(post originalmente publicado aqui, mas movido pra cá, que faz mais sentido)
é isso mesmo: não acredito. quer dizer, você vai ver que eu acredito que ajude, mas não acredito que ajude mais que um placebo, ou beber muita água, ou se alimentar direito. é legal e pode ser muito bom pra quem segue, mas não consegui até hoje nada e nem ninguém que me convencesse que homeopatia é uma ciência.
antes de mais nada, conto que eu fui uma criança com muitos problemas de garganta (vivia com amigdalite, febrão animal, tomando antibiótico) por anos, até que minha mãe (se recusando a retirar minhas amígdalas, como sugeriu um médico) decidiu tentar homeopatia e… funcionou. parei de ter problemas crônicos, só acontecia de vez em quando, mais ou menos 1 vez por ano. o problema é que ninguém nunca soube explicar o porquê. as respostas de homeopatas são uma coisa mística, cheia de significados escondidos.
bem, com 20 e tantos anos, finalmente descobri (por acaso) qual era a causa do meu problema crônico de amigdalite, que se repetia pelo menos 1 vez por ano (sempre entre julho-setembro): tenho algo que se chama hipertrofia dos cornetos nasais que, combinada com uma leve alergia agravada pelo clima seco, causa o entupimento constante do nariz na época do inverno. nariz entupido > respiração pela boca > desidratação das mucosas do trato respiratório > amigdalite (e outras ITEs subsequentes).
solução definitiva para o meu problema, dada por um médico de convênio, alopata? beber água. assim: muita mesmo, na época de seca em SP. 1 copo pequeno a cada 30min na crise, combinado com gargarejo à noite e soro no nariz antes de dormir. ou eu poderia operar os cornetos (removendo o excesso), para liberar espaço nas narinas e evitar o entupimento. adotei a água, e nunca mais (repito em maiúsculas – NUNCA MAIS) tive problemas.
contei essa história pra reforçar que seja lá o que o homeopata tenha me receitado, não resolveu (e nem revelou) a causa raiz do meu problema. por algum motivo que não sei qual foi, naquela ocasião melhorou o quadro, mas não resolveu. uma análise bem feita de um médico responsável (e alopata) resolveu meu problema para o resto da vida. e ele fez o que eu sempre espero de um bom médico: procurou a causa e me deu opções para eliminá-la.
o que eu gosto do médico homeopata, em geral, é a preocupação com o todo. eles não se focam em doenças específicas, mas antes no bem-estar do paciente, suas particularidades, e acho isso ótimo. mas, peralá: eu espero isso de todos os médicos, e não só do homeopata. e há bons médicos alopatas que são assim também, e não cobram 600 reais a consulta, saibam. basta procurar. há muitos bons médicos não-homeopatas que não são máquinas de prescrever receita. e se você tem dinheiro pra pagar consultas de homeopata, tenho certeza que pode pagar uma consulta com qualquer outro médico, que seja também preocupado com sua saúde como um todo. essa visão de que todo alopata é um bloco de receitas pronto pra “encher você de drogas” é falsa, gente. de novo: questione. médico é um profissional como qualquer outro, faça perguntas e exija ser tratado com respeito e da forma que você acha correta. pesquise, peça segunda opinião (terceira, quarta). insisto: se você pode pagar um homeopata, pode também pagar bons médicos de outras especialidades.
(se você for refém do SUS ou plano médico padrão, dificulta um pouco, mas não é impossível. experimente médicos, teste, questione e principalmente reclame caso o atendimento seja aquém da sua expectativa. já fizemos isso com médicos UNIMED SP e funcionou, tá?)
o que eu não gosto da homeopatia: nunca encontrei nenhum médico, nem leigo, nem site e nem artigo que explique qual é o princípio da homeopatia de uma forma cientificamente crível. como é que temos indústrias farmacêuticas inteiras desenvolvendo/descobrindo princípios ativos para curar doenças ou amenizar sintomas, dosando concentrações e a homeopatia se baseia em doses infinitesimais? sério, gente, não dá. a propósito: tenho toda boa vontade do mundo e quero muito entender e crer na homeopatia. se você tem algum material que mostre os princípios e seja algo que prove como funciona, por favor deixe seu comentário. vou adorar ler e me convencer, de verdade.
até onde pesquisei até hoje, homeopatia, floral e placebo são exatamente a mesma coisa. funcionam? às vezes funcionam, sim. simplesmente porque nosso corpo às vezes se cura mesmo, sozinho, ou com um empurrãozinho da nossa boa vontade, boa alimentação e cuidado com a saúde. bolinhas homeopáticas, gotinhas de floral e/ou água e comida direitinho fazem milagres.
o que me incomoda muito na homeopatia: o radicalismo (seja do médico, seja do paciente). é irresponsável tratar com terapia alternativa (ou não comprovada para curar) doenças graves, que podem progredir e se agravar com o tempo. febre é natural, é bom deixar seguir seu curso? concordo, desde que saibamos a origem da febre. um amigo, cuja esposa é radical da homeopatia, teve que levar sua filha de 2 anos à força para um médico alopata, pois ficou assustado com febre alta da menina por 1 semana (e o homeopata insistindo que não era nada). resumo da ópera: a menina estava com pneumonia, e era grave. ela poderia ter morrido, sim, sem tratamento adequado e a tempo. o homeopata sequer pediu exames, pois “eram muito invasivos”! cautela, minha gente, não custa nada.
