Passei o dia hoje falando de diversidade e inclusão para funcionários de uma planta industrial, de todas as idades e tipos e gêneros.
A última parte foi só com mulheres — respondi perguntas sobre questões de gênero e desafios que enfrentamos, com a ideia de manter esse assunto vivo, e propor mudanças construtivas e constantes, com a ajuda delas e dos homens também (faço uma palestra específica pra homens chamada “homens como aliados”, que é bem legal).
Várias me procuram depois das palestras pra contar suas questões específicas, e gosto muito de poder ajudá-las, talvez seja a parte mais legal do trabalho.
E veio essa mulher, já na casa dos 50 anos, e me contou que perdeu um filho (ela tem 3), não faz muito tempo. Que participa de um grupo de apoio de mães que perderam filhos, e que se deu conta hoje de como a sociedade massacra os homens que sofrem. Ela se fortalece (na medida do impossível, né, porque perder um filho, pessoal, não tem nome) com o apoio das demais, mas seu marido, ela me conta, não fala sobre isso. Se recusa a ir à terapia por motivo de ‘homens não fazem terapia’, não chora pelo mesmo motivo, e sofre calado, “se muere por dentro poco a poco”, me diz ela.
Homens não são vítimas e não passam pelas mesmas coisas que nós, mas que sociedade horrível que construímos, na qual mulheres não valem nada, são seres de segunda categoria, e homens não se admitem como humanos!
E essa mãe, vivendo um dia de cada vez, aprendendo a conviver com sua dor que não acaba nunca, e ainda assim atenta ao que podemos fazer pra mudar o mundo, e ser mais felizes.
Eu me senti tão pequena.
Mas é assim, às vezes: uma gota d’água que pinga na hora certa e no lugar certo, e que com sorte transborda e transforma.
(Eu sei que eu tento!)