menos ocupação, mais silêncio

Uma armadilha que tento não cair (falho… mas continuo) é a da supervalorização do quanto sou ocupada e faço coisas.

 

Reparem que sempre quem é muito ocupada e faz muita coisa pode até reclamar mas considera isso qualidade e não defeito. E não é que seja necessariamente defeito, mas cada vez mais percebo que ocupar-se é uma forma de mostrar valor, e de evitar o silêncio, a solidão, o tédio, a vida. Como se a desocupação, o ócio, o “não tenho nada pra fazer” fosse a morte.

 

Quanta ansiedade está por trás disso tudo? Não como consequência, vejam bem, mas como CAUSA. Ansiedade de mostrar que pode, que é bom, que dá conta, que é necessário, imprescindível, fundamental.

 

E o medo de não ser nada além de uma partícula, do mundo girar sem minha maravilhosa presença, das pessoas (socorrodeusmelivre) não precisarem de mim?!

 

O pavor de não ser reconhecida por quem eu sou mas pelo que eu FAÇO.

 

Então façamos né, cada vez mais e mais e mais, ocupando tempo e espaço, deixando as fermatas e o mundo quântico dos silêncios e nadas pra depois, quando morrer.

 

“Descanso quando morrer.”

 

Quero descansar agora, um descanso ativo e presente, mesmo que curto. Quero não ser necessária nem suficiente, quero não ter que fazer nada pra merecer existir e ser feliz e amada, só isso.

 

Todo dia aparece pedra no caminho, é inevitável; decidir carregar ou quebrar é uma opção minha. Eu posso também desviar e deixar elas pra trás, seguir viagem.

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