mondo canis sarnentus

eu tou ficando velha e chata. ok, mais velha e mais chata. o fer diz que eu sou um bicho muito brabo, mas eu não acho: eu sou boazinha! eu digo bom dia, boa tarde e boa noite, eu sorrio para as pessoas que me atendem, peço por favor e digo sempre obrigada. mas tem certas coisas que não dá, sabe. fulano saindo do estacionamento do prédio, porta automática, porteiro 24h: o cara buzina antes mesmo do infeliz ter a oportunidade de vê-lo e então abrir o portão. foda-se que são 6 e meia da manhã e tem gente ali dormindo, que o cara da portaria não tem obrigação de ouvir buzinada na orelha e que buzinar sem necessidade é falta de educação. tá, eu acordei cedo e pode ser puro mau-humor mesmo.

mas aí lembro que ontem eu cheguei cedo em casa, fui zapear a TV enquanto comia um lanche. zap, zap, zap, chego naqueles programas medonhos de jornalismo-mundo-cão e vejo aquele hediondo que tinha programa no rádio e fala daquele jeito parece-EN-ndo-O que-E tá-Á ten-do-O um-M ata-que-Ê (qual o nome do desgraçado? esqueci ou nunca soube, graças a deus) descrevendo uma cena de crime — enteado que matou padrasto e escondeu no sofá (e eu imaginando aquelas cenas surreais de desenho, quando o personagem descobre a avó perdida no cantinho do sofá) — e discorrendo sabiamente sobre a bobagem que é matar alguém e manter em casa. o CHEIRO, gente! o cheiro denuncia, que coisa. aí mostra o sofá ensangüentado e eu mudo, indignada. meu deus, que absurdo esses programas da TV grátis, quem vê isso?

bom, um incêndio me chama atenção na TV, é na mooca (meu bairro!) e o programa é da BAND, acho. um tal de datena (minha mãe sempre fala dessa figura — tá aí, quem vê essa tranqueira! é a minha mãe!!) que é tratado como autoridade pelos repórteres e com muita deferência pelos bombeiros. o tal datena fazendo os comentários mais idiotas da face da terra enquanto os bombeiros lá no meio do fogo tentam apagar o incêndio. “olhem a tentativa heróica do senhor no sobrado, jogando água com balde” e o bombeiro chefe “sim, é uma situação de alta periculosidade” (periculosidade não!!) e eu vendo o cara no sobrado (que não é um senhor, mas um rapaz de cabelo descolorido tipo “belo”) jogando água de balde num incêndio monstruoso.

pra resumir a ópera, o incêndio foi controlado em poucos minutos, para óbvio desapontamento do tal datena. ele conseguiu achar um “novo foco” de fogo, com direito a helicóptero focando e tudo, num pedacinho do telhado. coisa que um paninho de chão em cima abafaria, mas ele já transformou em novo foco. é nojento como esses caras gostam da desgraça, esmiúçam cada pedaço dela e as pessoas adoram, torcem, comentam. por quê?

fiquei enojada, e percebi uma coisa curiosa: não tem muita diferença entre locutores de jogo de futebol, fórmula 1 e comentaristas de desgraças ao vivo. todos eles ganham (e bem) pra nos convencer que aquilo que estamos vendo é a coisa mais interessante do mundo, que é caso de vida e morte, almas e honra estão em jogo. princípios espirituais são debatidos, reflexões sobre o sentido da vida são desfiadas em meio a frases feitas, até a próxima desgraça ou a próxima copa, o que vier primeiro.

eu quero TV a cabo que só tenha cartoon network, sexyhot, discovery channel (programas de animais IRRACIONAIS, só), programas culinários e aquele de redecoração de casas, que eu amo. ah, e um jornal que só tenha quadrinhos, horóscopo e programação de cinema. é pedir demais?

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  1. Gil Gomes? É aquele que fica com a mãozinha-A girando-O enquanto fala-A? Ninguém merece…

    Amore, tu tá com mais sorte do que eu que quando liguei a TV no Cartoon Network tava passando maratona de Cavaleiros do Zodíaco. AAARGH!

  2. Pois eu não. UMA HORA E MEIA de animação mal feita — não, Chihiro tem estilo, aquilo é mal feito mesmo; cinco quadros e eles fazem 10 segundos de desenho — e mitologia barata. Cada vez que eu voltava pro canal, ou tinha alguém morrendo, ou tinha alguém ressucitando, prestenção. Pokémon é melhor que aquilo. 😛

  3. Sim Gil gomes! e qual era bordão dele no rádio, lembram??

    Giiiiiiiiiiiiiiiiiiillllllllllllllllllll Gomeeeeeeeeeeesssssssssssssss lhes diiiiiiiiiiiiiiiiiizzzzzzzzzzzzzzzzzzz…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..bom dia.

    rs…

    Vc me faz lembrar de cada coisa…

    Beijo!

