blog climbers, o raio-X de uma espécie em proliferação

esse assunto apareceu entre um grupinho de “celebridades” do mundo blog — clau, paula e eu mesma. nós somos um nojo, é verdade, mas temos senso de noção: o que é ser celebridade em mundinho de blog, meu deus? é — como disse alguém — mais ou menos como ser miss minissaia do festival das flores de lambari, ou seja, nada. mas sempre tem os idiotas que juram que somos “famosas” e que isso serve pra alguma coisa. nós, é claro, não só não damos a menor bola pra esse tipo de conversa como concluímos que o “mundinho virtual” está cheio de “blog climbers”. explico.

sabe aquele negócio de coluna social, que neguinho paga pra sair na foto e tenta desesperadamente ficar amigo das celebridades do momento pra ter seu nome citado? esses são os alpinistas sociais; no mondo blog temos os “alpinistas blóguicos”, e deus me livre de saber o que move essa gente.

vou tentar iluminar um pouco seu modus operandi, quem sabe não salvo as próximas vítimas:

a) a celebridade-vítima é eleita: os critérios para eleição variam, mas geralmente a vítima eleita já deu entrevista em alguma revista/jornal/tv sobre blog e recebe muitas visitas diárias de ilustres desconhecidos. outro critério importante é ser um blog linkado em muitos blogs desimportantes — muitos desimportantes citando um desimportante específico determinam que esse desimportante subiu um degrau na escala de desimportância, percebem?

b) o blog climber inicia os trabalhos: a vítima começa a receber emails ou comentários com rasgação de seda desmedida, em geral elogiando em excesso o texto do blog ou ela mesma (que o climber desconhece). as vítimas acometidas de problemas de auto-estima ou puramente inocentes se emocionam com as manifestações de amor tão desinteressado e sucumbem, pobrezinhas. é como convidar vampiros para sua casa, todo mundo sabe o que acontece, certo?

c) as artimanhas do blog climber: logo que a vítima deixa uma fresta aberta, o climber pede pra ser linkado, como demonstração de amizade, algo como um pacto de sangue na vida real. é importante que você assuma sua “amizade” publicamente com o fulano, para que a comunidade de desimportantes perceba que ele foi eleito amigo do desimportante-promovido-a-celebridade. a tática mais comum, no entanto é dizer “olha, eu tomei a liberdade de incluir seu link no meu blog, então pode incluir o meu no seu também, que tal?”. sim, a promiscuidade é uma característica do blog climber, que não se importa de colocar todo mundo no seu.

d) estratégias alternativas: quando a celebridade caga e anda para as artimanhas ou simplesmente esquece de atender aos pedidos desesperados do climber, ele não se deixa abater — comenta todo e qualquer post, incluindo o link para o seu blog, na esperança que isso aumente seu índice de desimportância na escala blóguica. é essencial frisar que o blog climber, assim como todos os desimportantes, confere as estatísticas dos seus sites pelo menos 9 vezes ao dia. dados estatísticos são essenciais para um blog climber, que juntamente com clipping de citações em outros blogs compões seu “book”

e) o climber em desespero: apesar das insistências, nem sempre a celebridade vítima corresponde à altura esperada, e o climber se desespera. é comum vê-los deixar comentários sem o menor propósito, em resposta a emails ou conversas por telefone ou messenger (reais ou imaginadas). a idéia é convencer os demais desimportantes que eles têm intimidade com a celebridade: eles trocam emails! falam no MSN! falam ao telefone, vejam vocês! posts com ar de muita intimidade também são comuns mas menos efetivos que os comentários “amiguinhos”, afinal, o povão vai ler os comentários das celebridades e não o blog do desimportante.

f) a retaliação — quando nada funciona: pois que o climber já fez de tudo — ficou amigo do amigo da celebridade, mandou apresentação de power point com poemas do quintana, mandou aquela notícia quentíssima por email, enviou cartão virtual no aniversário e até descobriu o endereço da vítima para mandar flores e bombons (que foram recebidos com certo receio pela vítima — stalkers?!). mas, para desgraça dele, nada disso deu certo. nenhum link, nenhuma resposta em especial, nada! começa então a fase de separação de um casamento unilateral — o climber começa a odiar a celebridade-vítima antes assediada e, para disfarçar, faz pouco caso; comenta que “não sei o que essa gente toda vê em fulano…” ou faz-se de coitado, dizendo que “não sabe o que aconteceu… fulano não fala mais comigo!” e coisas dessa natureza. costuma escrever posts com indiretas que a vítima jamais lerá e é apoiado por climbers anteriormente rejeitados.

g) erro fatal — o climber é aceito como “amigo”: é o convite pro vampiro, e as conseqüências podem ser nefastas. climbers não querem amigos, eles querem virar celebridade, entenda isso. pra essa categoria, o importante é ver e ser visto (seja lá o que isso for no “mundo virtual”), sair em fotos para colocar no fotolog e colocar links para as celebridades ao redor das quais ele gravita. sempre sabe todas as fofocas do mondo blog e é o primeiro a repeti-las, em tom de segredo (“fulano só contou pra mim, hein!”). fala mal das celebridades-amigas pelas costas, especialmente para os elementos do mesmo naipe. geralmente dá em cima dos namorados/as das celebridades-vítimas (afinal, ser pivô de briga e ciúme é status) e afirma inocentemente que “olha… esse povo SE ACHA, dá uma de fino e é tudo barraqueiro! credo!”

at last but not least, o sonho de todo climber: ele próprio vira celebridade, dá autógrafo para a prima da vizinha do porteiro, é reconhecido na lanchonete das faculdades tabajara pelo nerd que cuida do lab e lança um livro sobre assunto tão desimportante quando ele mesmo.

