Front

Prometi que não ia entrar nessa treta da transfobia ou não da JKRowlin, então vou tentar simplificar meu entendimento sobre a questão das mulheres trans e o feminismo:

Mulheres trans devem ter seus direitos respeitados como cidadãs, e tratadas pelo gênero com o qual se identificam. Sabemos, em especial no Brasil, que essas mulheres não são respeitadas e mal conseguem sobreviver. Somos um dos países que mais matam mulheres trans no mundo, é um horror daqueles grandes e vergonhosos. Isso precisa acabar, essas mulheres têm direito à vida como todas nós.

A questão que se apresenta em alguns fóruns feministas, e causa controvérsia, é o quanto cabe ao feminismo e às mulheres cis (ou seja, que já nasceram identificadas como mulheres) lutar pela causa das mulheres trans e principalmente entender a diferença da experiência de nascer mulher.

É diferente. Não é melhor nem pior, só não é igual e não tem as mesmas implicações. Como mulher cis, não entendo a experiência de ser transgênero, mas entendo a experiência de ser uma mulher desde criança, e como isso afetou minhas escolhas, os obstáculos que enfrentei relacionados ao meu gênero, etc.

Não dá pra colocar tudo no mesmo balaio. Do mesmo jeito que não tem “um” feminismo que dê conta da experiência de ser uma mulher negra. É muito diferente e muito mais difícil, com obstáculos que eu nem sonho.

Sei que tem muitas mulheres que se sentem ignoradas e excluídas pelo feminismo, e é compreensível. O feminismo é cis e branco, em sua origem e nas esferas de influência. É real, não dá pra negar, e as mulheres negras são as mais excluídas do rolê.

As mulheres trans eu francamente NÃO SEI. Talvez tenham privilégios adicionais por terem nascido identificadas como homens? Talvez sejam ainda mais vitimadas pelo machismo? Não sei, mesmo. O que eu sei é que somos muitas, e podemos ter pautas diferentes, com focos diferentes. Isso é saudável.

O que não me parece saudável é nos dividirmos e nos tornarmos inimigas. Se for pra nos dividirmos, que seja pra conquistar. Cada uma numa frente, talvez, mas contra o machismo e o racismo (sempre).

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