e 2011?

eu sei que ando sumida, e é como expliquei antes: escolhas. entre ficar aqui escrevendo os montes de posts que se formam na minha cabeça (eles continuam se escrevendo, eu só não registro) e cuidar de mim mesma, da casa e do otto… escolho os últimos. por mais que minha opinião seja importante e necessária 🙂 as demais coisas da vida são mais urgentes.

o trabalho danado de cuidar do otto permanece, mas quanto mais se aproxima o fim da minha licença (16 de março) mais eu tenho vontade de grudar no pequeno. pensar que passarei poucas horas por dia com ele depois dessa data já está me incomodando. mas não penso muito nisso, que não sou de antecipar incômodos. vou vivendo um dia de cada vez, como posso.

esse início de ano foi bem diferente de todos os demais, foi meu primeiro ano novo como mãe. é incrível como o bebê chega e realmente se transforma no centro da sua vida, na razão de você levantar de manhã (literalmente. se dependesse de mim demoraria muito mais pra levantar todo dia :D). então esse fim de ano eu simplesmente admirei os pequenos avanços do meu menino, as conquistas diárias de coisas simples como agarrar um brinquedo, focar o olhar ao longe ou emitir um novo som. acho que o amor enorme que sentimos pelos nossos bebês também tem a ver com assistir tão de perto aos micro milagres que acontecem o tempo todo, e descobrir como o ser humano é incrível. pensar que um dia você também foi daquele tamanho, não conseguia nem colocar o dedo na própria boca e hoje opera um computador, por exemplo. incrível, mágico, um milagre. um milagre que você criou, a propósito.

estou então admirando continuamente e sem cansar o milagre dessa vida que ajudei a criar, cheia de espanto e, porque não confessar, medo. medo da saudade que vou sentir dele, das doenças de criança que ele vai ter, dos joelhos ralados, galos na cabeça, das malcriações, bem… de tudo 🙂

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poderia falar de como fiquei emocionada com a posse de dilmão e da despedida de lula; poderia falar dos inúmeros filmes que não vi ainda e dos que vi pela metade, dos livros por ler nos últimos meses; poderia comentar fatos relevantes, acontecimentos importantes e dar minha super-necessária opinião sobre tudo, como sempre. mas, caramba, meus minutos são preciosos e vocês no fundo não dão tanta bola assim pro que eu acho dessas coisas mundanas. vocês gostam mesmo é das minhas elucubrações, que eu sei.

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no campo das elucubrações, quero falar um pouco sobre compaixão, tolerância e humildade. não é coincidência que essas são virtudes que eu pouco possuo. mentira: compaixão eu possuo sim, só não demonstro. faz parte da compaixão entender aquilo que o outro sente/sofre. “vestir o sapato do outro”, como se diz em inglês. faço isso muito bem, bem demais como todo pisciano que se preza. mas me falta tolerância pra ajudar aqueles pelos quais sinto compaixão a serem pessoas melhores; e me falta ainda mais humildade pra admitir que mesmo que entenda o outro, não cabe a mim ensiná-los, dar sermão ou aconselhar.

estas são as três virtudes que eu desejo em 2011 (e sempre!) pra mim e para os demais. que saibamos nos colocar no lugar do outro, e assim evitemos machucá-los. que eu pense antes de falar (escrever :)), pra não magoar ninguém, mesmo (e principalmente) se tiver coberta de razão. ter razão não justifica ser escroto. eu sei que é duro dizer e fazer isso, mas é verdade. por mais que o outro seja errado, burro ou sem noção, isso não dá passe livre pra que eu jogue e esfregue isso na cara dele. não, não, senhores, quero ser melhor que isso.

humildade. tolerância.

que eu tenha ainda mais compaixão pelos ególatras e os narcisistas, que tanto me incomodam com sua carência profissional. que tenha tolerância para com os deprimidos, que me acabam com a paciência pela dificuldade que tenho em entendê-los. que encontre em mim humildade suficiente para reconhecer continuamente que tenho cá meus muitos problemas e chatices também, e que mesmo assim ainda sou uma pessoa legal e do bem. que eu aceite que as pessoas têm lado B e lado A, e é o conjunto que conta, é isso que aprendemos a amar. que eu não me apegue só aos defeitos e que pelo amor de deus eu não veja também só as qualidades e seja uma idiota completa.

que eu tenha compaixão e tolerância comigo mesma. que me permita errar mais, que não seja tão dura assim comigo o tempo todo. que me abrace e me ame mais, mas com humildade, pra não virar essas egomaníacas chatas que tanto detesto.

desejo também que aqueles que me cercam tomem também suas doses destas três virtudes. que me amem pelo que sou, inclusive meus defeitos, que se coloquem no meu lugar às vezes, que tolerem minhas manias, que sejam humildes pra admitir seus erros comigo e com os seus, que aprendam a pedir desculpas. que pensem antes de falar. e que parem de olhar só seu próprio umbigo.

no fundo, as virtudes que escolhi são todas relacionadas à mesma coisa: perceber (e amar) mais o outro, e perceber-se com olhos de estrangeiro. reconhecer-se sem vaidade, mas também com mais amor. amar e aceitar mais o que é diferente de si mesmo, profundamente. sem discurso, sem vangloriar-se. simplesmente ser, sentir, agir.

que o 2011 seja como o meu está sendo: cheio de espanto, descobertas e amor que cresce a cada dia.

Tudo é novo para os teus olhos novos

tudo é novo para os seus olhos novos. tudo é novo para os meus olhos velhos. (herbert vianna)

5 comments to “e 2011?”
5 comments to “e 2011?”
  1. Ai que coisica mais gostosa, Zel!!!

    E seu post, como sempre, uma delícia de ler! Sempre acrescentando mais, sempre trazendo aquele “puxa, é isso que eu quero para mim”. Brilhante!!!

    Feliz ano novo pra vc. Fer e Otto!

    Beijos, Cris Yumi

  2. Tão lindo! Tão atento… vivi isso quando meu afilhado nasceu há quase cinco anos. Ele ficou muito tempo aqui, pois é meu primo também. O começo é difícil, requer adaptação, mas depois passa tão rápido!

    Beijos no coração!

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