ET – telefone – minha casa

eu já contei que tenho pa-vor do livro invasores de corpos, certo? e o filme não ficou atrás – aquela gente na rua tudo com o mesmo jeitão de venha brincar conosco, chuvisco me apavora completamente.

pois eu descobri que não precisa de alienígena nenhum pro mundo ser assim, basta vir visitar essa região dos estados unidos que estou agora. sério, é apavorante. descobri que chamam esse pedaço aqui de christian belt, e isso não tem nada a ver com o uso de acessórios. é toda uma região de gente religiosa e conservadora ao extremo, que vive uma vida insípida e pasteurizada (pelo menos na minha opinião).

eu sei que é importante respeitar a cultura alheia e blá blá blá, mas francamente – que coisa horrorosa é viver num sistema que não tem espaço para nenhuma diversidade! porque tem gente de vários lugares do mundo por aqui, sim, mas eles se mimetizam e se transformam nessa coisa amorfa e politicamente correta que é o americano médio cristão. horror, horror.

no jantar de domingo (às 18h, porque aqui depois das 19h já não tem mais nenhum lugar “respeitável” aberto) com uma família típica da região, descobri que as crianças não têm acesso a videogame e nem TV, e não assistem nada da disney (fiquei com medo de perguntar o motivo).

aqui as pessoas não fazem nenhuma pergunta pessoal (nenhuma mesmo) e contato físico está fora de questão (até aperto de mão parece ter caído em desuso). por outro lado, as famílias são numerosas (sempre 3 filhos ou mais), o que me leva a pensar que as coisas são bem diferentes entre as 4 paredes… 🙂 (ou controle de natalidade é proibido)

e no escritório as coisas ficam ainda mais bizarras – baias altas, todo mundo quieto no seu canto (nada de conversas, cada um quietinho no seu cubículo) e ninguém trabalha junto, em equipe. colegas que sentam lado a lado trocam emails ou falam no MSN! agora eu começo a entender a ojeriza dessas pessoas por reuniões. são eventos infernais, as pessoas têm que conversar, fazer coisas juntas, olhar nos olhos, ECA! 😀

todos parecem loucos pra acabar tudo logo e ir embora rápido pra casa, de preferência evitando o contato com os colegas durante o dia. vão embora correndo pra cortar a grama, ensinar tabuada pros filhos e, quem sabe, fazer mais filhos? eles parecem ter medo de contaminação, seja por germes seja por idéias.

podem me chamar de louca, mas isso aqui é a coisa mais próxima do inferno que consigo imaginar. e sei que há vários lugares neste mesmo país que são bem diferentes (nova iorque, são francisco, por exemplo), mas desconfio que isso aqui que estou vendo representa uma parte grande do jeito americano de viver. e é assustador.

não sei o que me assusta mais – existir tanta gente que vive assim ou existir tanto ou mais gente que enxerga isso como ideal de vida, como “vida perfeita”. medo-medo-medo.

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nota da autora: é provável que eu esteja reagindo exageradamente à realidade que estou conhecendo, dêem um desconto pro meu espanto. é que antes de fazer essa viagem, eu só tinha viajado pros estados unidos a trabalho nas cidades de NY e washington DC, cidades bem mais cosmopolitas.

0 comments to “ET – telefone – minha casa”
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  1. Hahaha – seu relato fez eu visualizar aquelas cidadezinhas macabras onde a população esconde um segredo… bem arquivo x… rsrsrsrsrs

    Sai logo daí que este lugar não te pertence! rs Beijo!

  2. Olá Zel. Passei por isto tb qdo fui trabalhar por uns dias numa fábrica no Tenesse, em uma cidadezinha bem pequena. O que tb me chocou foi que todos andam com os vidros do carro fechados e NÃO OLHAM DO LADO !! É como se vc não existisse. E a experiência em lojas ? Fui ignorada apesar de falar inglês fluente, pois o meu ‘accent’ não era o deles. Mais e mais adoro o Brasil !

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