no fim das contas, acho que homeopatia é sim uma resposta aos excessos alopáticos e – desculpem aí, mas… – é também modinha, estilo de vida, um statement. é “in” fazer terapias alternativas, assim como consumir comida orgânica e tal. nada contra, sejamos alternativos e “in” e tal, mas com responsabilidade. temos que exigir análise das causas de doenças (mesmo simples e pequenas) quando são crônicas ou persistentes. e já que é pra pagar uma fortuna, pago para um especialista, e não num generalista, quando for preciso.
até que encontre prova do contrário, homeopatia pra mim é curiosidade e luxo, como fazer mapa astral por exemplo. é gostoso, interessante, custa caro e na prática só serve mesmo pra que eu preste mais atenção em mim mesma. como consequência, faz com que me cuide melhor, o que (verdade seja dita) é uma boa coisa também.
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olá zel,
creio que para te tratar o homeopata receitou medicação a ser feita a cada 1/2 ou 1 hora e para ingerir a medicação, agua a cada 1/2 ou 1 hora, ou seja “muita água” conforme solucionou o alopata…
bj
bom, já começo dizendo que não sou médica e nem da área de saúde. mas faço tratamento homeopático desde os 6 anos (tenho 32) e, como usuária, o que tenho a dizer é: depende, rs… um fato que me chama atenção é que o efeito placebo é real, então em determinadas situações acho que investir nele (um suporte “psicológico” que ajuda no processo de melhora) é bom. mas é como você falou: funciona em casos em que possivelmente o organismo melhoraria sozinho. talvez o tratamento acelere o processo de cura ou gere uma melhora das condições do paciente e, por isso, elimine a doença. mas não sei sobre o funcionamento da homeopatia, a parte “técnica”.
o que sempre me chamou a atenção e me faz ter cuidado com os radicalismos é o fato de que para doenças mais graves os próprios homeopatas sugerem o tratamento convencional (o meu médico, por exemplo, faz isso). o que me faz pensar que o melhor mesmo é manter um equilíbrio nas escolhas e fugir de qualquer postura xiita (em qualquer dos casos). já tive muitos benefícios com a homeopatia e acho que meu corpo é mais resistente e saudável possivelmente porque nunca o entupi de remédios demais. mas essa é a minha impressão e opinião, baseadas na experiência que tenho.
em tempo: correria para um alopata no caso de um câncer ou pneumonia. com o apoio do homeopata 😉
beijo!
renata, no fundo é isso: tem que ter noção, bom senso. radicalismo não é bom nunca, eu acho. beijo!
Concordo com você, Zel. Fiz tratamento homeopático durante 4 anos para alergia.Tomei durante muito tempo Calcarea Carbônica que é feita de casca de ostra, se me lembro bem. O resultado: eu que adorava comer frutos do mar, fiquei um bom tempo sem nem conseguir passar perto.A alergia melhorava um pouco e voltava .Desisti do tratamento, fui a um alergista, tomei vacinas durante um tempo e os sintomas desapareceram. Vacina não cura alergia, mas podemos ficar bem durante muitos anos. Já gostei muito de terapia alternativa, já usei florais, fitoterapia e tals. Ainda faço acupuntura de vez em quando, acho funciona para melhorar o equilíbrio emocional, mas quem garante que não é mais um placebo? beijos.
Esqueci de dizer que a médica homeopata que cuidou de mim é considerada muito competente.
me mandaram esse link aqui (http://faseracional.interbarney.com/homeopatia-uma-medicina-sobre-nada/) sobre o assunto, e achei que valia compartilhar, por alguns motivos:
1) os comentários são curiosos;
2) é um bom exemplo de como não dialogar. pra que ofender os outros pra defender seu ponto?
o exercício da gentileza é minha meta para 2011.
Para mim, está incluido no exercício da gentileza responder aos comentaristas. Nem que seja só cumprimentar com um oi. Sorry.
tereza, querer resposta para comentários é sinal de problema de autoestima… sorry! eu não posso e nem quero ter obrigação de responder a todos os comentários, e isso não significa que não sou gentil. nem todo comentário precisa ou merece resposta, oras.
a ausência de resposta, às vezes, é a melhor forma de gentileza. você podia ter passado sem essa resposta, por exemplo.
e enfim: como o exercício de gentileza é uma meta MINHA, acho que posso me dar ao luxo de escolher como alcançá-la, certo? se essa for uma meta sua, faça como achar melhor…
zel, preciso dizer: adoro quando você fala sobre autoestima. qualquer coisa relacionada ao assunto. acho que talvez seja por esse assunto me interessar demais e também porque sempre me lembro, com o que você diz, como autoestima tem a ver com auto-respeito, antes de mais nada. enfim. talvez esteja me intrometendo na conversa (sorry!), mas queria só dizer que sua resposta ao comentário da tereza me fez pensar e eu gostei bastante.
renata, esse é um assunto importante pra mim, tema de toda minha terapia. acho essencial perceber que algumas coisas que nos incomodam nos outros estão muito mais relacionadas à nossa (falta de) autoestima que exatamente ao outro… por isso presto bastante atenção quando me incomodo com alguém, e procuro entender onde é que pega (o problema é do outro ou no fundo é meu? geralmente é meu, viu).
beijo!
Frase lida num site esses dias, enquanto pesquisava sobre experimentos em animais: “para aquela corrente da medicina exclusivamente fundada na prescrição de drogas, a alopatia…” HELLO? 😉