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eu não sofro por muito tempo, nunca. as coisas doem, incomodam, eu choro um rio de lágrimas e quando eu menos espero, passou. ela me disse que isso é culpa da minha lua, e eu acredito porque a claudia sabe tudo e mais um pouco (além de ter a lua idêntica à minha).

agradeço muito todos os recados, emails e os abraços. recebi todos os carinhos de vocês e tenho absoluta certeza que minha pequena está em algum lugar melhor. eu inclusive acredito em vida após a morte para os animais, acredito mesmo que há um céu para os bichos. acredito também que eu vou pra lá quando chegar a minha hora, vou me esforçar bastante pra merecer estar lá, apesar de todos os meus erros.

e falando em erros, esse recado que recebi e publiquei aí embaixo foi interessante, por dois motivos: o primeiro foi minha reação / resposta. há alguns anos, tudo teria sido bem diferente. eu teria sentido raiva, xingaria, ficaria revoltada mesmo. hoje eu só sinto muito pelos equívocos alheios. fico triste quando vejo pessoas que poderiam ser legais sendo escrotas, simplesmente porque não enxergam o outro. outra coisa que me surpreendeu foi não querer discutir com quem não me respeita. novamente – há alguns anos isso não importava, eu discutia pela discussão. me importava menos o resultado e mais o processo, discutir era um modo de vida. cansei disso – só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder.

o segundo motivo é que este recado me fez perceber que as pessoas acendem luzes pra ver melhor mas não entendem que olhar demais para a claridade também cega. defender idéias é sensacional, eu realmente admiro quem se empenha em se fazer ouvir, vender aquilo em que acredita e mudar o mundo. mas toda crença cega e radical é ruim, é tão ruim quanto “o mal”. é impressionante como o mundo está cheio de pessoas que poderiam ser do bem e se tornam tiranas escrotas porque exageram na dose.

vocês vão rir e fazer chacota da minha citação, mas tudo bem: nessa altura da vida isso já não me incomoda mais 🙂 as novelas da dragonlance têm um mundo particular, inserido num universo que é organizado por três grandes forças: luz, escuridão e neutralidade. cada força tem exatamente o mesmo poder, e enquanto a luz e a escuridão tentam prevalecer, a neutralidade procura sempre trazer equilíbrio, tomando partido de acordo com a ocasião.

essa tríade é formada por irmãos: paladine (a luz), takhisis (a escuridão) e gilean (a neutralidade). eles são filhos do caos, e influenciam o mundo que criaram (krynn) e suas criaturas.

faz-se referência a “bem” (a luz) e “mal” (a escuridão) às vezes, mas o que existe de mais legal nesta série é que nenhum dos dois lados é certo ou errado. eles têm visões diferentes das mesmas coisas, são lados opostos da mesma moeda. e têm, ambos, seus pontos fracos e seus exageros. os elfos, representantes da luz, são arrogantes, fechados, conservadores, detestam e desprezam tudo o que é diferente de si mesmos. os ogros, representantes da escuridão, são violentos, irascíveis e se consideram as criaturas escolhidas pelos deuses. por outro lado, os elfos amam e respeitam a natureza e a beleza; os ogros são corajosos e leais aos seus camaradas. quem está certo, quem está errado?

em diversas ocasiões nesta novela (que tem centenas de livros, dos quais li talvez 2 dúzias) a luz prevalece e destrói tudo que vagamente lembra a escuridão. é uma luz cegante, estéril, que não dura muito tempo. quando a escuridão prevalece, o mundo é formado de escravos. no decorrer das longas histórias, percebe-se que a beleza da vida e deste mundo está na diversidade, no respeito pelas diferenças, no equilíbrio.

pessoas boas às vezes se tornam completos imbecis porque esquecem que ser bom não significa estar sempre certo, e que os fins não justificam os meios. passar por cima dos sentimentos e crenças alheios não é aceitável em nenhuma hipótese, mesmo que sua causa seja justa. ter razão não dá a ninguém o direito de ser cruel. usar a vantagem de ser “do bem” para pisar nos outros é muito escroto.

