Há uns quase 30 anos, na primeira vez que estive em Salvador, eu me senti hostilizada quando entrei num bar no Pelourinho, porque era branca. E interpretei, por ignorância completa, como “racismo reverso”, essa ideia equivocada de que estava sendo discriminada pela minha cor, no caso rosa-Peppa.
Foi com o tempo — e o ESTUDO DE HISTÓRIA, imprescindível — que aprendi que aquilo que aconteceu comigo uma situação de exclusão, de estar em um lugar em que eu era a diferente e os pares, os iguais, não achavam que eu era bem-vinda lá. Nem é o caso de discutir se eles estavam certos ou errados, porque apesar de eu ter me sentido excluída lá dentro daquele bar, bastou eu pisar do lado de fora e magicamente o mundo todo me acolhe, aceita e acha que eu mereço estar onde estou. O mundo todo me deixa viver em paz porque a minha pele é “da cor certa” (branca rosa Peppa).
(Sem deixar de lembrar que por ser mulher, mesmo sendo branca, jamais estarei em completa paz e tranquilidade no meu ir e vir, mas é outro post esse assunto)
Racismo é um fenômeno institucional, presente de forma estrutural. Foi isso que eu não entendi naquela ocasião: me senti excluída e hostilizada numa situação PONTUAL. A sociedade não me exclui e hostiliza por causa da minha cor; aquele grupo de pessoas naquele local naquela hora me fez sentir assim, E SÓ.
Racismo reverso não existe. Usar isso como desculpa pro seu sentimento de exclusão é ignorância e desrespeito a quem DE FATO passa por isso todo dia toda hora a vida toda.