das muitas propagandas bizarras que existem no mundo, as que mais me deixam besta são as de xampu e produtos para cabelo. não somente pelo brilho e glamú característicos e aqueles cabelos alienígenas (2m de comprimento e a pura purpurina), mas principalmente pela descrição de dezenas de problemas capilares que eu desconheço.
(se bem que as propagandas de creme dental são bizarras também)
pontas duplas, ressecamento, caspa, falta de brilho, descamamento (afe), frizz (?), volume, falta de volume, afinamento, tratamento químico e o escambau. essa lista é maior com certeza, eu é que não lembro.
sou uma pessoa que crê no poder do mercado, então pressuponho que tais produtos milagrosos e extremamente específicos funcionam pra um monte de gente. mais que isso – as pessoas querem e precisam loucamente de produtos que corrijam montes de problemas com seus pobres cabelos inadequados.
mas é fé pura, porque não consigo me relacionar com esse mundo-do-cabelo-no-centro-das-atenções. meu desapego ao cabelo vem de longe – nunca me importei em cortar muito o cabelo, nem com mudar de cor, nem nada. adoro mudar o cabelo, e essa é minha única preocupação com ele. observo as mulheres que idolatram seus próprios cabelos como se fossem a coisa mais importante do universo com o mesmo espanto que observo os anéis de saturno. incrível e estranho.
por que tanto apego e cuidado com o cabelo? será que os cabelos na mulher são um diferencial no jogo evolutivo, e as mulheres com cabelos maiores e mais chamativos são as mais bem-sucedidas evolucionariamente?
deve haver uma boa explicação para o furor do cuidado com o cabelo. me contem ali nos comentários pelo amor de deus, acabem com a minha curiosidade!
Zel, pra explicar o que eu acho que é a causa desse “furor do cuidado com o cabelo”, precisaria escrever um post – porque teria de falar de conceitos de feminilidade, ideal de perfeição, embasamento da auto-estima… Muita coisa.
Mas eu entrei em pânico mesmo quando vi um comercial de uma linha de produtos que promete resolver “o dano que você não vê”, isto é, os problemas que são invisíveis mas que aparentemente existem no seu cabelo. Tipo, se você tem um cabelo lindo como os das propagandas, mesmo assim tem que gastar rios de dinheiro para cuidar dele, pois ele está invisivelmente uma porcaria. Não sei se me explico, mas pra mim isso é o cúmulo da obsessão.
Meu cabelo é cacheado, faço escova constantemento por conta do nosso grande descontentamento de ter nascido como nasceu (isso é do ser humano mesmo). Mas quando estou de cabelo liso, esvoaçante, as coisas fluem melhor, me arrumo mais rápido, estou sempre com uma cara agradável. Ao contrário de quando tô com o cabelo como eu nasci, encaracolado, desarrumado, com um ar de desesperada com aquele cabelo esquisito. Fala Sério! nada como uma chapinha, ceramidas, silicone e guanidina,rsrsr
Já li não sei onde e nem quando que, segundo pesquisas de empresas de cosméticos, as mulheres brasileiras são as que mais gastam com suas vastas cabeleiras no mundo!
Sou daquelas que não usa nada, pelo menos nisso Mamãe Natureza me abençoou: qualquer xampu barato satizfaz. Atualmente, até o corte é doméstico, graças aos pendores …er..artísticos da minha filha.
Beijos, querida!
meninas, obrigada pelos comentários 🙂
sério: eu acho maluco esse furor do cabelo. tou doida pra mais gente comentar, aí eu entendo melhor…
Zel, eu sempre dei bola pra cabelo, meu sonho era ter o cabelo mais liso do mundo, sofria com os cachos, sofria com os cortes, sofria com tudo. Até o dia em que, por problemas genéticos, meu cabelo começou a cair. Aí é que eu percebi que o importante é TER cabelo, e ponto final. E não importa se é liso, pichaim, cacheado, roxo, verde, etc. Eu (ainda) não fiquei careca, não. Mas perdi boa parte do montão de cabelos que eu tinha. De toda forma, hoje aprendi a dar mais valor para o que a gente tem, sem sofrer com as características que a natureza nos deu. E é isso. Beijo!
