eu entendi porque o povo deprime no domingo

eu adoro TV, vocês devem ter reparado. mas tem coisas que eu simplesmente abomino na TV, e uma delas é fantástico (a outra é domingão do faustão, eu acho ele asqueroso).

eu não sei explicar porque paramos no tal programa ontem. na verdade eu sei sim – foi a coincidência: falávamos no dia anterior sobre a média de filhos por família no brasil estar atualmente abaixo de 2. comentávamos que essa mudança era um progresso e tal, mas é inevitável lembrar de idiocracia. afinal, vamos fazer contas: eu não tenho filhos e um bando de retardadas espalhadas por aí tem 3 ou 4. o pool genético está seriamente comprometido e devíamos nos preocupar, a sério.

voltando ao programa de TV – a matéria falava sobre a queda de natalidade, mostrando famílias que optaram por não ter filhos e as conseqüências dessa escolha. falo disso em um minuto, mas vamos à minha primeira indignação: programa de alcance nacional quase irrestrito, certo? vocês pensam que eles falaram sobre métodos contraceptivos ou mesmo sobre o quanto é importante limitar a procriação para que a vida no planeta seja sustentável? não, eles não falaram nada disso. perderam uma excelente oportunidade de dizer pro bando de neandertais que só faz ter filhos pelo brasil afora que parem de botar mais gente no mundo. perderam a oportunidade de explicar como e porquê controlar natalidade é importante.

juro por deus que pareceu que diminuir a taxa de natalidade é uma coisa ruim.

bom, e aí teve os casos específicos: a mulher que opta por não ter filhos e fica puta da vida porque “a sociedade” não a reconhece como mulher completa porque ela não quer tê-los. ou que diz que “a vida dela não estará completa” se ela não parir. porque no final das contas, é isso: tá cheio (lotado!) de mulheres nesse mundo que acreditam mesmo que a coisa mais importante que elas farão na vida é criar um fedelho. elas, por si só, não valem nada. os filhos é que dão sentido às suas vidas vazias. o firmamento me proteja, que eu jamais entre nessa viagem errada.

(aliás, que fique registrado: tá combinado com o marido que se tivermos filhos e eu por acaso for possuída pelo demônio da mãe-que-nasceu-pra-isso, que ele me dê uns tapões bem dados no pé do ouvido)

mas desviei do assunto, tem mais e pior: uma louca foi pra rede nacional em horário nobre dizer que não tem filhos porque não tem tempo de trepar com o marido. acabou-se toda e qualquer noção, esse foi o marco que faltava. não sei o que me incomoda mais, se é saber detalhes da vida sexual alheia que eu preferia ignorar ou se é tratar sexo como atividade para reprodução. tipo: sexo como lazer ou forma de se relacionar com seu par não rola, é acessório, desnecessário. inclusive tou congelando os óvulos, tá, que aí a gente nem precisa trepar pra procriar, vamos poupar tempo. socorro!

nossa revolta com a matéria era tamanha que ficamos discutindo o assunto acaloradamente e nem percebemos que o assunto mudou, a próxima sensacional matéria era sobre educação. exemplo e contra-exemplo de modelos de escola que funcionam pelo brasil afora, etc. mostra então o caso de um menino que abandonou a escola aos 8 anos porque não tinha sapato. a escola arranjou sapato pro menino e ele voltou a estudar, uma coisa bem legal. aí vão visitar a família do infeliz pra entrevistar os pais, e adivinha quantos filhos a vagabunda da mãe dele já pariu? 5, minha gente, CINCO. o mais velho não tem sapato pra pôr no pé e os filhos da puta continuam trepando loucamente sem nenhum controle e têm mais outros 4 rebentos.

como é que alguém não se revolta, me expliquem? qual é o mecanismo que vocês encontraram pra não sair gritando com tudo que é vadia com filho no colo que pede dinheiro na rua? como vocês dizem não pra criança guardando carro às 10 da noite na rua sem querer matar alguém?

por essas e outras é que eu evito sair de casa e assisto supernatural – pra ver os mocinhos bonitos exterminando monstros e bandidos (i wish…) e pra sonhar que o processo evolutivo ainda vai encontrar meios de resolver essa cagada imensa que nós estamos fazendo com nossa espécie.

e, por precaução, vou programar minha TV pra pular a rede globo, que ela me causa um mau humor dos infernos.