  4. vão c ktar gil gomes é o maior!!!!!

    Ha muitos anos, ele é líder absoluto de audiência no radio com seu programa policial. E a razão do sucesso é a facilidade de comunicação que tem. ” Falo ao microfone como se estivesse conversando. Ha um contato direto com o publico, a gente vibra, se emociona. Conto cada caso sob o impacto que me provoca. Sem sofisticação. O pessoal tem que entender que ser popular não é se vulgar. Ha tanta demagogia neste pais que quando você fala ”povo” parece palavrão, e não é nada disso ”. Mas, se lidar com o crime, diariamente, não fez Gil Gomes ” policial ”, deu-lhe alma de justiceiro, como diz. Sempre em busca da verdade ele e sua equipe já desvendarem centenas de homicídios, desaparecimentos e ate seqüestro. Foram vitimas de inúmeras tentativas de morte ( coisa que já virou rotina ). Hoje, o rapaz paulistano que queria ser medico, é o maior salário do radio brasileiro, recebendo vários milhões de cruzeiros por mês, um preço considerado justo ao seu talento. Faço questão de ser bem pago. Quando parar com tudo não quero empreguinho na portaria das emissoras em que trabalhei. Estou tirando o máximo, pois trabalho muito. Não tenho ferias, nem feriados ou fins de semana esticados. Chova ou faça sol, estou lã no estúdio, na batalha diária. Assim não tiro nada alem de uma parcela daquilo que as emissoras ganham comigo no ar, mantendo meus programas.

    ”O QUE ME IMPORTA É A PESSOA ENVOLVIDA NO CRIME E NÃO NO FATO”

    Gil golmes hoje esta com 60 anos.

    Mais do que Repórter, Gil Gomes se considera um contador de historias. ” Minha profissão é a segunda mais antiga do mundo. Na Grécia já existiam contadores de historias, e hoje é a mesma coisa, só que tenho um microfone ”. As coisas que Gil Gomes transmite no entanto, são muito dolorosas. E se o radio e a TV minimizam em sus noticiários normais a dor que a violência e a morte provocam, transformando tudo em dados impessoais, em informações frias e distantes, Gil Gomes faz questão de mostrar a dimensão humana da tragédia. ” O fato não é tão importante, mas sim, a pessoa envolvida. Eu valorizo o ser humano contando detalhes que ninguém sabe de um fato, vou buscar os envolvimentos daquela pessoa, coisas da vida mesmo ”. Mas antes de entrar no jornalismo com tudo, a medicina chegou a povoar um pouco a cabeça de Gil. ”Tudo em minha vida é acidental. Eu ia ser medico, uma preferencia do meu pai e nessa época freqüentava a Igreja de São Judas Tadeu, no Jabaquara, onde era congregado mariano. Fizeram uma quermesse e fui escolhido como locutor . Acho que a partir daí, a medicina saiu por completo dos meus pensamentos. Comunicar passou a ser palavra de ordem para mim. Acabei indo então trabalhar na radio Progresso na Av. Liberdade,minha primeira emissora. Não havia ondas medias. Apenas curtas e tropicais. Depois fui para a radio Santo Amaro (hoje radio mulher), Difusora de Piracicaba, Excelsior, Difusora do Rio Preto (como locutor esportivo) e finalmente Marconi ainda como narrador de esportes. Ate que terminaram com as transmissões esportivas e passei para o radiojornalismo. Foi na Marconi que tudo começou. Ali nasceu o Repórter Policial Gil Gomes.” Narrar uma partida de futebol tinha sido o meu grande sonho desde os tempos de menino. Tinha sido assim .Acabei me tornando relativamente bom. Ate que por mais uma fatalidade, aconteceu a reportagem policial em minha vida. A radio Marconi acabando com a equipe esportiva me deu uma chance e para Marcos Abrantes ( na época repórter de campo ),no seu departamento de radiojornalismo. Assim instalados na emissora, que funcionava no antigo prédio Mendes Caldeira, aquele da implosão que ficava na esquina da Pça. Clóvis com Pça. da Sé. Um dia entrou um ladrão no edifício e tentou agarrar uma moça. Fiquei sabendo e fui fazer a matéria irradiando ao vivo,todos os acontecimentos ali das escadas. Descia degrau por degrau com o microfone na mão. Era uma nova e deslumbrante emoção. Logo todos ligaram no acontecimento e sintonizaram a radio. Quando tudo terminou, senti que aquele seria o meu novo caminho. Um programa policial ao vivo. Iríamos transformar as noticias em fatos a serem narrados,contados em detalhes no dia-a-dia da grande cidade. Com muita emoção e impacto, iniciamos nossa caminhada que já vai para 41 anos.

