pessoal, é hoje. no dia 2 de junho de 2000 eu publiquei meu primeiro post, dizendo basicamente “oi, cheguei e não sei como se usa isso aqui” 🙂
desde então o blog faz parte da minha vida, para o bem e para o mal. escrevi muitas coisas aqui das quais me arrependo, e não é à toa que mantenho os anos 2000-2002 no “arquivo morto”. o principal problema com essa fase é a minha completa falta de discernimento para filtrar assuntos que não são deviam ser expostos num blog público.
estão surpresos? não deviam. quem me acompanha desde aquela época (no blog ou ao meu lado fisicamente) percebeu que eu mudei muitíssimo nestes anos. uma das coisas que mudei (pra melhor, eu acho) é a disposição em expor detalhes da minha vida que só fazem sentido e são compreendidos por quem partilha da minha intimidade e de fato me conhece.
um dos fatores que me levou a diminuir a quantidade de detalhes da minha intimidade foi pura e simplesmente o receio do julgamento e interpretação de quem não me conhece. reconheço o direito das pessoas de me julgar e criticar quando exponho sem nenhuma ressalva a minha intimidade. não dá pra sair pelado na rua e pedir que ninguém olhe, comente ou critique. continuo podendo me expor, como sempre pude, só que não quero mais. o preço a pagar é muito caro, e não vejo relação positiva de custo/benefício aí, honestamente.
o outro fator é a exposição inevitável das pessoas que me cercam, quando exponho a mim mesma. não acho justo expor minha família, meu marido e amigos porque eu decidi me expor. além de preservar um pouco a minha intimidade e evitar ter que arranjar brigas constantes, preservo também os que me cercam. faz muito bem pra saúde mental e emocional, acreditem.
mas existe um outro fator, talvez o menos impactante mas o mais importante: eu não preciso mais me expor pra ganhar confete ou atenção. eu abri este blog numa época muito conturbada da vida. estava com 28 anos (retorno de saturno, hein?), mudando completamente o rumo da minha carreira, terminando um relacionamento de 5 anos (3 anos dele casada) de forma muito ruim e tentando reconstruir não só minha vida mas a mim mesma. foi neste ano que fiz minha tatuagem de dragão, os piercings, adotei os 2 primeiros ferrets e fui morar completamente sozinha, numa casa. foi a primeira vez que perdi um emprego depois de 8 anos no mercado. comprei meu primeiro carro e saí dirigindo sozinha. perdi 16 quilos, e nunca fui tão magra e gostosa. morri de medo, me senti perdida, traída, sozinha e sem saber pra onde ir. fiz dívidas imensas e nem percebi.
o blog, entre 2000 e 2002 foi uma tentativa de me encontrar, encontrar pessoas pra me ouvir e amar. conheci pessoas, recebi atenção, amor, ódio, inveja, ciúme. todos os sentimentos bagunçados e tortos. conheci pessoas incríveis e vivi experiências inacreditáveis (boas e ruins). descobri que o blog era uma forma de receber atenção, destilar meu fel e também transbordar meus amores sem destino. toda a verborragia e tom de alegria constantes no blog eram nada mais nada menos que um pedido de socorro. algumas poucas pessoas entenderam e me deram colo e amor; a maioria não. mas não culpo ninguém: eu mesma só percebi isso anos depois.
nestes 2 primeiros anos fui um personagem, no blog e na vida. estava em transição, e sofri loucamente. não se espantem: meu jeito de sofrer é mesmo esquisito. quanto mais sofro, mais pareço animada e ótima. saio com os amigos, danço a madrugada toda, rio, arranjo namorad@s, viajo e não paro um só minuto. todo esse barulho exterior pra que eu não escute o que o meu interior massacrado precisa dizer. faço barulho pra abafar a mim mesma.
até que no final de 2002, graças a um relacionamento que era doentio desde seu início, tive que ir pra terapia (fui porque era minha última esperança!). e tudo, absolutamente tudo, mudou. dei um fim no relacionamento maluco e em 6 ou 8 meses me transformei, coloquei ordem na minha vida e em mim mesma. venho colocando ordem desde então. meu progresso interno se manifestou nas minhas ações, escolhas e também no blog. paguei as dívidas, resolvi tudo que estava pendente, casei de novo (dessa vez escolhendo alguém que de fato combina comigo) e aqui estou, em 2010: sétimo mês de gravidez, muito bem posicionada na carreira, vivendo num lugar maravilhoso que escolhi e ainda escrevendo. menos, é verdade, mas com muito mais qualidade.
mudei de atitude, vida, opinião, amigos. tenho certeza que mudei pra melhor. há quem sinta falta das minhas indiscrições e surtos no blog, eu sei. esses são os que estão naquela minha vibração de 10 anos atrás, os que precisam de muito barulho externo pra abafar seus próprios problemas. são os mesmos tipos dos quais me cerquei naquela época: cheios de problemas mal resolvidos, sempre colocando a culpa dos seus tropeços nas pedras do caminho e não em si mesmos. não me importo que esse tipo de pessoa não me leia mais nem se identifique comigo. faz todo sentido, e fico feliz que assim seja.