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  1. beleza seu post, só uma observação:

    eu grito é com a homarada mesmo que acha que é só mulher que tem que se preocupar com a questão contraceptiva.

    além do quê, enquanto uma mulhar está grávida de uma criança, o homem pai dessa mesma criança pode engravidar quantas outras quiser, ou seja, o grito tem que ser dado na direção certa… 😉

    abraço!

    aninha, eu concordo que o homem tem uma parcela de responsabilidade, mas na minha opinião a resposabilidade maior é da mulher. a menos que ela seja estuprada, sempre tem a opção de dizer NÃO. é ela que vai engravidar, carregar a criatura, amamentar e etc. ela devia se preocupar MAIS com as conseqüências da gravidez.

    e postos de saúde no brasil todo têm camisinha e anticoncepcional, só não usa quem não quer. minha avó foi enfermeira por sei lá, 30 anos, e os recursos estão disponíveis e faz tempo. existe a ignorância sim, principalmente nos lugares mais pobres do brasil, mas acredita em mim: a maioria não é simplesmente ignorante. eles não estão nem aí. até porque um filho a mais é mais um pra pedir dinheiro ou pra botar pra trabalhar.

  2. hehe.

    Falando serio, pena que ter filhos nao possa ser um experimento do tipo “se nao gostar eu volto atras”. Porque de verdade eu recomendaria muito ter um filho, é gostoso demais e ainda mais numa familia inteligente como a sua. Unzinho que seja. Agora concordo plenamente, da raiva extrema com esse pessoal pauperrimo tendo um filho a cada 10 meses.

    beijos, mariana

  3. Que bonito, chamando mulheres que não sabem direito o que fazem de vagabundas, cujo crime absurdo, aos teus olhos, foi ter filho.

    Elas são MÃES. Talvez elas não sejam do jeito que VOCÊ, que não paga a conta delas, espera que sejam. Mas são mães.

    tubaína, minha filha: não sabem direito o que fazem? você bebeu? quem tem CINCO filhos não entendeu ainda como funciona? faça o favor… ter cinco filhos sem poder nem alimentá-los devia ser crime mesmo, pena que não é.

    além disso, ser MÃE e VAGABUNDA é uma opção. não sei de onde você tirou que ser mãe isenta a criatura de ser uma idiota!

  4. Eu vi a tal matéria e também fiquei boba, mesmo com os quadros de “humor” intercalados. Praticamente condenando quem decide não ter filhos.

    Eu pretendo ter filhos. Mas isso não quer dizer que falta algo à minha vida, ou ao meu casamento. Pelo contrário, quando for o momento, que seja um elemento a mais, e que venha depois de um bom planejamento financeiro.

    Mas deprime ver que chegamos até aqui, depois da “revolução” sexual, “liberação” feminina, e voltamos à estaca zero. Uma mulher que abre a boca pra dizer que teve filhos porque só assim se sente mulher dá vergonha alheia. Você pensa, pra que tanta luta se parece que o que a maioria deseja é voltar a esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque, criando umas dez crianças?

    O negócio é encarar o fim do domingo jogando Masters. Sério!

  5. Também ví a tal matéria e a impressão que me passou foi exatamente essa… de que o controle de natalidade é ruim e nos expõe a extinção da espécie.

    Enquanto uns fazem um planejamento financeiro e procuram ter poucos filhos para ter uma melhor qualidade de vida, outros (muitos!) procriam feito coelhos sem ter nem o que comer… quem dirá para alimentar os filhos.

    Fiquei assistindo e imaginando o povo parando tudo na hora do fantástico pra produzir mais filhos. Bateu um desespero em imaginar aquelas famílias com 7 filhos e mais um a caminho! 🙁

    Faltou explorar muitos pontos importantes…

    E sobre a mulher que declarou em rede nacional que não tem tempo pra transar com o marido… sem comentários! Só pensei “azar o seu” =P

    Beijo!

  6. A matéria continuou o estereótipo de que quem não tem filho,o faz por motivos totalmente egoístas.

    O da mulher que não queria estragar o corpo e até o músico que não gostava de criancinha. Como se fosse pecado mortal não gostar de criança.

    Queria ver quem tem menos paciência com criança: o músico que as evita ou as mães que colocam as suas ninhadas pra fazerem malabarismos com limão no farol. Ai do menino/a que não trouxer uns trocados pra casa!