(a continuar com uma análise das celebridades de blog — como vivem e se reproduzem)

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  1. Oi, Zel! Adoro seus textos! Puuuuxa, como você é famosa! Me linka? Menina, deixa eu almoçar na sua casa?

    hahahahahahahaha

    Ai, por deus, eu sou do tempo que blog era um diariozinho mequetrefe. Eu ODEIO quando me chamam por “Bia Apfelsine”, eu tenho nome, porra! hahaha

  2. Zelita:

    Lá no tipos temos sofrido com esse tipo de gente. Sempre tem um doente querendo virar celebridade. O pior é que no tipos, por ser uma comunidade de blogs e por todos os comentários aparecerem na home, os climbers descobriram uma excelente ferramenta para aparecer.

    Tem hora que dá vontade de jogar computador e celular no lixo e virar instrutor de pesca esportiva!

    Bah!

    Beijoca!

  3. puta merda, “bia apfelsine” é foda… *HAHHAHAH* chuta a boca, bia!

    dani, viu? quem manda ser celebridade? agora agueeenta!

    léa, duro é que eu escrevi esse texto pegando exemplos REAIS, tudo isso já aconteceu comigo! eu sou uma infeliz, mesmo 🙂

  4. Caí aqui pelo link do Liberal Libertário Libertino. Adorei seu post, está muito engraçado e informativo.

    Só uma dúvida “administrativa”: assinei o seu feed RSS pelo Firefox/Bloglines, mas não encontrei o link pra ele na página. Não seria o caso de colocar o link à vista?

  5. Zel:

    Celebridade? Eu? Hahaha Tás tola, nega? (lembra dos manezinhos da ilha? ho ho ho)

    Eu não sou celebridade. O tipos é que é muito mal frequentado.

    Mas tudo bem, nada que um ban-IP não resolva (sim, o nucleus, gerenciador de blogs que a gente usa, tem bloqueio de IP). Isso ajuda muito a manter os chatos à distância.

    Outra técnica muito utilizada por mim é o terrorismo nos comentários.

    Consiste em alterar o texto que o maluco de pedra postou. É bem divertido e deixa o cara puto.

    Ex:

    “Vc é um idiota!

    por chico bento às 19:15”

    Eu mudo para:

    “Sabe, eu vim aqui pra te xingar de idiota porque não gostei do que vc escreveu. Mas, pra ser sincero, eu que sou um idiota, além de inseguro e mal comido. Desculpe incomodar e por usar este espaço para este singelo desabafo. Vou me jogar da janela agora. Tchaaaaaau!

    por chico bento às 19:15”

    Sempre funciona! HE

    Beijoca!

  6. Acho que já passei de raspão por uma fase climber!

    Eu vivia vendo os logs pra saber quem visitou meu blog , só que eu procurava o ip de conhecidos, porque eram eles que eu queria que lessem e não os errantes.

    Apesar de que eu caí de paraquedas aqui e não saí mais (quase que diariamente). Achei o delícias pelo blog da ana beskow e o seu pelo DC.

    Fiz blogs e deletei-os, e agora é delicioso ser uma quase anônima no “mondo blog”

    Você e seus textos são demais! 😉

  7. Interessante o post. Essa questão da fama momentânea, tão bem definida pelo maravilhoso Warhol, é o bem do consumo mais “in” dos tempos modernos. As pessoas não querem mais apenas casa, carro importado, e namorado(a) modelo(a), ou produzir algo útil para o mundo. Não basta desfilar com esses itens para 1/2 dúzia de pessoas. Você tem que mostrar ao mundo. Só que aí as pessoas acabaram se esquecendo do último item – produzir algo de bom, e em tempos de vacas magras, qualquer coisa serve para virar estandarte e aparecer, incluindo um amigo cool e in. A questão é que com a virtualidade as fronteiras foram derruabadas e todo mundo acha que é seu amigo. E tem muita gente que adora ser bajulada e ter de preferência, milhares de “amigos”.

  8. Putz, valeu a recomendação da Dani. E, olhe, confesso-me incapaz de entender isso: como alguém pode ser tão patético a ponto de invejar o “sucesso” de um blog? Ainda se eu fosse colunista da Folha ou apresentador da GNT vá lá, ao menos a pessoa mostraria possuir algum resquício de ambição, mas… blog? É o cúmulo da falta de perspectivas de uma vida.

  9. Hahahahaha… Adorei isso!!!!

    Estou pior que o Inagaki, já fui esculhambada por um climber do sexo oposto e não por uma climber mulher. Até questionei-me nos meus entrevados devaneios, se o tal não seria uma drag queen enrustida e que ainda não havia descoberto o seu íntimo desejo feminino. No final da história, não entendi se ele queria audiência, se queria chamar atenção, se queria ser linkado, ou se morria de dor de cotovelo por não ser mulher… ^-^

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