eu não quero confete e nem atenção. não preciso falar da minha vida pessoal em detalhes irrelevantes. tenho preferido compartilhar o que penso e sinto de uma forma mais universal. são menos pessoas que interagem comigo, é verdade. provavelmente tenho menos leitores hoje que na minha época “big brother show de horror”. não faz mal, quantidade não me interessa mais.
vocês que aqui estão e se sentem de alguma forma tocados pelo que eu compartilho são exatamente o que eu quero. pessoas que pensam, sentem e querem de alguma forma trocar experiências. vocês gostam de voltar aqui porque gostam de pensar. não querem só alguém pra fazer gracinha, entreter vocês com histórias engraçadas ou contar tragédias que fazem suas vidas parecerem melhores.
não sou mártir, não sou perfeita e nem sou artista. não escrevo pra vender livro e nem ganhar fãs. escrevo porque me faz bem, e me dá prazer. escrevo porque quero oferecer pra vocês um pouco de alimento pra cabeça e pra alma. e quando faço isso, eventualmente alguém responde e me retroalimenta, e é isso que vale a pena.
obrigada por me acompanharem nessa jornada incrível e assustadora de 10 anos. que venham os próximos 10!
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PS: amanhã começo a publicar as histórias. por hoje esse post já tá de bom tamanho…
Ai, brigada…já tô “sastifeita” por hoje. Suas palavras realmente alimentam a alma da gente.
Zel,
Acompanho passivamente seu blog desde 2001, então significa dizer que pude acompanhar toda essa transformação. E adoro todas as suas facetas!
Com carinho,
Juliana
Caramba, como diz meu pai, um dia você acorda e 30 anos se passaram. É assustador pensar que um blog já pode ter uma vida tão longa. Leio seus posts desde 2001, Zel. Durantes esses nove anos tenho passado aqui para acompanhar suas idéias, concordando ou discordando delas, e isso não importa. Não sou de comentar, não, salvo raras exceções. O fato é que, por parecer sempre tão humana – e isso envolve erros e acertos – sempre senti que você era alguém tangível, de verdade, real. E num mundo povoado por gente querendo vender imagens distorcidas de suas realidades, isso é raro e precioso. Bom, espero que você tenha mais muitas décadas de blog para comemorar. E eu só não mandei um texto porque não consegui lembrar de fatos marcantes, já que minha memória é bem meia-boca. Beijo e parabéns.
Zel,
Parabéns e obrigada por todos os ensinamentos de vida que você compartilha com a gente durante esse tempo. Sou uma pessoa melhor depois que comecei a passar por aqui. Aprendo muito com você, muito mais do que você pode imaginar.
Que os próximos 10 sejam ainda melhores. Que o piolho traga pra você e pro Fer uma vida realmente iluminada =o)
PS: Ainda quero mandar a lembrancinha dele. Beijos!
Acabei de me dar conta, quando você falou da época do dragão, que eu leio você há 10 anos!! Eu achei que eu tivesse muito menos tempo de leitora. Obrigada por compartilhar da sua vida e dos seus pensamentos comigo. 🙂
Zel,
Parabéns…que possamos comemorar 20 anos, sempre mudando, sempre melhorando.
Beijos Angolanos
Luanna
Olá Zel,
Parabéns por tudo! Eu me identifiquei com os que disseram acompanhar você desde o “menina joanina”. Ando por aqui desde o comecinho, eram poucos os blogs: da Fernanda Guimarães, da Lia Caldas, da Maria Adriana entre outros. Confesso que me diverti muito com as suas loucuras e, sim, a sua exposição me dava aflição também (já que tenho a idade da sua mãe, hehe). Fiquei bem mais tranquila quando acompanhei sua mudança. Minha filha, hoje com 26, cresceu ouvindo: “sabe, a Zel hoje falou isso e aquilo”, o que sempre foi motivo de muitas conversas entre nós duas. É isso: você e outras pessoas corajosas que se lançaram a escrever para quem quisesse ler, fazem parte da minha história e também da história da minha filha. Obrigada e super boa sorte!
Beijinhos.
Zel Querida!
Parabéns!!!
Obrigada por me fazer pensar, rir e chorar…
Sou sua fã 🙂
Parabéns! Por tudo; pelo tempo, pelas mudanças, pelo post…
Uau! 10 anos! Parabéns!
Fazia um tempinho que eu não vinha aqui e dei de cara com essa comemoração linda!
Pois bem eu também aprendi muito por aqui, admirei muito sua coragem e pensei: essa não é bolinho não! rs,rs,rs
É isso aí querida, esse lance doido de blog nos pega mesmo. A gente muitas vezes não imagina o quanto pode ser grande o âmbito que atingimos.
Mas você pode ter certeza que já foi muito longe!
Beijos grandes!
Sabe, te lendo me vêm à cabeça montes de lembranças e como te lendo, me deu uma imensa vontade de escrever tão bem… poxa, já se foram para mim, quase 10 anos de blog… que bom que posso continuar te observando, lendo, sorrindo e chorando. Estamos aqui, que bom.
Um beijo, com todo carinho.