    E Zel, concordo com vc com respeito aos anticoncepcionais quando diz que eles estão disponíveis. Eu fazia serviço voluntário em uma associação que distribuía gratuitmente remédios e anticoncepcionais (ai que raiva de quem chama anticoncepcional de remédio, como se filho fosse doença!) e a surpresa era ver esses anticonceptivos estragarem, porque nem sempre haviam interessadas. Acabavamos repassando pra os postos de saúde, anticonpecionais de última geração e caros, e íamos recebendo cada vez mais crianças para dar cesta básica e etc.

    Mesmo oferecendo palestras informativas……

  7. O pior é que essas mulheres ignorantes se acham inteligentes quando fazem um outro filho, porque vão ganhar “Bolsa Família”, “Bolsa Escola”,”Cartão Alimentação”, “Auxilio Gás”, “Bolsa Alimentação”, “leve leite”, etc…

    O governo, que deveria se preocupar em controle de natalidade e laquear, de graça, mulheres que já tem vários filhos, ainda dá benefícios para que a procriação desvairada continue…

    Outro dia, no farol, uma coitada veio com uma nenê no colo me pedindo $ prá fralda. Eu estendi os braços prá fora da janela e disse: Dá ela prá mim que eu cuido. E a “mãe” me respondeu: Eu NÃO, ela é o meu ganha pão!

    É vagabunda ou não é?

  8. irene, exatamente meu ponto. a cidade de são paulo tá coalhada de mães vadias que têm filhos pra usar no sinal (seja no colo, seja pra vender bala ou coisa assim). eu juro que tenho ganas de matar todas. outro dia inclusive tive uma discussão com uma delas, parecida com essa sua.

    isso pra não entrar na seara das mulheres que engravidam pra segurar homem, que é outra forma de usar as crianças. ÓDIA!

  9. Zel, como eu já te disse antes:

    Os idiotas são em maior número, e se reproduzem mais rapidamente.

    Bom, a Globo jamais vai dizer alguma coisa que bata tão de frente com a igreja, como “controle a natalidade”. O povo jamais vai questionar a Globo ou a Igreja sem cultura e educação. Eles jamais vão ganhar educação se, geração após geração, o raciocínio crítico vai sendo estrangulado brutalmente dessa forma. Se fosse possível voltar e encher de porrada os primeiros pais que permitiram que a TV tomasse o papel de principal agente educador dentro de casa, eu voltava. Mas agora é tarde, as catracas já estão girando.

    Eu abraçarei completamente algum idéia de desenvolvimento futuro pacífico que permita reverter esse processo generalizado de imbecilização. Mas, até o presente momento, meu pensamento crítico só consegue enxergar uma formar de resolver essa questão: uma grande catástrofe irá dizimar uma parcela considerável da população. A parte ruim é que, como os idiotas se reproduzem em maior velocidade e número, eles detém as maiores chances de sobrevivência.

    Levemente apocalíptico, eu sei, mas a não ser que me mostrem uma alternativa plausível, eu realmente acho que já foi tudo pra merda.

    Bjos

  10. Sempre tem alguém para dizer isso, do jeito que a Tubaína falou: São MÂES. E coloca ainda com letra maiúscula, como se fosse alguma espécie de divindade…me dá até sono.

    É como acontece qdo as pessoas morrem e daí vem um bando de hipócritas falar “Ah, mas era tão boa pessoa”, mesmo se a pessoa que morreu fosse um baita do FDP. A pessoa não muda de caráter por morrer…ou por virar mãe.Gente sem caráter é sem caráter e pronto.

    Tenho minhas crises de maternidade, por todos os motivos do mundo…Não tenho um instinto maternal aguçado, nem preciso de um filho pra me realizar. Mas tenho medo de me arrepender por não ter. Tbém entendo quem vê um filho como objetivo de vida, tenho várias amigas que são mães e pensam assim. Not me. Não sei se terei ou não, mas acho que não. Não por não gostar de crianças, porque eu gosto, mas um filho nunca fez parte dos meus projetos pessoais.

    Mas colocar 5 crianças no mundo, pra pedir esmola…porra, isso não é ter instinto maternal, a mulher não teve o filho por amor, nem para colocar a criança como sua maior realização na vida. Apenas criou mão de obra escrava e essas mulheres são irresponsáveis, vagabundas mesmo.

