço
a gente tem mesmo uma relação egoísta com os animais. mas eu não resistiria a dar comida de jeito nenhum, seria mais forte que eu.
toda minha reverência pra esses seres.
bjs