catando a poesia que entornas no chão
carrego seu coração comigo (eu o carrego no
meu coração) nunca estou sem ele (onde quer
que eu vá você vai, minha querida; e o que quer que seja feito
somente por mim é feito por você, minha querida)
não tenho medo
do destino (pois você é meu destino, minha doçura) não quero
o mundo (pois você linda é meu mundo, minha verdade)
e você é o que qualquer lua tenha sempre significado
e o que quer que um sol cantar será sempre você
aqui está o mais profundo segredo que ninguém sabe
(aqui está a raiz da raiz e o broto do broto
e o céu do céu de uma árvore chamada vida;
que cresce
mais alta do que a alma pode ter esperança ou a mente pode esconder)
e essa é a maravilha que mantém as estrelas separadas
carrego seu coração (eu o carrego no meu coração)
(tradução minha para poema de e.e.cummings)
*
publiquei minha tradução, embora a tivesse mandado pra ele há algum tempo — que aliás traduz muito melhor que eu, não tenho dúvidas. não tenho grandes dificuldades com inglês, mas cada vez mais me convenço de que traduzir é uma arte, que precisa de sensibilidade e talento (que eu não tenho o suficiente, basta ler minha tradução meramente funcional do poema).
gostei muito da idéia dele de anti-tradução. não sou boa com traduções de um idioma para outro, mas acho que tenho traduzido muito bem idéias e sentimentos, principalmente os meus. de quebra, acho que tenho sido boa interlocutora, auxiliando os que me cercam a perceber melhor seus próprios sinais. não que isso seja sempre bom, sabe. algumas vezes quase escuto os gritos furiosos: kill the messenger!, e me resigno na observação silenciosa dessa torre de babel que me cerca.