hoje cedo, com 13 anos, morreu a cachorrinha lá de casa. o nome dela, inventado pelo meu pai, é xubilica. ela não era nossa, ela não tinha esse nome. ela foi nomeada xuxa por um bebê que devia ser dono dela mas que desistiu da idéia quando o brinquedo quando começou a ter vontade própria. ela foi então adotada pelos meus pais e rebatizada. ela ganhou um irmão-namorado — o dunda — e uma família. ela era pequenininha, daquele tipo salsicha, com patinhas de dinossauro. ela viveu firme e forte toda essa vida, sem nunca ficar doente, até hoje: adoeceu e morreu em poucos dias, com minha mãe e seu irmão-namorado ali do lado, velando por ela. ela nunca ficou sozinha, sempre foi amada. muitos de nós não podem dizer o mesmo.
há quem não entenda o amor dos humanos pelos animais. os que não entendem é porque nunca amaram bichos, não sabem o que é o amor sem palavras e sem cobranças. amor sem condição, sem chantagem, sem jogo. há quem diga que crianças são inocentes, mas não: são humanas, e por isso mesmo aprendem muito cedo o jogo da culpa, da recompensa, aprendem a chantagem, como todos nós adultos; é a nossa natureza. amar bichos é aprender outro tipo de amor: um amor de 13 anos oferecido a alguém como eu, que aparece de vez em quando e quando aparece, não dá atenção. amor oferecido sem pedir nada em troca e nas circunstâncias mais desfavoráveis.
o irmão-namorado, também de 13 anos, deitou aos pés dela, até ela morrer. e ficou triste, diferente de todo dia, nessa manhã. quantos de nós terão um humano sequer ao nosso lado quando morrermos?
estou com o coração pequeno pois hoje existe um pouco menos de amor disponível na casa dos meus pais e uma dor que só quem tem bichos entende. procuro lembrar do que meu pai, quando perdi meu furão-pastel, me disse: “os bichos quando morrem nascem de novo, imediatamente. seu furão já é um furãozinho nenê, não fica triste!”. gosto de pensar que a xubilica é um cãozinho nenê de novo, que acabou de (re)nascer.
Ô, amore… 🙁
Quando chegar em casa hoje, acende uma velinha pro seu São Chico de Assis prá ele cuidar da Xubilica.
Putz, Zel, chorei aqui.
Zel,
Eu tenho 34/5 anos…nunca havia sido dono ou convivido com a amizade e o amor dos animais. Desde outubro do ano passado sou o feliz dono de um cachorro (o Skip) que com seus poucos meses já mostrou, sem querer mostrar, que tudo o que vc falou sobre os bichos é verdade.
Mas vamos ficar com a frase antológica do seu pai, ok?!
Um beijo
guiga
ô querida, dói, né? fica boa.
snif snif… a Dolly aqui do meu lado manda uma lambida!
é, gentes, não é fácil né? esses pequenininhos fazem a nossa vida mais feliz. quando eles vão embora, dói.