vacas, tetas e asnos

vocês conhecem o movimento literatura urgente? pois deviam.

como sou gente boa, vou resumir pra vocês o blá-blá-blá: é uma lista de losers esmolando nosso dinheiro usando o maior atravessador que existe no mundo moderno: o governo. quanto à política de impostos, eu penso no governo mais ou menos como aqueles pais que levam seus filhos pro farol, bem molambentos, vendendo bala. o pouco que o infeliz-mirim ganha, os pais pegam (afinal, são os adultos responsáveis que sabem como fazer melhor uso do dinheiro) e gastam tudo no bingo.

pois então: o que nossos amigos escribas estão pedindo é uma esmolinha por favor. afinal, ao invés de gastar no bingo ou no bar, por que não gastar com eles?

eles podem dinheiro (em espécie ou em forma de passagem aérea e estadia, vejam bem) em prol do fomento de whatever-it-is (quem usa a palavra fomento devia ser abatido a tiros, digo eu). mas uma coisa não se pode negar: eles estão, antropofagicamente, reinventando a cultura popular. vejam que talento:

eu podia estar matando, eu podia estar roubando, mas estou só pedindo um dinheirinho!

transforma-se em:

Também não é difícil perceber que, quando as condições para a criação e a circulação da arte e da cultura sofrem um processo de estrangulamento, logo se nota um empobrecimento das relações humanas. Daí para o desencanto, a paralisia e, em grau mais acentuado, a barbárie, são apenas alguns passos. Largos, por sinal.

muito bem: todo mundo quer mamar na teta, eu também! inclusive, se esse negócio for aprovado, vou virar escritora, publicar meu livro de contos eróticos em prol do orgasmo e da reengenharia da sexualidade humana para alavancagem do prazer latino-americano. tudo isso, é claro, para atrasar a chegada da barbárie ao brasil — ela, a dona barbárie, está neste momento passando sua temporada de verão em ibiza, mas tem planos de visitar a amazônia.

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bom, e tem mais gente metendo a boca, adorei todos: libertáriolibertino, polzonoff, marcurélio, mercuccio.

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  1. Hm… são bons pontos de vista. Mas assim como o manifesto demonstra falta de noção da realidade, acho que eles pecam pelo extremismo. Por exemplo, no texto do Janer Cristaldo ele enfia num mesmo pacote o manifesto dos escritores, o ato na Assembléia Legislativa, os cineastas e até a briga de uma suposta ONG que era contra a construção de uma barragem nos arredores de Curitiba, tratando a cidade como vítima da região onde ela está inserida — eu particularmente acho que é sempre o contrário, mas tudo bem —, como se o fato de deles envolverem dinheiro público tornasse seus focos todos iguais.

    Enfim, falamos de dinheiro, sempre. Eu acho, sim, que o Estado deve destinar parte da sua verba à viabilização da Cultura no país, mas de baixo pra cima, viabilizando ANTES o acesso à cultura, a educação e formação cultural da população — o que podeira muito bem a longo prazo aumentar o público e tornar a produção cultural mais viável —, e DEPOIS o financiamento de produções, ainda mais quando têm caráter elitista ou pseudo-social.

  2. bom, gui, tratando-se de cinema e literatura, é preciso ter dinheiro pra ir ao cinema e comprar livros, isso pra não falar de aprender a ler 😀

    quanto às misturas de alhos com bugalhos… well, as pessoas são assim: estranhas 🙂

  3. Caros,

    Sou filha da escritora Elvira Vigna. Estou correndo a internet para notificar os sites que falaram do assunto (inclusive o próprio Gilberto Gil) que a assinatura da minha mãe na maldita (e absurda) carta “Temos fome de literatura” é falsa. Este é um endosso FALSO. Esta carta e este movimento FALSIFICARAM as assinaturas.

    Como se não bastasse não ter endossado esta carta, minha mãe (e eu) é radicalmente contra esta idéa estapafúrdia.

    Ainda estamos cuidando da parte jurídica da coisa mas quero pedir ajuda a todos que divulguem este fato.

    Não voltarei aqui para acompanhar e portanto se alguém quiser conversar a respeito, atendo no vignamaru@gmail.com.

    Desde já agradeço a ajuda de todos.

    Obrigada,

    Carolina.

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