Bom, quando tinha os cabelos compridos encanava muito mais com eles, porque o bichinho simplesmente não assentava de jeito nenhum. Resolvi o problema cortando curtinho, e fazendo hidratação de vez em quando, e pagando R$ 60,00 num xampu, e mais outros tantos reais em leave in… Enfim, não sei a explicação correta, mas o que posso dizer por mim é que com o cabelo desajeitado eu não me sinto bem. O problema maior acho que é a obsessão por um cabelo que nunca será seu. Meu cabelo é fino, ralinho, não adiantava eu ficar querendo o cabelão da Maria Fernanda Cândido. Fiquei muito mais tranquila depois que resolvi cortar que nem a Xuxa. Apesar de ainda gastar dinheiro com ele, não me desperta mais atenção os produtos que prometem milagres. Uso os que acho legal e fazem bem pro meu cabelo, e pronto. Corto, deixo crescer, corto de novo, sem crise nenhuma. Minha máxima é: cabelo cresce, desencana. Mas eu também gostaria de entender o que se passa na cebça daquelas que choram quando cortam dois dedinhos…
Zel, acho que os cuidados com os cabelos aumentam de acordo com a idade… quando eu estava com vinte aninhos qualquer Neutrox ou Kanechons da vida davam jeito no meu picumã… atualmente uso tanta coisa e quando penso que encontrei a máscara de hidratação dos meus sonhos, a cabeleira já pede outro tipo de combinação… rsrsrs
Viva a Lóreal Profissionnel!!!
Beijos Zel!!! (Acompanho seu blog há muito tempo e sou fã)
Bem, eu sou privilegiada pela Natureza na questão cabelo. Tenho 61 anos, poucos fios brancos, e um cabelão cheio e bonito, naturalmente liso, cortado em camadas, uso um xampu de 20 reais e quando lavo quem seca é o vento. Faço escova de 15 em 15 dias. Hidrato eventualmente. Pinto, porque gosto de variar a cor, mas pinto de dois em dois meses. Como nao tenho brancos, nao preciso aquele famoso retoque no pé de 15/15 dias. Acho natural a preocupação das pessoas com a aparência. Tem gente que nao liga, e eu respeito. Mas eu ligo, fui professora a minha vida inteira, faço palestras, faço teatro, e não fico à vontade se estiver “em traje de apagar fogo”, como dizia minha mãe. Ando com cabelo arrumado, já saio do quarto de manhã com baton e brincos, e olha que sou aposentada e às vezes passo 3 a 4 dias sem sair de casa, escrevendo. Faço isso porque gosto de passar pelos espelhos e me ver com uma cara boa. E cara boa para mim, a minha cara, inclui o trio baton/brinco/cabelo.
Quando eu era mais nova, nao me importava com mudancas radicais, já tive cabeloes compridos que chegavam na cintura, já tive joaozinho, já pintei de várias cores, nunca consegui entender a mulherada chorona que sofre por conta de dois dedinhos a menos. Nunca dei muito trabalho pra cabeleireiro, sentava na cadeira e pronto.
Mudei pra Alemanha e comecou o drama…
Meus cabelos afinaram muito e comecaram a cair, cair, cair. Antigamente eu mal conseguia dar duas voltas num elástico, pra fazer um rabo de cavalo. Da última vez em que fiz um, dei três voltas e ainda assim ficou um pouco folgado…
A água aqui é ruim (resseca absurdamente tudo, virei uma uva-passa, as pernas chegam a ficar esbranquicadas) e passei a precisar de máscaras de tratamento se quiser cabelos penteáveis.
Cabeleireiro aqui é um drama – caríssimos, grosseiros, umas primas-donnas. Na minha primeira vez, a cabeleireira queimou a minha testa com o secador e quando eu reclamei, ela jogou o secador na bancada e falou “faca vc mesma entao”.
Aqui eu gasto muito mais com cabelo do que gastava no Brasil (lá, qualquer shampoo cheiroso, pra cabelos oleosos, dava jeito. aqui, nao.)
Como gordinha, te digo que cabelos e unhas sao a forma mais fácil de ficar bonita, ou pelo menos ser considerada adequada. Emagrecer nao acontece tao rápido, mas um cabelo bem cuidado, com aspecto saudável e unhas feitas sao coisas que a gente consegue fazer sozinha e tem um efeito imediato. Aplicando um pouco de filosofia de botequim, eu diria que o cuidado (ou a falta de) com os cabelos é a primeira forma de integrar-se ou nao à sociedade. (Acredito que todo mundo já tenha ouvido, em algum ponto da infância, a infame frase “Vai passar um pente nesse cabelo, menina, assim vc parece um bicho do mato!”)
Os punks, por exemplo, adotam um corte espetado, agressivo, pra se colocarem à margem da sociedade. O padrao hoje em dia é da mulher de cabelo liiiiiiiiiiso, de preferência loiro. Olhaí a quantidade de gente se intoxicando com formol, só pra ficar lisa…
As donas de cabeleiras onduladas, crespas, sonham com o controle que um liso proporciona. (Me incluo nessa categoria! ) Quando eu era crianca, minha mae fazia escova em mim. Puuuuuuxa, estiiiiiiica e finalmente o chanelzinho ficava no lugar. Quando eu era adolescente e descobri que meus cabelos cacheavam se eu penteasse com menos frequencia, quase enlouqueci a minha mae… Que me fez chorar de dor ao pentear meus cabelos com uma escova, na marra. (Pente largo e carinho sao fundamentais pras ondas e cachos!)
