Só as mães são felizes?

Assisti “a filha perdida” e tenho opiniões 藍藍藍

O que gostei: um filme muito bem feito, bem dirigido, com atores ótimos, em especial a protagonista maravilhosa. Primeiro filme dirigido pela Maggie Gyllenhall, sucesso total.

As cenas do cansaço das mães com a demanda das filhas são doloridas de tão reais. Otto nunca foi uma criança grudenta, mas sempre precisou de muita atenção e como bebê sempre foi de alta demanda. Mesmo com tarefas compartilhadas e ajuda externa, era cansativo. Não consigo imaginar dar conta de tudo sozinha.

Os desejos represados, frustrados, e a sensação libertadora de estar longe das filhas e voltar a ser “alguém” (além da “mãe”) — é tudo muito incômodo porque é verdade.

E a culpa, a culpa, a culpa. Anos depois, ainda pesando feito um mundo nas costas. Ser mãe é sentir culpa. E nem precisa que ninguém nos culpe, a culpa parece que vem junto com o bebê, e se instala pra sempre.

Só pras mulheres, claro.

História interessante, vale a pena ver.

(SPOILER!!!!!!)

O que não gostei: a patologização da protagonista. Ela é claramente alguém com questões além da culpa. Super mal resolvida com a mãe, e com sua relação com as filhas, com o mundo. E roubar aquela boneca, afe, pareceu filme de terror. Deu uma dimensão meio psicopata pra ela, que achei bem ruim porque reforça o estereótipo de que só uma mulher com problemas mentais deixa os filhos pro pai criar, mesmo que temporariamente.

E solitária, né? Claramente não muito feliz, meio ranzinza, a pura solteirona clássica, frustrada.

Gostaria de ver uma história sobre mulheres contraditórias e complexas sem transformá-las em caricaturas.

No mais, gostei e recomendo, nem que seja pra reviver e reconhecer esses sentimentos difíceis todos que fazem parte da maternidade e são tão pouco abordados. “A filha perdida” é, além da menina, ela mesma e todas as mães do mundo.

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