Acho muito útil a discussão autor vs. obra, e o que fazer com obras desconectadas do tempo atual.
Essa música é lindíssima, e na época em que foi lançada (1975) talvez tenha sido lida como uma música romântica. Eu digo TALVEZ porque realmente não sei como as pessoas interpretaram, eu era criança. Sempre interpretei como uma música de conflito interno: esse cara me trata feito uma escrava e eu AINDA gosto dele.
O nome da música, especialmente dentro dos diálogos que Chico faz entre suas canções, é bem claro: SEM AÇÚCAR. Ao contrário da outra canção relacionada, “Com açúcar, com afeto”, em que a infeliz decide aturar a falta de noção do marido, cheia de amor e perdão, essa aqui tá claramente numa situação mais complicada.
Como tantas canções do Chico, acho que essa simplesmente conta uma triste história de abuso. Lindamente, o que acaba abrindo espaço pra romantização de uma situação horrorosa, verdade.
Ainda amo, e hoje ouço como história triste (como Meu Guri, por exemplo).