Bom, falei mais do que esperava, de uma maneira desordenada, mas espero que vc entenda…
E quando não é a gente que se preocupa são os outros. Já fui abordada por uma estranha na rua que perguntou o porquê de eu não fazer uma “definitiva” já que iria ficar lindo pois que segundo a opinião dela meu cabelo natural é feio.
Olá, meu nome é Débora, sou propriedade pública e sinta-se à vontade para dar pitaco na minha aparência.
E tudo isso porque o “bonito” é ser lisa, loura e magra. Rá. Eu não sou nada disso por isso tenho que consumir todos esses produtos.
Zel querida, apenas as meninas enquanto adolescentes, têm motivo para ter um piti quando o cabelo é cortado dois dedos acima do esperado. Até porque geralmente acabam não sendo apenas dois dedos (só se eles consideram os dedos na vertical pra medir…).
Eu explico com uma situação que vivi aos 12-13 anos: fui ao salão cortar os cabelos para a viagem de encerramento da oitava série (sim, você não leu errado)… naquela época, os hormônios estavam a mil, meu corpo mudando, logo, os cabelos tb. Eu pedi um corte na altura do ombro (depois que secasse), a figura que cortou meu cabelo o deixou acima do ombro, quando molhado. Zel, sem noção… eu fiquei a cara do Zacarias quando o trem secou. Todo dia eu secava o focoió pra ir ao colégio de manhã cedo, caso contrário, passaria o dia me sentindo um trapalhão.
Hoje em dia, aos 25, faço escova progressiva duas vezes ao ano (é, meu cabelo não é dos mais complicados, admito) pq quero praticidade, afinal faço natação três vezes por semana e o famoso ‘lavou, tá novo’ é o que há, como diz a moça que atualmente cuida dos meus cabelos. Meus cabelos estão na metade das costas, lisos, com a cor original de fábrica, porém um pouco ressecados devido ao cloro. Aí faço hidratação de vez em quando e tá tudo certo.
Para as descompensadas que se acabam na frente do espelho do salão só vejo duas alternativas: ou o cabeleleiro errou MUITO a mão ou ela se protege com o cabelo de alguma coisa. É como um escudo para a auto-estima dela, sei lá.
Beeeeeeeijos!
Olá! Tô aqui por conta da Deniza (LRM). Ela sempre fala de ti. Bem… Você conhece o antropólogo inglês Edmund Leach? Ele produziu um estudo sobre cabelo lá pelos idos dos anos 60 se não me engano em que (como, disse Lévi-Strauss, é uma coisa boa para pensar) fala do “cabelo mágico”. Atualizando o que ele disse, parece que o fascínio pelo cabelo tem a ver com nossa concepção cultural de que o cabelo simboliza algumas coisas que podem nos dotar de valor social. O cabelo, dependendo de como aparece, pode comunicar saúde, beleza, riqueza, poder, sensualidade etc. Assim, socorro! Vamos investir no cabelo. Basta pensar em uma pessoa com o cabelo realmente descuidado. Com certeza ela será vítima de rejeição social.
E eu? Sim, eu cuido. Tá lá meu banheiro cheio de cremes e shampoos. 🙂
Olha Zel, cabelo já foi o último refúgio da minha vaidade. Nunca liguei pra muita coisa, mas passei fases em que o cabelo era sim o centro dos meus cuidados com aparência. Talvez pq sempre usei a cor dele pra me afirmar de alguma forma, quando era criança e loura, e depois quando fiquei moça e ruiva. Hoje em dia eu estou bem mais consciente e tenho apenas o cuidado mínimo necessário com ele: tintura de dois em dois meses, um xampu barato que não me dê caspa e um bom condicionador. De vez em quando me dá a louca e eu compro um produto novo, nunca algo caro, mas que invariavelmente vai ficar jogado no banheiro até passar da validade. E tb tenho as loucuras de passar óleos e coisas naturais que eu resolvo que fazem bem pro cabelo.
O cabelo é uma coisa muito visível e muito tátil. Acho que servir de moldura pro rosto (que pra mim continua sendo, sim, o que define uma pessoa bonita ou feia) é algo importante, ainda mais quando nos conscientizamos de que quase ninguém é perfeita. Então, se a “pintura” não ajuda muito, vamos investir na “moldura” pra valorizar o quadro 🙂
Ah! Ó, pra mim assim: cabelo é importante sim. Se o cabelo tá bom, o resto só ajuda. Mas sem tanta neura…
faço progressiva, uso shampu phitoervas de 11 reais, nao passo condicionador, e dou uma secadinha de 3 min pra dar uma ajeitada na franja.
Meu cabelo é fácil de cuidar até. nao to reclamando nao….
O cabelo ajuda a desenhar o rosto e suavizar, sei la… acho que um cabelo bem arrumado, com um corte bacana faz toda a diferença.