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história #8: guga

O Zel, bom dia! Tudo em paz?

Estou aqui pra contar um pouco da minha história com seu blog.

O falecido Delicias Cremosas foi um dos primeiros blogs que li na vida, em meados de 2001. E foi a partir dele que cheguei ao seu blog pessoal.

Eu me lembro que, no começo, eu só acessava o DC da faculdade [pq não tinha internet em casa], quando me sentava na última fileira do laboratório, na máquina mais do canto, onde o olhar de ninguém alcançava hehehe. O DC me hipnotizava pela falta de papas na língua das gurias que escreviam ali. Vc era uma das que me chamava mais atenção, pela absurda coragem de escancarar suas opiniões a respeito de sexo. Veja bem, eu tinha recém começado minha vida sexual e passava horas ali, tentando sorver o que as mulheres gostavam ou não, como um homem deveria se portar ou não. Gastei poucos dias pra ler o imenso histórico do blog. Li tudo, cada post e comentário, e vibrava. Aquela fonte de informações era utilíssima, aparentemente totalmente livre de falsos moralismos e tal. Não sei se era mesmo, mas foi a impressão que ficou. Contei esse pedaço do DC pq considero que acabou fazendo parte da minha educação sexual, digamos assim, e como vc estava lá, achei que valia contar.

Do DC eu ia pro blog das autoras e, no seu, a clareza em expor as opiniões foi o que me impressionou logo de cara. Esse negócio de racionalizar as coisas, as opiniões, as situações, enfim, era algo que eu nunca tinha me tocado que era possível de ser feito, e admirava demais quem conseguia fazê-lo. “Como pode alguém raciocinar tanto sobre suas próprias opiniões?”. E vc faz isso com primor, aliás não só racionaliza como verbaliza com maestria. Parece-me que tudo o que tu faz é meticulosamente analisado, embasado, respaldado [embora eu imagine que escrever é uma coisa, realizar é outra. de qq maneira, escrever já é um grande feito]. Aquilo me pareceu muito legal, e acabei me sentindo motivado a construir minhas próprias opiniões e organizar meus argumentos da mesma maneira. É óbvio que nunca cheguei ao “estado da arte” da racionalização, mas enfim, o seu blog também me proporcionou este insight.

As tiradas cômicas, o seu senso de humor peculiar, também merece ser citado. Teve uma, em especial, se não me engano de autoria da sua irmã, que me deu um outro insight muito bacana, que é sobre a categorização de problemas. “Existem dois tipos de problema: os problemas do tipo meu e os problemas do tipo seu.”. Cara, tu não tens noção do quanto já repeti essa frase pra mim mesmo e até pra algumas pessoas [afinal eu não faço a linha super-sincero] eheheh 🙂 Lembro de um dia que fui consolar minha cunhada, arrasada por alguma adversidade dessas da vida, e utilizei essa citação no meio do meu discurso. Daí ela cortou o choro e disse: “Gustavo, vc tá coberto de razão.”, e eu corrigi: “Eu não, a irmã duma amiga minha, que disse isso pra ela, uma vez e eu achei ótimo”. E é uma puta duma verdade, né? Obrigado por ter compartilhado essa máxima com a gente, seus leitores, viu.

Pra encerrar, agora tem esse seu blog Fabricando, né? Pra mim tem sido um poço infindável de informação e reflexão. A sua maneira de encarar a gravidez como um processo puramente biológico, sem misticismos, sendo atéia, as preocupações sobre a educação, os valores que querem transmitir pro piolho… tudo é pensado sob uma ótica tão isenta de instintos, tão racional, tão diferente da minha, que eu adoro. Sério mesmo, é fantástico! Não que eu concorde com tudo, ache tudo a verdade absoluta, nada disso. Mas vislumbrar opiniões tão diferentes facilita demais a possibilidade de construir uma opinião melhor do que a minha. Entende? Esse é meu ponto. É fundamental conhecer opiniões diferentes pra aprimorar a minha! Como vc, também não tenho apego às minhas opiniões, e um argumento melhor elaborado, que me convença, pode certamente mudar a minha própria opinião. Eu sou casado há 3 anos, pretendemos ter um filho daqui mais uns dois ou três, e certamente vou continuar acompanhando seus blogs pra, com certeza, aproveitar o que ele tem de melhor: a autenticidade e sinceridade e coragem em compartilhar valores, impressões, pensamentos, opiniões.

Bem, é isso. Acabei não sendo tão breve quanto gostaria rsrs… Contar histórias tem dessas coisas, né?

Um beijo grande, tudo de bom pra vc e sua família.

E parabéns pelo aniversário do blog! Estarei por aqui pra contar outras histórias quando ele completar 20 anos.

Guga

[gugagomes.com]

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vou publicar aqui a resposta que mandei pro guga por email, acho que não posso deixar de compartilhar com vocês esse diálogo 🙂

Que máximo esse email, Guga! Você não sabe o prazer que me dá saber que existem pessoas como você (e como eu, hahahhahaha) que dão valor à troca de opinião, mesmo que não concordemos. O crescimento individual, na minha opinião, só se dá pela troca (e a propósito, pela divergência :D). Adoro quando vejo opiniões diferentes da minha, sempre me faz pensar.

Sobre o DC: nem tudo ali era sincero, pelo meu conhecimento de algumas das autoras. Eu sempre fui sincera, mas nem sempre verdadeira, e explico – minha auto-imagem era bastante distorcida, acho que ainda é (é meio impossível se conhecer 100%, acho), então quando releio algumas coisas não me reconheço. E não me reconheço porque mudei ou porque eu achava que era uma coisa, e no fundo eu era outra  Mas fui sincera em todos os momentos, não houve intenção de mentir.

O que me fez “fechar” o DC foi exatamente a falta de sinceridade descarada de algumas das autoras: no texto eram uma coisa, na vida real eram bem outra. Isso eu acho inaceitável. “Honest mistake” eu aceito, mas mentira deslavada não.

Muito obrigada pelo seu depoimento maravilhoso! Vou contar pra minha irmã que a frase dela ganhou o mundo! HAHHAHAHHAHAH

Beijo!

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a propósito, por enquanto esse é o único depoimento de homem… acho que isso diz muito sobre meu blog e sobre o guga. ele é um cara sem medo de se envolver com mulheres e suas maluquices (porque somos bem loucas, né? ou alguém discorda? :))

guga, você é 10. continue por aqui por quantos anos esse blog durar, você será sempre bem-vindo!

One comment to “história #8: guga”
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