por que contei essa historinha? porque ela ilustra bem aquilo em que acredito cada vez mais: respeito ao próximo (seja pessoa, animal, planta) é a chave para uma vida melhor. procuro direcionar minha vida a entender como posso melhorar minha interação com o que me cerca, de vários pontos de vista. minha interação não é obviamente perfeita, mas eu sei onde quer chegar.

dou um exemplo: acho mais prioritário aprender a ser respeitosa com aqueles que estão diretamente ao meu redor que deixar de comer omelete para respeitar a galinha. eu amo animais e acho relevante questionar se é justo usar as galinhas para botar ovos para o meu almoço, mas de que adianta poupar as galinhas e ser um filho da puta com alguém ao alcance de um email? (hello leitora cither, essa foi pra você! aprenda a ser melhor com seus semelhantes antes de ser qualquer outra coisa; isso é essencial).

por isso eu entendo, uso essas experiências de tristeza e incômodo para aprender a ser melhor, mas mantenho distância de seres radicais. porque aprendi também que não preciso me submeter a todas as provações (e vencê-las) pra ser melhor.

em suma, entôo um mantra velho conhecido de todos: vá de retro, satanás! (um dia falo sobre a figura do demônio, que é interessantíssima neste contexto)

e vou pra próxima página, que eu não nasci pra sofrer. e também acordo pra vencer, que nem ela.

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  1. E o mais incrível é que muitas vezes nós é que somos as malvadas, escrotas e perversas, simplesmente por assumir o bom e o ruim como uma coisa natural e necessária para o equilíbrio, parao caminho do meio, por falar o que pensa, por ser honesta e dizer dava, mas não deu, agora não dá, por não se ferir ou se violentar para agradar o outro, para ser a feliz, boazinha e amada (para o outro). A gente vai aprendendo e é assim mesmo, todo dia uma nova lição. E a doidice alheia ajuda que é uma beleza quando confrontada com a nossa própria doidice. Sigo aprendendo contigo e te amando cada vez mais. A gerência agradece a preferência. ;o)

  2. Zel, alguém que não entenda o seu sofrimento, o seu amor pelos seus animais, não merece crédito. Quem manda um recado desses tá mais preocupado em “estar certo”, “por cima”, em apontar o dedo, do que em defender qualquer animal ou causa com sinceridade (e prefiro acreditar que a defesa sincera de um ideal leve naturalmente ao respeito pelo ponto de vista alheio).

    Sinto muito pela sua perda. Mas tenho certeza que onde quer que ela esteja vai estar muito feliz e estará eternamente grata por todo o amor que recebeu de você e do seu marido.

    Tem gente que nao gosta de viver com animais por causa do sofrimento que fica quando eles partem. Mas acho que a alegria e o aprendizado que ganhamos supera, e muito, todo e qualquer sofrimento…

    Um abraço!

  3. Oi Zel,

    eu reparei que vc tava sumida, achei que era or causa do trampo.

    Bom, mais nem sei oq ue falar numa hora destas, eu que fiquei 01 semana com febre quando mue gato morreu, só posso lhe desejar muita tranquilidade.

    E com diria o mestre JEDI

    Que a FORÇA esteja com você !!!

  4. Querida Zel

    Realmente não entendo o pq certas pessoas entram no blog, lêem, e resolvem escrever posts que não tem nada a ver. Gente que quer polemizar e acaba sendo tão irritante que aquilo que eles tanto defendem, perde todo o sentido.

    Admiro sua paciência. Acho que preciso entoar mais mantras…

    Bjs

  5. Equilíbrio é tão difícil, né, Zel?

    Acho que “Semancol” é o que faz a diferença. Um segundo de bobeira e podemos desrespeitar o sentimento alheio, falando a coisa errada na hora errada.

    Muito insensível a moça do post abaixo, muito cruel o comentário em uma hora tão triste.

    Minha solidariedade pra vc, tenho certeza que sua bichinha tá no céu dos bichos, junto com os outros furões.

    beijos

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