Da escravidão à prisão

Nos últimos anos tenho seguido cada vez mais pessoas pretas, de todo tipo de perfil, pra entender como posso ser mais útil na luta antirracista. O que tenho certeza é que jamais serei passiva — racismo não é opinião, e deve ser ativamente combatido.

Isso dito, vários perfis que sigo se esforçam para evitar abordar as questões raciais trazendo à tona o massacre sofrido pelos negros sequestrados e escravizados, e preferem falar da rica cultura africana e dos feitos das pessoas negras. Adoro, porque aprendo muito e me surpreendo com a nossa ignorância sobre o assunto.

Segunda-feira aqui é dia de Martin Luther King, ativista pelos direitos civis das pessoas negras. Aproveitei e vim com a querida Claire para o Alabama, onde estão 2 museus muito impactantes — National Museum for Peace and Justice, e The Legacy Museum.

Ambos são difíceis de visitar, porque expõem o horror não só da escravidão em si mas também o que veio depois: a segregação institucionalizada, muito bem representada pelos atos de linchamento de pessoas negras, sem consequência alguma para os linchadores. As pessoas brancas simplesmente decidiram que em função da cor da pele, os direitos seriam diferentes, mesmo após o tráfico de escravos de FORA DOS PAÍS ser criminalizado. O tráfico interno (do Norte para o Sul) continuou legal por muitos anos, e bastava ser preto pra estar sob risco de sequestro para ser vendido no Sul.

Chorei várias vezes hoje, e por mais difícil que seja ver / ler sobre essa parte da história, precisamos confrontá-la. Não porque nós neste momento sejamos culpados, como brancos, mas porque ainda gozamos dos privilégios comprados às custas dos negros, e eles ainda sofrem as consequências dessa história.

Dói, essa ignorância, mas aprender é o MÍNIMO que podemos fazer. Aprender pra entender que as cicatrizes são fundas e persistem.

Se um dia passarem por aqui, preparem os lenços e venham.

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