bem, meu segundo ano é 1973, o ano em que nasceu minha irmã. eu era um bebê ainda, não lembro nada dessa fase, mas descobri que uma música que fez parte da nossa infância fez sucesso no ano em que ela nasceu: naquela mesa.
naquela mesa ele sentava sempre
e me dizia sempre
o que é viver melhor
naquela mesa ele contava histórias
que hoje na memória
eu guardo e sei de cor
naquela mesa ele juntava gente
e contava contente
o que fez de manhã
e nos seus olhos era tanto brilho
que mais que seu filho
eu fiquei seu fã
eu não sabia que doía tanto
uma mesa num canto
uma casa e um jardim
se eu soubesse o quanto doi a vida
essa dor tão doída
não doía assim
agora resta uma mesa na sala
e hoje ninguém mais fala
no seu bandolim
naquela mesa tá faltando ele
e a saudade dele
tá doendo em mim.
não me lembro de ouvir esta música na voz de elizeth, mas nas vozes da minha mãe, tias e tios, que se reuniam nos fins de semana para comer, beber, tocar e cantar. o repertório era cheio de sambas antigos e choros, que aprendi ouvindo. ali, nas rodas de samba, eles tocavam instrumentos de percussão, violão, bandolim, pandeiros. foi nestas rodas de samba que aprendi a dançar samba e gafieira (em par), ainda bem novinha.
enquanto os adultos comiam, bebiam, fumavam e faziam música, as crianças pulavam e corriam pelo quintal, comendo jabuticaba, pitanga e goiaba. éramos uma horda de primos, de várias idades, e tenho muita saudade desses encontros familiares que hoje são impossíveis, e não só pela falta de contingente — quais famílias de não-músicos conseguem reunir várias pessoas que cantam e tocam instrumentos variados? quem ainda ensina os filhos a cantar, tocar ou dançar gafieira e samba?
essa canção foi composta por sergio bittencourt para seu pai, o famoso jacob do bandolim, e tive a oportunidade de tocá-la e cantá-la em muitas rodas de samba, inclusive com minha irmã querida.
Zel, hoje atendi o Fer aqui no Centro Médico, você ia fazer um ultrassom. E foi muito engraçado, por que quando o vi fiquei com aquela sensação “conheço esse cara, mas da onde?” e de repente me veio quem era ele e não resisti e perguntei. Foi legal. Pena não ter te conhecido também. Espero que você melhore logo! Um beijo.
fia, lá no século passado, aos vinte e poucos anos, tive uma crise de choro, num restaurante à beira-mar em maceió, ao ouvir essa música. tava conversando com amigas, petiscando e rindo, quando o saxofonista começou a tocar “Naquela mesa”. Me deu uma tristeza, fiquei quietinha, as lágrimas correndo, e comecei a soluçar. Corri pro banheiro e chorei, chorei. Uma das amigas ficou lá comigo até que eu me acalmasse. Lavei o rosto, voltei prá mesa, prá gente pedir a conta. O saxofonista veio saber o que tinha acontecido. Pediu desculpas. Eu pedi desculpas pelo vexame. Fomos embora e eu não posso ouvir essa música até hoje.
querida, essa música é triste (e linda) demais. e faz parte da minha infância! gosto muito, mesmo assim 🙂 beijocas.
Tô adorando saber desse seu lado sambista fina. Conta mais aí…;-)
podexá que vou contando mais 🙂
Zel, oi querida! Tudo bem?
Entrei hoje na cara de pau pra te pedir uma ajudinha… Peguei duas meninas na rua e elas vieram recheadas, estou com 9 bbs em casa, não tenho mais condições de ficar com essa nova turminha, você poderia me ajudar? Distribuindo fotos dos bbs para seus conhecidos pra ver se alguém quer? Agradeço toda ajuda e desculpa te pentelhar com isso… Bjus, Sábata.