É inacreditável, eu completo hoje 5 décadas.
CINCO. Cinco vidas do Otto, em uma. Uma infância e adolescência, uma vida até os 30, outra até os 40, e agora essa, uma senhora.
Por que agora me sinto uma senhora, e não aos 48 ou 49? Que peso é esse do número 50?
(Que aliás sempre foi meu ideal de peso, HAHAHA! Fica pra próxima encarnação, talvez como pedra)
Mas fato é que é um peso sim. Eu queria dizer pra vocês que é lindo fazer 50, mas não é lindo, é forte.
Estou viva.
Minhas amigas mulheres de outras gerações morreram antes e muito, e chegaram aos 50 feito trapos de tanto ter filhos e trabalhar sem pausa, dia e noite, sem dinheiro ou reconhecimento.
E sem amor, porque só as mulheres jovens são amáveis. Nós, mulheres velhas, somos bruxas perigosas. Não somos mais brinquedos para os homens, precisamos ser contidas com todo cuidado.
Assumo então nesta data icônica minha porção Baba Yaga — a cada ano que passa me sinto mais eu mesma, mais poderosa, mais capaz, e com desejo ardente de mudar o mundo.
(Eu serei a velhinha carregando cartazes nos protestos. Podem contar comigo!)
Os 50 são pesados porque já não podemos mais ser mães; deixamos de ser objeto, passamos a ser sujeitas. Mulheres livres são um perigo — pois sejamos.
Mulheres amadas — que a passagem de vocês para a idade da bruxa seja mais doce que a minha, que vocês pisem mais leve na estrada pavimentada por todas nós rumo à liberdade.
Feliz dia de ser mulher, para nós que estamos vivas e livres. Nem todas têm esse privilégio.
Me abracem, que essa transição é potente e bonita, mas derruba.
❤️