eu me dispus a escrever um post sobre esse assunto, e agora estou numa sinuca de bico – não tenho a mínima idéia do que se pode fazer para acabar com o anafalbetismo. além da resposta óbvia, claro, que é botar todo mundo na escola desde pequenininho.
há iniciativas de alfabetização de adultos que eu acho massa, como a alfabetização solidária, que dá a opção de adotar um aluno. só isso já é uma ajuda enorme, e qualquer um de nós aqui lendo essa tela nesse momento pode ajudar, afinal são 21 reais por mês por oito meses. fala a verdade, qualquer um gasta bem mais do que isso por mês em bobagens!
não tenho dúvidas que o melhor caminho é alfabetizar todo mundo desde pequeno e procurar resolver o problema dos que ficaram de fora com a alfabetização de adultos. mas me preocupa muito o que se chama de anafalbetismo funcional. o artigo linkado diz que 65% da população entra nessa categoria, ou seja, foi alfabetizada mas não consegue interpretar textos.
por maior que pareça esse percentual, desconfio que esteja correto. a quantidade de pessoas que não consegue interpretar os textos mais simples é assustadora, eu me deparo com elas todos os dias. e o que fazer neste caso?
novamente, tem o óbvio – melhorar o sistema de educação – e eu não vejo como corrigir esse problema em adultos. talvez promovendo a leitura (embora ela não seja suficiente por si só) ou promovendo eventos de leitura / interpretação, como workshops, quem sabe?
já imaginei eventos em centros culturais espalhados pelas cidades, em espaços abertos ou em anfiteatros. haveria um facilitador que conduziria a leitura e a interpretação, garantindo que as pessoas pensem, falem, discutam e exercitem a interpretação.
não seria legal? ação fácil e relativamente barata, bastaria construir um bom apelo pras pessoas irem até os locais, se interessarem pelo assunto.
é difícil imaginar que esses 65% dariam prioridade a eventos culturais e o desenvolvimento intelectual diante da situação precária em que vivem. mas sonhar não custa, e é pra isso que essa postagem coletiva foi proposta – pra pensar no assunto 🙂
Pois é, Zel, um belo post, uma cutucada na reflexão de cada um. A agonia de um analfabeto num ponto de ônibus ou diante de um cardápio é algo que não se explica com facilidade, só vivendo pra saber. Acho os programas de alfabetização de adultos muito louváveis, por outro lado, existem burocracias demais, eu penso que qualquer pessoa com alguma formação e boa vontade já poderia alfabetizar outros adultos, mas é sempre cheio de exigências, tem que ser pedagogo, etc, blá, blá, blá…enfim, poderia haver cursinhos básicos para quem tiver interesse em ser um alfabetizador, que não é exatamente um professor formado em magistério. Bom, sei lá, é uma luz no túnel, eu faria o curso com certeza…rs.
Valeu por levantar a questão, talvez encontremos outras soluções aqui na blogosfera. Bj!
Zel, as idéias foram muitas em relacao ao assunto. Mas uma coisa me surpreendeu bem. As pessoas estao mesmo dispostas a ajudar e a fazer alguma coisa. Nem que seja ajudando a pagar os livros para alguma crianca.
Obrigada pela participacao,
Abracos Georgia
Eu acho que a solução não é só colocar na escola desde pequeno, mas colocar em uma escola que avalie os alunos, desde a primeira série, não somente pedindo que eles leiam em voz alta, mas também que faça com que eles entendam o que estão lendo, mesmo naqueles textos mais simples de histórias infantis. Aumentando, claro, o nível de dificuldade sempre. Incentivar a leitura crítica.
No entanto, as escolas não têm essa mentalidade. A públicas porque, entre muitos outros fatores, não interessa ao governo formar uma população crítica.
Mas é comum ver um aluno que sempre estudou em escolas particulares consideradas boas, que se formou na faculdade, não saber interpretar muito bem um texto. E quando sabe, não questiona o que lê. Você mesma já falou muito aqui sobre isso.
È triste chegar a essas conclusões todas…
Legal, mas se a gente falar para 40, 50, 100 crianças ou adultos (ou quantas couberem num auditório), irem até o auditório, quantas irão? Não era muito mais fácil irmos até centros comunitários próximos ao lugar onde essas pessoas já estão?
Acho ainda que tem um grande “complicador”: a pressa. Hoje em dia temos urgência para tudo, ninguém quer “perder tempo” lendo, relendo e interpretando. Hoje em dia quase tudo já vem pré-processado, mastigado, é preciso acabar com a preguiça mental. Como? Eu ainda não sei e não sei também se algum dia iremos achar uma solução. Por enquanto vamos tentando soluçoes paliativas.