quando a década de 80 começou eu tinha 8 anos, o que significa que eu realmente fui formada naquela época – para o bem e para o mal 🙂
vivi o new wave, acompanhei a ascenção do rock nacional e (shame on me) usei os cabelos e as roupas mais medonhas de toda história da moda universal. o que pra vocês, mais jovens e mais velhos, é exótico e curioso, pra mim é motivo de vergonha. daí, talvez, meu ódio às cinturas altas, leggings e afins.
das muitas coisas bizarras daquela época, uma delas nunca deixa de me supreender – os filmes. não sei se é só a estética, acho que a verdadeira questão é que os filmes (e séries) dos anos 80 são meio esquizofrênicos. há algumas coisas verdadeiramente libertinas – tipo armação ilimitada, de onde vem meu apelido – mas ao mesmo tempo foi quando começou uma onda de repressão sexual por conta da AIDS.
não se preocupem que eu não vou entrar numa digressão sobre a época, isso tudo é só uma introdução pra falar pra vocês de um filme que vi pela primeira vez na semana passada, amantes de verão (summer lovers, 1982).
é importante contextualizar: eu não vi esse filme na época, mas o marido não só tinha visto quando era adolescentíssimo (ele é 2 anos mais novo que eu) como esse foi por muito tempo “O” filme-referência da vida dele (e vocês já já vão entender o porquê).
a história é massa – um jovem casal americano vai passar as férias em santorini, que na época era a meca da liberdade sexual juvenil, e se envolvem com uma francesa. o casal vira um trio – mesmo, com direito a morarem juntos – e a história se desenrola lindamente.
todo mundo é lindo e bronzeado, o ciúme e as dificuldades existem mas são superados com muito mar, sol e vontade de ser feliz. e a daryl hannah está absurda de tão linda. a única coisinha (inha mesmo) que me incomodou foi o clichê das duas “dividirem” o cara sexualmente e se tornarem amigas que se dão muito bem. não há grandes tensões sexuais entre as duas, só uma grande cumplicidade e afeto. mas pedir, além de tudo, pra explorar a sexualidade das duas seria demais, né? um relacionamento bem-sucedido a três já está de bom tamanho.
mas não se iludam (eu me iludi e me frustrei) – não tem sexo nenhum no filme, na-di-nha. é um filme praticamente de sessão da tarde, não fossem os pêlos e peitos ocasionais.
o filme me surpreendeu, seja porque nunca achei que fosse ver uma abordagem leve para o tema (que me interessa muito), seja pra confirmar como o cinema ficou careta. a violência nunca esteve tão explícita nas telas, já o sexo… pasteurizou geral. tudo plástico e depilado, só falta o magipack.
de qualquer forma, recomendo esse passeio no passado não tão distante. não só pela história (legal demais) nem pelos atores (deliciosamente jovens e lindos) mas também pela vista. santorini é mesmo um lugar de sonho – bem mais careta hoje em dia, que conste – e o cenário perfeito pra viver qualquer história de amor. enjoy!
oi zel. eu adoro os filmes de 80-90. nossa. um monte de filmes de sci fi ótimos também, tem o they live, do john carpenter [adoro], repo man, blade runner é de 82 né? e mais um monte de filmes com o rutger hauer 😉
e tinha filmes australianos legais 🙂
no filme big chill de 83, do lawrence kasdan tem um lance assim tbm mas é bem sem sexo, os caras são mais amigos que outra coisa
Zel, e eu que achava que só eu tinha visto este filme. Ele é um ano mais velho que eu, mas mesmo assim, consigo enxergar o que você falou. Fora que eu passei a ter o sonho de conhecer Santorini depois de tê-lo assistido. Adorei!
Saudade de passar por aqui. Beijo!