    E a Globo fala sim como se fosse algo ruim a queda da natalidade…Pra ela deve ser ruim mesmo, porque é assim: quanto menos criança necessitada, menos audiência para programas como o “Criança Esperança”. É a única explicação plausível.

    Eles deviam fazer algum programa para controle de natalidade nas mesmas proporções do Criança Esperança.

    Bjos, Zel.

  11. zel. pela primeira vez alguém falou tudo o que eu penso!!! fico desesperada quando vejo essas reportagens, e esses demógrafos, falando que queda de natalidade é ruim (num país que em 30 anos saltou de 70 milhões pra 170 milhões de habitantes). e já bati boca na rua com mulheres que ficam pedindo dinheiro com criança no colo e mais meia dúzia atrás vendendo bala. isso sim é inversão de valores. dá revolta, dá indignação e parece que tem todo um aparato pronto e em funcionamento para que seja assim mesmo.

  12. Zel, eu trabalhei com assistência jurídica gratuita por 6 anos e a maior parte dos casos que eu encarei era de reconhecimento de paternidade/pensao alimentícia. É desesperador ver o que tem de crianca por aí, as brigas, a falta de nocao de homens e mulheres. Achei que estaria livre disso ao mudar de país. Pfui. Ledo engano. A Alemanha, como é notório, está envelhecendo. O governo dá uma ajuda de custo pra cada crianca que nascer, ou seja, a camada mais pobre da populacao, que já vive de assistência social, comecou a se multiplicar. Tem gente com escadinha de 4, 5 filhos, cada um de um pai diferente, vivendo às custas do governo (que logo logo nao vai aguentar mais, já que hj em dia existem mais aposentados que contribuintes). Volta e meia aparece na tv casos de criancas que morreram desnutridas (uma delas, aos 7 anos de idade, morreu pesando 8 kg), sem contar a proliferacao de programas do tipo “Ratinho”, que oferecem testes de DNA. Pára o mundo, que eu quero descer!!!!

  13. Oi Zel,

    Minha mãe é assistente social e participei de uma projeto em comunidades aqui do Rio que o foco era o controle da natalidade.

    O que acontece:

    1. Essas mulheres não se reconhecem como cidadãs, profissionais, não se identificam como as atrizes da TV, modelos das revistas, não tem seus direitos garantidos etc. A única forma de pertencer a um grupo, de serem reconhecidas de ganharem algum status dentro da comunidade/sociedade é quando se tornam mães;

    2. O nível de educação é muito baixo e elas muitas vezes não conseguem seguir todas as recomendações sugeridas nos programas de natalidade do governo (por mais simples que sejam)e as vezes porque recebem muita informação ao mesmo tempo. No final acham tudo difícil e seguem mantendo o comportamento de sempre;

    3. Os programas são descontinuados e sem a distribuição gratuita de preservativos ou de pílulas essas mulheres abandonam os métodos anticoncepcionais;

    4. A influência de maridos e companheiros que se recusam a usar preservativo;

    Enfim, são muitos problemas e esse é um tema bastante complexo de ser tratado num país como o Brasil, infelizmente.

    O acesso aos programas assistencialistas do governo não diminuiria o número de nascimentos.

    É urgente que o Brasil consiga implementar programas eficientes de controle de natalidade mas as dificuldades são muitas.

    Culpar as mães não é a resposta.

    Bjs,

    Dani

  14. daniela, eu tenho opinião bem diferente a respeito. acho que há fatores externos que atrapalham, sim, e muito. mas ainda assim, acho que a “culpa” é das mães. elas têm escolha, e como você pode ver aí em vários comentários, várias delas escolhem de forma egoísta e irresponsável (atitude tipicamente humana, aliás).

    veja o comentário da amiga que está na alemanha. qual é o problema da alemanha, que é o oposto do brasil? o mesmo: as mães, as seres humanas.

    mas eu sou cínica e não acredito que ser humano tem jeito, vai ver o meu filtro é que está errado mesmo!

  15. Dani, mas de qualquer forma a decisão, a atitude não tem que partir das mulheres?

    Sei que há “n” agravantes que impedem uma solução simples, mas ainda assim, creio que cabe a mulher boa parte desta solução.

    Bj!

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