    ” É REVOLTANTE UM MENOR ASSASSINO NAO IR PARA A CADEIA”.

    De tanto conviver com o crime, Gil Gomes pode falar do assunto em todos os seus aspectos. Nascido e criado em São Paulo ( apesar de suas rápidas passagens por emissoras do interior ), ele acredita que a cidade não é mais violenta hoje do que há tempos atras. ” A única diferença é que não é mais vergonhoso falar a respeito. Atualmente a violência é moda”. Antigamente era mundo cão. É inevitável falar sobre suas causas e conseqüências. Acho que as raízes do crime são terrivelmente sociais e é o tipo da coisa que não tem remédio. Mas, se não se pode acabar com o crime, pode-se diminui-lo através de puniçoes.Se por um lado as causas levam a violência, por outro a impunidade só faz o mal aumentar. É revoltante saber que um menor de idade pode matar quinze pessoas e não ir para a cadeia. Ele vai par a FEBEM ( Fundação Para o Bem- Estar do Menor),onde foge no dia seguinte. Esse esquema falho. Ha necessidade de mais cadeias, mas que sejam como escolas, que ensinem aos marginais a sobrevivência longe da criminalidade. Gil, no entanto, é contra o atual sistema carcerário. As cadeias de hoje não possuem condições. São de anteontem. A colônia agrícola é uma aberraçao,porque profissionaliza o pessoal como lavrador, quando eles vem trabalhar nas cidades grandes. O ideal seria uma colônia industrial que proporcionaria mão-de-obra mais barata e especializada e os presos estariam lá dentro ganhando, e não simplesmente como verdadeiros párias. Na Casa de Detenção, eles passam jogando palitinho, futebol, vendo shows, assistindo televisão e no fim saem desapontados para a rua. O que fatalmente acaba por leva-los de volta ao xadrez. Para Gil Gomes, nossa justiça esta muito benevolente. ” Só para vocês terem uma idéia, em São Paulo existem mais de oito associações de assistência ao preso, coisa que a gente que quer aparecer, pois eu nunca vi uma assistência de amparo a família da vitima, mas a família do preso recebe.

    HOJE EM DIA SE MATA COM TREMENDA TRANQUILIDADE

    E Gil Gomes vai ainda mais longe. Ha muitos anos nossa policia deixou de agir. Hoje se mata com uma tranqüilidade tremenda. Só em 84 morreram de 300 a 400 bandidos em tiroteios com a policia, todos com 20 a 30 passagens pela cadeia. Isso não tem cabimento, Se um bandido tem 20 passagens e esta na rua , alguma coisa anda errada. Ou a policia prendeu errado ou a justiça soltou errado. Outra coisa que precisa acabar é esse negocio de indulto só porque o Papa veio aqui. Isso é desculpa porque as cadeias estão lotadas. Indulto só com reintegração. Alias, a prisão preventiva também deveria ser automática, pois não prender quem não é pego em flagrante, é um total absurdo. Toda essa visão do problema da violência fez de Gil Gomes um profissional mais sensível. ”Eu me impressiono verdadeiramente com o que acontece. As vezes ate chego as lagrimas, quando conto um caso desses sem sentido que acontece por aí. Todo esse envolvimento, essa maneira especial de narrar casos policiais, fizeram dele um homem especial e também o mais popular e caro radialista. ” Por que as pessoas se espantam tanto com meus salários, Se uma organização ganha, por que não pode pagar o que acho que mereço, Salários altos são uma necessidades que canalizam para os cofres das empresas grandes quantias. Acredito ate que os altos salários devam ser as reais necessidades para os grandes comunicadores. No radio da pena ver quem foi famoso em má situação financeira. Para que então seguir os exemplos dos artistas antigos. E Gil Gomes concluiu, Ganharao bem os que merecem ou o publico acha que merece. É bom para o radio. É bom para o radialista.

  5. Sr. Gil Gomes, estou fazendo um trabalho para a Faculdade Araguaia, em Goiânia-Go, referente ao Sr.

    A minha turma está criando um jornal e escolhi o Sr. para ser editado, pois desde garota ouço falar em suas narrativas policiais e também trabalho em rádio em um programa “Programa Ronda Policial”, na rádio Mil Fm, 102,9.

    Bom gostaria de ter uma narração policial, para ser editada em nosso jornal acadêmico, por favor.

    Já fiz varios rascunhos, mas nenhum chegou a sua altura.

    Desde já agradeço mui,

    Flávia Souza

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