Quando a pessoa é Pollyanna, não tem salvação.
Hoje eu devia ter acordado às 6:45 pra estar em Campinas às 8h e deixar meu carro na revisão. Acordei, no susto, às 7:53.
Mas volta, tem prólogo: viajo sábado pro México, a trabalho, e vou sozinha com meu carro pro aeroporto, deixo ele lá até a volta, que é mais barato. Só que me toquei que meu carro precisava ir pra revisão de 25.000km, senão eu perco a garantia dele. Fazendo a conta, ONTEM, eu conseguiria levá-lo pra Campinas pra revisão e sobrava só 12km. Caso não houvesse nenhum imprevisto, ia dar certo.
Vamos em 2 carros pra Campinas, deixa um lá, volta. Pega o carro #3 (que ainda tá à venda), e vai de boas.
Eu tinha reunião em SP às 9h, então não dava tempo de chegar lá mas eu podia entrar por telefone e ia adiantando até chegar no escritório.
Volta pras 7:53, sendo que devia estar em Campinas com 2 carros às 8h. São 30min pra chegar.
Toma banho correndo, come qualquer coisa correndo, sai correndo. Erra o caminho dentro de Campinas (muito bem, Flipper!), pega trânsito, gasta os km de reserva e chega faltando 8km pra perder a garantia. Às 8:45. Ufa.
(Sorte #1. Vamos contar!)
Volto, brigo com Otto pra ele se vestir e sair com o pai, junto tudo que queria levar pra encontrar a Denize pra uns drinks mais tarde, fui.
Eu ia perder a reunião das 9h, mas o cliente cancelou faltando 5min pra começar.
(Sorte #2)
O carro tava de tanque vazio, tive que parar pra encher. A reunião das 10h eu também não ia chegar a tempo, mas quem tem amigo tem tudo (Sorte #3) e um deles foi pilotando a reunião enquanto eu ia falando no telefone. Deu tudo certo e acabou antes.
Cheguei em SP, encontrei amigos, clientes, a reunião cancelada foi replanejada e aconteceu — cortaram 50% do meu orçamento de projetos pra 2018 😱😱😱
Quebramos a cabeça mas achamos formas de manter o mínimo, pra sobreviver com o que tem. O almoço foi bom, com amigos, desejando boa sorte pra amiga que vai pra outra fase da carreira.
(Sorte #4)
Chegamos na sala depois do almoço e o ar-condicionado tava por um fio pendurado na parede — não sei como não caiu. Tudo molhado, parede arrebentada, caos. Nada foi quebrado nem danificado, todos sãos e salvos.
(Sorte #5)
As reuniões da tarde encavalaram e atrasaram todas. Mil discussões sobre custos, malabarismos, conversas difíceis. Consegui dar andamento em tudo.
(Sorte #6)
Eu tinha um compromisso que queria muito ir, na AMCHAM, mas as reuniões se estenderam pra além do horário normal, e quando eu podia já sair o trânsito de SP estava absurdo — +1h pra chegar no meu destino, já estaria no meio do evento. Desisti de ir. Fiquei trabalhando mais um pouco e combinei com a amiga de ir então jantar e tomar alguma coisa mais cedo.
(Sorte #7)
Saindo antes dos amigos, que ficaram mais um pouco, chego no carro e… ele não liga. Bateria morreu. Ligo pro Fer, temos seguro, beleza, qualquer coisa chamo guincho. Os meninos vêm me ajudar e era bateria — os três (os 3!!!) tem cabos de recarga no carro, e resolvem meu problema em 5min.
(Sorte #8)
Mas não posso mais desligar o carro, pois a bateria pode estar 100% zoada. Os planos com a amiga vão pro espaço, mas como ela mora a 10min do escritório, passo lá pra entregar presente, jabuticabas do pé de casa, dar beijo e abraço e levar minha caveira arraso. Tudo sem desligar o carro. E ainda dou carona pro Marcio, que se deu bem 🙂
(Sorte #9)
Fer conseguiu pegar meu carro no horário programado, e buscar o Otto na escola. O trânsito na saída de SP estava ótimo. Dirigi tranquila (quase) sem percalços, não precisei desligar o carro e cheguei (quase) sã e salva, às 20h, e tinha janta.
(Sorte #10, que dava fácil pra virar 11 né)
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Eu fiquei, enquanto dirigia, pensando na quantidade de erros do dia, no tanto de coisa que deu ruim, e só conseguia pensar “mas caramba, podia ter sido pior! Olha que sorte eu tive aqui e ali e…”
Sou otimista incurável. Até de mau humor eu sou otimista.
E ainda pensei — “olha que sorte que temos 3 carros né? Ainda bem que não vendeu ainda”.
Não tenho salvação 😂😜