muito obrigada a todos que mandaram dicas de doação dos equipamentos! doar equipamentos especializados é muito mais difícil do que pensei. não sei se é falta de organização ou é inerente à natureza da doação, fato é que precisei entrar em contato com a empresa que nos vendeu o lote de equipamentos no passado pra conseguir direcionar a doação.
mas está dando certo, e agradeço muito a força. espero que alguma instituição faça bom uso 🙂
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é incrível como as pessoas enganam a si mesmas constantemente. é um mecanismo normal de defesa, eu sei, mas parece que quanto mais recursos intelectuais pior fica o cenário.
parece bobinha, mas a expressão inglesa (americana, talvez?) walk the talk é perfeita para o que quero comentar. é fácil falar, é mais fácil ainda criticar; difícil é ser e fazer o que se fala.
é tão comum ver pessoas intolerantes e tirânicas falando de liberdade que já nem me causa mais choque. algumas das pessoas mais radicais e obtusas que conheço defendem a liberdade. não é irônico e muito menos engraçado, é triste. principalmente porque estas pessoas acham que não são obtusas ou radicais, eles acham que palavras são mais fortes que atos, que intenções valem de alguma coisa.
é fácil pregar tolerância e liberdade quando se está isolado (falo um pouco mais de isolamento daqui a pouco), num contexto no qual não é necessário praticar a tolerância e exercitar a liberdade (principalmente a alheia). pessoas que escolhem relacionar-se somente com seus iguais (e de preferência poucos) praticam o contrário da tolerância. usam sua liberdade de escolha para transformarem seu entorno numa ilha que está 100% sob controle. no fundo, não é necessário fazer nenhum exercício de tolerância, pois o que as cerca é reflexo delas mesmas, não há resistência ou atrito.
(sempre há atrito, mesmo entre iguais, claro. mas é muito, muito menor. e nos mantém na nossa ilhazinha de conforto)
minha tendência é de falar e não fazer, e reconhecendo essa minha limitação, tenho feito exercícios de comportamento. ao invés de vir aqui e desfiar longos discursos (como este :)), tenho preferido arregaçar as mangas e viver, me relacionar com as pessoas, dar a cara pra bater.
muitas vezes é chato e incômodo conviver com a realidade. é bem mais simples e fácil manter contato somente com meu marido, os poucos amigos que eu escolhi e as escolhas de consumo intelectual. é mais fácil ficar em casa pra não ter que conviver com “as outras pessoas”. isolar-se é cômodo e pode parecer cool, mas é, no fundo, pobre.
daí meu exercício em 2 fases:
1/ fazer é melhor que falar. a punhetação intelectual (seja em blog, livro ou numa conversa) é inútil e só serve para tentar impressionar outros ou se auto-convencer. ao invés de dizer que é tolerante ou liberal, seja. demonstre na prática que aceita a diferença, que tem capacidade de conviver e admirar o que não é reflexo você, abandone o narcisismo. tenha compaixão, procure compreender o outro.
2/ enxergar e respeitar o outro. observar o mundo ao redor com legítima curiosidade e ver o lado bom das coisas é essencial. é preciso também parar de criticar tudo e todos, fazer piadinhas e destacar o que é esquisito, estranho – diferente. não significa que não faço mais piadas ou coisa parecida. mas é preciso dosar – rir de tudo é desespero, sei lá quem disse mas é verdade. relacionar-se e conviver (na prática!) com a diferença é preciso para crescer.
depois que comecei a gerenciar pessoas no trabalho, esses 2 itens têm sido primordiais. quero estender isso para a vida toda, todos os relacionamentos. ver o brilho escondido nas pessoas e dar bons exemplos me tornam uma pessoa mais feliz. as pessoas ao meu redor reagem de forma feliz também, potencializando minha própria felicidade.
todo mundo quer ser reconhecido e admirado pelo que é; todo mundo gosta de coerência. pois eu vou contribuir com a minha parte para um mundo mais feliz 🙂
Para esta humilde pessoa o simples fato da senhoura existir já é motivo para felicidade sublime. #prontotádito.
amor